Alguns anos se passaram, mas ainda consigo lembrar de tudo aquilo de forma lúcida. Os gritos ainda assombram meus sonhos.
Cinco longos anos se passaram, implorei todo esse tempo para mudar de cidade e agora finalmente pude me livrar daquele lugar. Fui matriculada em uma nova escola e com uma nova psicóloga, mas ainda me lembro bem das conversas que tive com Jackie.
- Lili, pode me dizer o porquê de ter começado a fazer terapia?
- Meus pais se recusaram no início achando que eu esqueceria isso com o passar do tempo, por eu ser muito nova, até que decidirem que eu deveria começar a ir a um psicólogo.
- Seus pais me falaram de alguns acontecimentos em que você agiu de forma agressiva. Pode detalhar eles para mim? - ela disse enquanto pegava seu caderno de anotações.
- Lembro do meu aniversário de dez anos, meus pais me falaram que eu havia cortado a garganta do cachorro do meu tio.
Jackie levantou o olhar e soltou o lápis.
- Me contaram que eu estava ao lado do corpo dele com uma faca de cozinha.
- Lili, por quê você cortou a garganta do cachorro com uma faca?
- Não tenho uma resposta para isso, lembro que estava feliz comemorando meu aniversário, mas estava tomada por uma vontade de matar alguma coisa com minhas mãos
- É sua primeira vez em um psicólogo?
- Sim. Você está vendo isso?! - falei assustada ao ver um homem morto ao lado de Jackie
- A que se refere Lili? Tudo que vejo é meu consultório.
- Não está vendo seu marido morto do seu lado?
- Marido morto? Ele não morreu, de onde você tirou isso?
- Esqueça que eu disse isso, não é relevante.
- Ok... Aqui diz que você foi encontrada com a boca suja de sangue naquele dia, isso é verdade?
- Sim, ainda lembro do gosto. Era doce e saboroso de certa forma. Haviam dois corpos e um rio de sangue onde eu estava, percebi que grande parte dos órgãos de Trevor e Gael estavam fora de seus corpos. Apenas alguns momentos após ouvi o som alto da sirene de polícia, depois disso desmaiei. Graças ao alto barulho das sirenes, senti o sangue descendo dos meus tímpanos.
- Você viu mais alguma coisa naquele dia Lili?
- Se eu vi? Eu posso falar tudo o 'que vi naquele dia, e você me chamaria de louca.
- Lili, quando eu me formei, me fizeram entender bem as regras. Eu não ninguém para julgar ou muito menos espalhar seus segredos. Qualquer coisa que você falar ficara preso neste caderno- falou mostrando as anotações
- Bom, lembro-me de ver alguma coisa com um sorriso medonho olhando para mim.
- Poderia descrever como com mais detalhes?
- Claro, era uma sombra escura e alta, ela me olhava de um jeito que me fazia querer morrer.
- Por qual motivo me diz isso Lili?
- Pouco tempo depois disso fomos até o lugar em que me encontraram junto aos corpos de Gael e Trevor.
- Ok, Lili. Obrigada por compartilhar isso comigo, nos vemos na semana que vem.
- Até, obrigada pela consulta.
- pode deixar a porta aberta- falou, logo depois falando o nome de outro paciente que estava esperando para entrar.
Voltei para casa. Assim que entrei meu gato começou a se esfregar em minhas pernas. A casa estava silenciosa, então deduzi que meus pais ainda estavam no trabalho.
Tomei um banho e fui até o sofá assistir as notícias e brincar com Chester, meu gato no qual eu havia adotado a quase um ano. Sentei-me no sofá e liguei a tv, Chester estava deitado em meu colo ronrronando.
Não havia nenhuma novidade de acordo com o que passará no jornal, apenas o de sempre; roubos, acidentes e um garotinho que tinha desaparecido. Nada de mais, ouvi então a campainha tocar. Era o carteiro, abri a porta para conversar um pouco com ele e pegar as cartas.
- Bom dia Lili, tem uma carta para a senhorita.
- Uma carta para mim? - falei surpresa, as correspondências sempre eram dos meus pais.
- Sim, aqui diz que é de alguém chamado Jonh.
- Jonh?
- Sim, aqui suas cartas.
- Obrigada, tenha um bom dia.
Não pude acreditar. O 'que meu primo iria querer falar comigo? Até 'porque, era bem mais simples ter me ligado. Isso o polparia o tempo de esperar uma resposta minha.
Abri a carta e comecei a ler:
"Lili, sei que você está bem ocupada nesses últimos dias, mas queria dizer que estou indo te visitar.
Beijos, seu querido primo"Comecei a pensar o 'que aquele idiota queria que era tão urgente. Não deveria ser nada de mais, já que a última vez q nos vimos foi quando tínhamos cinco anos. Lembro-me muito bem que naquela época ele era o perfeitinho da família, já eu, apenas via um babaca que se escondia com uma máscara de culpa e receio.
Um dia ele me empurrou dentro de casa, então eu bati minha cabeça em uma cômoda no quarto onde dormíamos, minha cabeça começou a sangrar, com raiva me levantei rápido e quebrei o braço do desgraçado. Quando nossos pais chegaram, ele colocou toda a culpa em mim.
Será que ele se arrepende e quer pedir desculpas? Acho que não, tudo o 'que posso fazer é esperar. Quando meus pais chegaram contei a eles que Jonh estava vindo nos visitar. Depois de uma semana ele chegou.
Nossos pais estavam conversando sobre trabalho, contas e seus empregos, além de como era o comportamento de seus chefes com eles.
Eu e Jonh sentamos no sofá e começamos a conversar, por mais incrível que pareça, ele não parecia mais ser um estupido.
- Desculpa Lili, eu fui um babaca com você quando éramos crianças, me arrependo de tudo agora.
- Oque? Depois desse tempo todo você finalmente mudou sua atitude não foi? Estou surpresa com isso, desculpas aceitas primo.
Perguntei se Jonh poderia ficar uns dias em nossa casa, meus pais responderam que sim. Arrumamos as coisas para que ele pudesse dormir, mas algo parecia estranho nele, como se pretendesse matar alguém a qualquer momento. Eu estava certa, antes que eu dormisse o vi vindo até mim com uma faca.
- Sua idiota, eu vou te matar agora, você não merece viver.
Levantei rápido e por pouco desviei do golpe com a faca, começamos a brigar até que meus pais chegaram. Assim que eles entraram, Jonh os olhou com ódio, e tentou mata-los. Peguei um bastão que havia no meu quarto e bati com tudo na cabeça dele fazendo-o desmaiar, meus pais contaram tudo o que tinha acontecido para os meus tios. Jonh foi levado às pressas para o hospital, quando recebeu alta o colocaram em um hospício.
Todos achavam que ele estava louco - ou que era apenas um problema. - Mas eu sabia a verdade, ele queria me encontrar apenas para poder me matar.
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My Cursed Life
HorrorDepois de diversos acontecimentos qual a traumatizaram e a fizeram perder a empatia, Lili, uma adolescente qual não sabe o motivo de tudo isso ter acontecido com ela. Decide buscar respostas e sua vingança.