Poma 41| Auto-destruição

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a janela do quarto encontra-se aberta
o vento machuca os cortes recentes pingando sangue
os ressentimentos saem como fumo em direção a noite
não há espaço sem corte
não há espaço que não doa
é como pedir por um transplante
a quem não doa
Ora,
eu não olho pra hora
mesmo que o relógio grite
mesmo que o som me irrite
pique, pique
continuei picando meu coração
continuo matando meu coração
por que que ele continua batendo
Tutum, tutum
hmm, e se eu me matasse essa noite
Será que há quem note
se um passarinho deixar de cantar
se sua voz doce deixar de ecoar
será que há quem note
se eu não passar mais na mesma rua
aquela que eu passo depois da escola
se eu não for comprar pão
se eu deixar de passar pelo saguão
a culpa será sua?
uma verdade nua e crua
para qualquer um que queira ouvir
para qualquer um que conseguir
Ver,
para qualquer um que queira ler

a culpa é só minha.

Palavras ensanguentadas Onde histórias criam vida. Descubra agora