capítulo 3 𝐏𝐞𝐬𝐚𝐝𝐞𝐥𝐨

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𝐏𝐞𝐬𝐚𝐝𝐞𝐥𝐨

Foi uma reunião longa, uma reunião longa e desgastante. Lavínia não fazia idéia de quantos minutos ficara escutando os anciões debaterem se de fato o terremoto foi natural ou causado por forças externas, seus olhos subiam do gélido piso até os luxuosos lustres e se algo saiu dali foi a paciência dela que se esgotou nas primeiras duas horas. Naquele momento o jardim lhe pareceu o melhor lugar do mundo. Deitou-se na grama não se importando se pareceria uma dama ou não, estava esgotada.

- Pelos deuses!

Os raios solares brilhavam em seu rosto destacando a intensa cor de seus olhos. Era uma visão digna de uma pintura, foi isso que Adrian pensou, já que o mesmo estava sentado no segundo galho da árvore na qual Lavínia aproveitava para descançar. Adrian pensou que jamais vira alguém como ela, não em beleza mas sua excentricidade em ser uma "dama" e sua coragem em lidar com os anciões. Teve de se curvar mais um pouco para enfim conseguir ser notado pela jovem Lombardi.

- Adrian Salvare - ele a olhou e sorriu, seu nome não parecia surtir o mesmo efeito que nas damas comuns da sociedade.

- Senhorita Lombardi, é um prazer revê-la.

Lavínia se levantou tendo em mente de que naquele momento parecia tudo menos uma senhorita. Ajeitou seu vestido enquanto o lorde da Torre Mágica apenas pulou de onde estava, o que fez a mulher reparar quase de imediato o quão alto ele era em comparação a ela.

- Ahem! para mim também é um prazer rever o mestre da Torre.

- Cortemos as formalidades.

Lavínia sentiu uma inquietação pelo modo como os olhos vermelhos como o inferno lhe encaravam. Estava prestes a arranjar uma desculpa para sair de lá quando Adrian estendeu sua mão fazendo com que uma flor de água aparecesse em sua mão.

- Senhorita, poderia lhe perguntar algo?

Ela apenas concordou não entendendo o motivo dele fazer tal truque em sua frente.

- O que vê?

- Uma flor? Uma rosa.

Adrian percebeu, ela estava intrigada, talvez curiosa? De fato, Lavínia obsrvava a flor como quem estudava o universo.

- És tu - seus olhares cruzaram, uma completa confusão em seus olhos e uma curiosidade crescente em sua cabeça.

- A senhorita me pareceu como uma rosa em meio ao deserto durante a reunião e agora mesmo sinto a energia que só uma flor poderia exalar.

Por alguns segundos Lavínia pensou que aquilo seria uma cantada da parte do homem, até que uma informação antiga atingiu seu cérebro, o mestre da Torre de Magia e Bruxaria era capaz de ver energias. Deixou com que um sorriso lhe escapasse, ela poderia ser tudo menos uma flor, com esse pensamento em mente seu sorriso se transformou em uma risada.

- Eu vejo que lhe agradou a descoberta - balançou a mão e a rosa desapareceu.

- Foi uma descoberta inesperada. - teve de confessar, o homem virou de costa e estendeu a mão.

- Me acompanha?

- Seria um prazer.

E uma manhã se passou. Já no final da tarde Lavínia lia um livro em sua sacada, o dia corria tranquilo e aquele era um bom sinal. Lembrou-se dos últimos anos e de todas os companheiros que perdeu durante a guerra, era uma memória difícil de esquecer. Sua porta foi aberta e seu irmão entrou.

- Nia, o papai está chamando todos.

- Sobre o que é? - respondeu ao mesmo tempo em que se levantava, viu seu irmão negar e colocou o livro na prateleira onde pertencia.

𝐂𝐎𝐑𝐕𝐎𝐒: 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐒𝐀́𝐆𝐈𝐎 𝐃𝐄 𝐆𝐔𝐄𝐑𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora