Quatro.

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Stênio acordou bem cedo naquela manhã. Diferente do dia anterior, já podia sentir o cheiro de café e pãozinho assado. Creusa havia voltado. A noite passada havia sido regada de risadas e filmes infantis, as mais novas acabaram dormindo esparramadas no colo dos pais que as levaram para seu quarto. Stênio preferiu ir para o quarto de hóspedes e Helô não tentou convencê-lo do contrário. Precisavam de espaço e tempo para pensar.

A noite acabou com Helô agarrada no travesseiro do marido e Stenio se revirando na cama solitária e vazia. Após uma noite mal dormida e desconfortável, ele se levantou da cama que não era a sua, do quarto que não era o seu e foi em direção ao quarto que dividia com Helô, entrou rapidamente para que Creusa não visse e não o enchesse de perguntas. 

Helô já estava acordada. Saia do banheiro, havia tomado banho. Podia sentir o cheiro gostoso que emanava da pele dele. Tinha vontade de se aproximar e cheirar, encher sua pele de beijos. 

Mas não o fez. 

Ela vestia um robe preto e uma toalha enrolando os cabelos na cabeça. Linda. Natural e linda. A pele ainda avermelhada pelo calor do banho e a carinha de sono ainda presente.

— Bom dia! – Stênio a cumprimentou primeiro.

— Bom dia! – Ela devolveu o cumprimento com a voz mais rouca que o esperado. Pigarreou. – Creusa já voltou?

— Já sim. 

— Hm. – Murmurou saindo em direção ao closet.

— Helô, espera! – Segurou o braço dela de leve. – Só… não conta nada pra Creusa e nem para a Drika. – Suspirou. – Não gostaria que tivéssemos algum tipo de influência.

— Tudo bem. – Suspirou. – Não vou dizer nada. 

— Obrigado. – Deu um meio sorriso e fez carinho no braço dela.

— Er… vou me arrumar. – Se desvencilhou do toque dele e se trancou no closet.

Stenio soltou um suspiro frustrado ao observar a mulher se afastar. Imitando o gesto dela, se trancou no banheiro a fim de se arrumar para mais um dia de trabalho. 

Se olhou no espelho e não se reconheceu. Seus olhos tinham olheiras profundas, sua barba e cabelo estavam maiores do que ele costumava usar. Estava desleixado. Precisava dar um jeito nisso. Tomou um banho rápido, escolheu um terno bonito, se perfumou e foi tomar café com Helô. 

A mulher ainda estava de robe, evidenciando que ficaria em casa naquela manhã, seus cabelos estavam soltos e ainda úmidos, usava seu óculos de grau enquanto lia algo no celular, mas abaixou a tela quando o marido se sentou ao seu lado. 

— Bom dia Dotô Stênio! – Creusa cumprimentou o homem ao colocar os pãezinhos açucarados na mesa.  – O sinhô resolveu trabalhar mais tarde hoje?

— Fiquei para tomar café com a Helô. – Piscou para a esposa. E a senhorinha sorriu em aprovação.

— Fez bem, visse! – Sorriu contente. – Olha, vou já preparar o café das piquititas, que daqui a pouco elas acordam feito dois leõezinhos. – Riu e se fechou na cozinha. 

— Creusa é uma figura. – Stênio comentou rindo e Helô concordou. – Vai ficar de manhã em casa? 

— De manhã eu fico com as meninas Stenio. – Falou em obviedade. – Só trabalho à tarde.  

— Eu esqueci. – Sorriu amarelo. – Desculpa.

— Tudo bem! – Bufou. – Percebe que você não sabe nada da minha rotina? – Atacou.

— Então me ensina… – Pediu e a mulher enviou os olhos.

— Saberia se agisse como meu marido. 

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