capítulo um

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Quando a anciã  Amana fechou os olhos, foi cono se tivesse sido transportada para aquele dia fatídico  de 1951 em Barra velha , cujo horror fez com que ela passasse a agradecer todos os dias a sua sobrevivência.

Era um milagre estar viva.

Naquele dia ela se recordava de que tinha pegado alguns peixes para assar em folha de bananeira, quando a aldeia foi invadida e tantos companheiros foram mortos e massacrados , um espancamento em massa , culminando com o pior dos tempos em suas vidas.

Amana, abria e fechava os olhos, era assim por anos, aquelas amargas recordações iam e voltavam todos os dias .Não  havia um só  dia que ela não lembrasse , a imagem do terror estava sacramentado em sua alma  e era uma ação  involuntária   a imagem vinha , mesmo de olhos abertos , de dia ou de noite.

Os pataxós foram barbaramente acusados de crimes que não cometeram o que culminou com casas incendiadas pela polícia,  gritos e choros de crianças,  bem como de índias jovens e velhas , pegos de surpresa sem direito de provar a sua inocência.

A aldeia toda foi devastada e tantas vidas foram levadas .

Amana deixou que uma
lágrima percorresse por seu rosto enrugado   e formasse um traço  indo em direção  ao seu queixo marcado pelo tempo.

A sua mais forte dor de lembrança  veio de Iaçanã , que foi brutalmente surrado e não  resistiu vindo a falecer.

Ela escapou por pouco, correu enquanto Iaçanã gritava para que ela fosse buscar ajuda.

Mais tarde este caos fúnebre,  ficou conhecido como o fogo 51, porque toda a aldeia foi incendiada , e levou junto o seu amor , o cacique Iaçanã, levando também  a sua paz. 

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