Não fale com ela, apenas a ignore, que droga. Porque eu concordei com isso mesmo? Eu estava fugindo da Nia durante toda a manhã, Brainy não quis me informar o local e data da festa, já que como uma pessoa sensata ele sabia que eu podia facilmente deixar a informação vazar, me deixando apenas com a escolha do cardápio e a lista musical, o que era minhas duas especialidades, infelizmente eu acabei escutando o que não devia, não era minha culpa, Alex parecia falar uma nota mais alto após dois copos de cerveja, eu podia ficar calada, não é grande coisa, eu não tinha medo da Nia, podia muito bem lidar com ela.
- Ei, Kara. - Mas de onde diabos, ela apareceu. - Tudo bem?
- Tudo. - Agradeci quando ela me entregou alguns planfletos que eu havia deixado cair com sua recém chegada.
- Você tem certeza? Quero dizer, você me parece meio estranha.
- Eu não tenho noção do que você está falando, Nia Nal. - Acariciei seus cabelos, com um sorriso convincente nos lábios.
- Uh, ok. - Voltei minha atenção para nosso chefe que estava terminando a reunião. - Isso parece bem legal, não é? Acho que você devia se escrever sabe, eu sei que você tem milhares de histórias guardadas. Talvez podia compartilhar uma? - Eu não diria milhares, e com toda certeza não diria que gostaria de participar desse concurso, aparentemente Hero Magazine, acabará de fechar com um novo patrocinador, uma rede de lanchonetes temáticas, da qual eu realmente espero que tenhamos descontos, meu chefe estava promovendo um concurso, ele queria lançar algo novo, uma história realmente surpreendente, inédita, diferente de tudo que já lançamos.
- Eu passo, Obrigada.
- Vamos lá, Kara. Qual é a graça de escrever aventuras incríveis se você não vai compartilhar elas? - A verdade é que eu não queria mostrá-las a ninguém, pra ser sincera eu não sabia muito bem qual foi a última vez em que finalizei alguma delas.
- Você nunca leu nada que já escrevi. - Rir tentando a provocar. - Pode não ser tão incrível assim.
- Bom, você é uma das melhores editoras que eu já vi, acho difícil não serem incríveis. - Eu não tinha tanta certeza daquilo.
- Ei, você acha que vamos conseguir desconto nessa lanchonete? Adoro lanches, ainda mais com nomes de super-heróis. - A menor suspirou, acho que percebendo a minha óbvia tentativa de mudar de assunto, mas à aceitando.
- Não sei, espero que sim. Adoro descontos, não importa onde.
- Eu sei disso. - Concordei animada. - Ei, talvez poderíamos fazer a festa lá, bem melhor do que no apartamento do Brainy, eu não sei, a vizinhança dele me deixa meio nervosa. - Eu não podia esquecer nossa última noite de jogos em sua casa, por motivos lógicos e sérios, Barry e eu acabamos nós atrasando o que causou um encontro estranho com seus vizinhos do andar de baixo.
- Que festa? - Pra ser sincera eu durei mas do que o esperado, estou meio que orgulhosa de mim. - Temos uma festa? Eu não estou sabendo de nada. - Eu queria não saber também. - Kara.
- Brainy e Kelly ainda estão com aquela competição idota, você sabe. Brainy tem certeza que o plano dele é perfeito.
- E ele te convidou pra participar dele? -. A acusação era clara em sua voz.
- Eu não deveria exatamente saber, do que eu sei. Eu descobri sem querer. - Me defendi.
- E do que exatamente você sabe?
- Ah não, não mesmo. Você não pode fazer isso Nia.
- Kara, você começou. Qual é, eu juro que não vou dizer que eu sei de nada.
- Não.
- Kara.
- Nia.
- A gente vai fazer um bolo pra você no seu aniversário, então uma semana depois Barry vai te levar pra casa do Brainy porque vamos ter a noite de pizza e pronto você tem a festa da sua vida e Brainy tem os 300 reais.
- Esse é o plano mais estúpida que eu já ouvi.
- Serio? É bem genial pra mim.
- Mesmo? Porque eu posso ver algumas falhas nele.
- Isso é porque você não sabe os detalhes, se eu não tivesse escutado com toda certeza você nunca descobriria.
- Se você diz. - Ela deu de ombros.
- Não, eu falo sério. Certo, vamos comer alguma coisa, eu vou te contar tudo e você vai ver que é fantástico.
- Isso é uma reunião Kara, a gente não pode simplesmente sair. - Levantei a mão em um movimento leve.
- Ele está falando por horas, ninguém vai perceber. Anda vamos, eu tô morrendo de fome, e isso daqui já está me dando sono.
- Claro que está.
(...)
- Continue a nadar, continue a nadar....- O som da TV, chamou Lena para a realidade, Wendy não estava com seus olhos em direção a televisão, mas sua cabeça balançava quase que no mesmo ritmo da canção que passava agora, o que indicava que ela estava assistindo ao filme, a mais velha colocou seu Notebook de lado, avaliando a filha com um pouco mais de atenção, hoje tinha sido um dia relativamente bom, Wendy não teve crise alguma e apesar de não ter se alimentado muito bem, ela parecia cheia de energia, o que estava sendo raro de acontecer. O pequeno chaveiro que ela insistia em usar como uma de suas bonecas preferidas agora estava amontoada em uma pilha de legos, que estavam separados por cores, Wendy usava apenas os vermelhos e azuis, descartando as outras cores. As palavras da psicóloga repetia em sua cabeça.
- Eu posso fazer isso! - Não deveria ser difícil, ela podia muito bem compartilhar um momento com sua filha, era capaz de lhe entender e brincar com ela. Tudo o que Lena tinha ao se sentar em frente Wendy era confiança, a menor continuava a empilhar as peças de lego, não se abalando quando alguma caia. Lena tentou repetir seus gestos, tentando ajudar no que Wendy queria fazer, ambas continuaram assim por alguns minutos, quando Wendy pareceu se irritar, a morena não podia mentir, precisou de alguns segundos para entender o que estava acontecendo, sua filha estava tranquila quando do nada algumas peças começaram a serem atiradas em diferentes direções, o grito fino e infantil se tornando a cada segundo um pouco mais alto, Lena se ajoelhou segurando seus bracinhos com calma, o nome da menor era repetido em um tom baixo, mesmo sabendo que não era muito aceito por sua filha, ela à puxou conta seu corpo à prendendo em um abraço, sua mão passava pelos cabelos longos enquanto Wendy se debatia nós braços da mãe. - Shh, tudo bem Monkey. Tudo bem. - Ela sussurrava como um mantra, estudava cada ato de sua filha antes da crise, tentava de todo jeito pensar no que a estava incomodando, quando sentiu um líquido quente escorrer por sua barriga, Wendy parecia ainda mais incomodada quando a urina passou por suas pernas, então Lena a segurou um pouco mais forte, esperando o melhor momento para se levantar com a filha em direção ao banheiro, o pequeno corpinho foi colocado sobre a privada, enquanto a mais velha se livrava de suas roupas logo fazendo o mesmo com a menor, o choro parando aos pouco quando a água quente passava pelo seu corpinho, sua mãe acariciando seus cabelos.
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Be Your Own Hero
RomanceLena trabalha com sua melhor amiga em uma rede de lanchonetes e divide seu tempo para cuidar de Wendy, sua filha portadora de sindrome de Asperger, tudo parecia normal até sua filha se apaixonar por sua vizinha da frente e ela não é a única.