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O pesadelo da moça se seguiu por longos e dolorosos 4 anos. Sua família já havia desistido de tentar encontrá-la, ela havia sido esquecida no poço do esquecimento, todos já haviam se conformado com seu desaparecimento.

E enquanto a Fernando? Ele ficou cada vez mais agressivo com a moça, ele chegava a perfurá-la com agulhas queimadas.
Seu corpo estava cheio de buracos por causa daqueles ferimentos, muitos deles em carne viva e com tamanhos enormes.

Ela não sentia mais nada, ela já estava cansada daquilo, ela queria por um ponto final naquilo de uma vez por todas, só estava esperando a oportunidade perfeita.

Em uma das sessões de tortura, Fernando distraidamente deixou uma das agulhas embaixo dos lençóis imundos, perto de onde os braços da moça estava amarrado. Como a agulha estava quente e o lençol era velho, aos poucos, o pano em que ela estava amarrada foi se desfazendo.
Com o tempo, o pano já estava completamente desfeito, um braço da moça já estava livre depois de anos.
Ela distraidamente escondeu o braço solto da vista de Fernando.
Após ele ter ido embora e ter deixado a moça só no quarto, ela finalmente pôde tirar o outro lado do braço que também estava amarrado, logo em seguida, desamarrou seus pés. Finalmente!
Com cuidado, ela se levantou da cama sem fazer movimentos bruscos, o quarto estava escuro, estava iluminado apenas pela luz da lua. Ela queria encontrar algo para se defender, alguma faca ou pedaço de pau, mas a sala não tinha absolutamente nenhuma dessas coisas. Ela ia ter que sair dali sem nada para se proteger.
Aos poucos, ela foi andando até a porta. O piso era assoalho então ela estava mantendo a cautela. Ela chegou até a porta, girou lentamente a maçaneta "Por favor, Deus, que não esteja trancada" pensou ela, e estava.
Ela automaticamente começou a chorar e começar a entrar em desespero, ela não acreditava que ia perder aquela oportunidade. Ela foi deslizando e chorando até o chão.
Chorava, não alto porque não queria dar muito alarme e porque não tinha força pra isso.
Até que ela ergueu sua cabeça e olhou para os lençóis, ela se lembrou de como havia se libertado deles. Ela se levantou e começou a procurar a agulha, ela puxou os lençóis com muita força, resultando em um barulho tilitante no piso, a agulha havia caído. Ela se agachou e começou a procurar embaixo da cama imunda, estava quase impossível enxergar alguma coisa ali, a escuridão era muita. Até que ela colocou a mão embaixo da cama, até que sentiu uma perfuração na mão, ela pegou a agulha com rapidez ignorando a leve dor no polegar.

A moça se levantou e, rapidamente, foi até a porta.
A agulha era bem grande para uma agulha normal, conseguia passar facilmente pela fechadura, o problema ali era se ia conseguir abrir a porta.
A moça estava nervosa e com as mãos trêmulas, assim ela não ia conseguir abrir a porra daquela porta. Ela se acalmou um pouco mais e tentou mais uma vez.
Dessa vez, ela finalmente ouviu um estalo e sentiu a porta abrindo em sua direção, ela abriu mais a porta e andou por um corredor. Ela não fazia ideia de onde estava, mas estava feliz de não estar mais naquele quarto horrível.
Ela andou até uma sala onde tinha uma escada enorme e uma porta grande também, que provavelmente dava para a rua. Ela correu até a porta mas como o imaginado, estava trancada.
Quando se virou, Fernando estava nas suas costas e a agarrou pela cintura lhe levantando. Tudo aconteceu tão rápido que a única coisa que a moça foi gritar e se movimentar inquietamente pelos braços de Fernando.
"Sua puta desgraçada, pensou que ias fugir?" - Disse Fernando.
A situação estava desesperadora para ela, não tinha força o suficiente para se soltar dos braços de Fernando.
Até que em um momento, a moça teve força o suficiente para chutar a perna de Fernando, ele a soltou e ela conseguiu correr dele. Ele já estava conseguindo se levantar quando ela viu um vaso ao lado dela e o jogou na cabeça dele, Fernando caiu novamente dando tempo para a moça correr até a escadas.
Quando subiu até o topo, percebeu que estava encurralada, todas as portas daqueles quartos estavam trancadas, havia apenas uma enorme janela de vidro. Quando olhou para baixo, Fernando, sua mãe e seu irmão estavam subindo até lá. Não havia nada ali para ela se proteger.
Fernando subiu olhou para ela e disse:
- Olha só pra você!! Está acabada, suja, fedendo. Acha mesmo que alguém lá fora vai te receber bem no estado em que você está??
A moça começou a chorar, mas não eram lágrimas de tristezas, mas sim de ódio. Ela odiava está ali e não ia suportar mais um segundo naquele lugar:
- EU ODEIO VOCÊS!!!! VOCÊS NÃO PODEM NEM SER CLASSIFICADOS COMO HUMANOS, SEUS LIXOS!!! MAS UM DIA VOCÊS VÃO ME PAGAR!! ISSO EU PROMETO!!!!
Furioso, Fernando se aproximou e atacou a moça com soco em seu rosto. Disso, ela acabou escorregando e caindo, quebrando a janela de vidro e caindo da casa.
Pedaços de cacos de vidros ficaram no rosto da moça, enquanto parte do corpo também tinha enormes cacos. Alguns galhos de árvore também ficaram em seus braços e teve um que atravessou a sua barriga deixando as tripas completamente de fora.
Quando a moça caiu no chão, seu corpo já estava morto mas sua alma não.

Por isso, não digo que esse foi o final da história, até porque ela ainda continua sendo contada. Ainda mais por tudo aquilo que a pobre moça passou a história dela jamais deve ser esquecida. Principalmente o seu nome: Carla.

A Mulher Atrás da CortinaOnde histórias criam vida. Descubra agora