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Anos atrás.....
Saio do Jeep, batendo a porta com força.
Quem o Pedri pensa que é?
Um cretino, tenho certeza. Se ele acha que eu vou ficar aqui, esperando literalmente sentada a sua boa vontade de sair dos agarres da Sabrina para irmos para casa, ele está redondamente enganado. Muito enganado mesmo! As aulas já terminaram faz quinze minutos, e se ele não se lembra, temos um trabalho de química para terminarmos juntos.
Vale nota, e a minha última prova na matéria foi horrível.
Me perdi completamente quando a professora começou a explicar sobre átomos, elétrons, prótons e sabe se lá o que mais ela falou. Eu detesto química, e física também pode entrar no pacote dos vilões com trigonometria e equação do primeiro grau. Todos esses assuntos eu tive um desempenho abaixo da média, embora não seja surpresa para ninguém.
E só temos essa semana para entregar os trabalhos. Hoje é quarta, e ainda falta o de química, física e matemática.
Ou seja, todo o tempo é valioso.
Principalmente o tempo que o meu melhor amigo está desperdiçando com conversas fiadas.
Por isso, decidi ir sozinha e com os meus próprios pés para casa, pegando a minha mochila e deixando o Jeep para trás estacionado em frente ao colégio. A minha paciência realmente já não está muito boa porque em outros dias, talvez eu ainda fosse perturba-lo para irmos embora. Ou puxa-lo pelo braço. Insistir até ele se cansar e ameaçar dirigir sozinha mesmo que eu não saiba. Quando o Fê estudava, bastava eu ir enche-lo que ele logo me atendia.
Isso porque o Fê é igual eu. Zero paciência para perturbações e coisas em geral. Somos dois explosivos e o Pedri é o único de nós que segue pela calmaria de um monge. Às vezes nos irrita ele ser tão calmo e responsável mesmo sendo o mais novo.
O corretíssimo filho exemplar que finge nunca fazer nada de errado.
Ele só engana os seus pais e quem sabe algumas pessoas, mas a mim e ao Fê? Nunca mesmo. Sabemos bem que Pedri González de bom moço só tem a cara.
Ah, se as pessoas soubessem do que eu sei.....
Então começo a andar pela lateral da estrada deserta, já que a maioria dos alunos saíram assim que o sinal tocou. A temperatura solar possivelmente acima do normal. Não há nada além de mim, as árvores nos dois lados, e o largo asfalto no meio sem o trânsito de veículos. Vai demorar até que eu chegue, mas pelo menos ficarei satisfeita com a antecipação dos trabalhos.
Odeio acumular muita coisa para fazer.
— Ele não vai te levar hoje? — olho para o lado, escutando o barulho de um motor se aproximando e dando conta do carro que começou a me acompanhar em velocidade reduzida. Era Joshua. Eu continuo marchando pela calçada, me distanciando da escola e a vegetação verde da ilha cada vez mais a ganhando espaço ao redor. — Ou cansou de esperar?
