tenta acreditar

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Tinham certas coisas na vida que não precisavam ser ditas em voz alta. Levar Stenio para sua casa era uma delas. Quando ele começou a se acalmar e lhe disse em tom baixo que queria ir embora, Heloísa não podia levá-lo para qualquer lugar que não fosse sua casa. A casa onde ele se recuperou, onde ele confiou suas fraquezas e medos.

O percurso foi feito em silêncio, ela se despediu de Gabriel e agradeceu o pouco tempo de conversa. Se era amizade que ele queria, ela poderia lhe dar isso. Sua atenção agora era de Stenio.

Ela abriu a porta de casa, acendeu uma luz, deixou ele entrar. Stenio passou porcelanas cabeça baixa, foi direto para o sofá e se jogou lá. Ele odiava a sensação de estar sendo um homem fraco. Sempre soube que Heloísa era muito mais corajosa que ele, mas a constatação de que ele estava tão quebrado por dentro a ponto de dar vexame dentro de um restaurante era vergonhoso.

— Desculpa atrapalhar seu encontro.

— Não era encontro, Stenio. Você não atrapalhou nada.

— Parecia um encontro. — ele falou, lhe olhando finalmente.

Heloísa estava parada de braços cruzados, esperando. Pronta para dar qualquer suporte.

— Não era. — ela reafirmou. — Eu tenho direito de fazer amizades, não?

Stenio respirou fundo e observou ela sentar ao lado dele, pegar sua mão. Era tão estranho a ideia de que ele era o que estava tendo dificuldade de argumentar e ela estava sendo tão boa com as palavras.

— Você tem direito de ser muito feliz.

Ela tocou o rosto dele e sorriu.

— Com você?

— Será que eu ainda sou capaz disso?

— O que você acha, Stenio? Acha que eu iria até o inferno por você se não significasse o mundo para mim?

Ele se voltou para ela no sofá, ficando de frente agora.

— Eu quero isso, Helô. E você?

— Eu... eu não sei, Stenio. Você não sabe a falta que estava fazendo, como foi bom te reencontrar mesmo sabendo que você não... que você não fazia questão de me ver. Eu me sinto tão idiota.

— Idiota fui eu, Heloísa. Eu não deveria ter ido embora, eu não sei que merda eu tinha na cabeça.

Ela colocou seus dedos sobre a boca dele. Precisava do silêncio para pensar se deveria beija-lo primeiro ou se deveria tirar a roupa antes.

— Vamos tentar de novo. — ele pediu mais próximo agora.

A boca dele se aproximou da dela, ela podia sentir o coração bater mais rápido. A sensação de Stenio era sempre voltar no tempo, para quando eram jovens, inexperientes, cheios de vontade. A única coisa que não mudou foi a vontade.

— Stenio... — ela suspirou contra a boca dele.

— Fala, Heloísa... — o advogado se inclinava sobre ela.

Helô deitou no sofá e Stenio veio sobre ela. A mão dela foi automático no braço direito enquanto a outra agarrou a nuca, puxando os cabelos brancos.

— Fala. — ele pediu de novo.

— Volta.

A boca dele foi firma na sua, e Heloísa não deixou por baixo. Correspondeu a altura, com vontade e com saudade. Seus olhos ardiam ainda que fechados, emocionados por tocar o corpo dele depois de tanto tempo e incerteza. Foi puxando a camisa, inevitavelmente fazendo alguns botões pularem.

A mão firme, que recuperava a força, apertava a perna dela com vontade, puxando para sua cintura, colando as intimidades com uma vontade ímpar.

— Stenio... — ela gemeu enquanto a boca dele descia por seu pescoço.

— Quero marcar você... pra saber que é minha...

Ela sorriu sacana, sabendo que Gabriel tinha mesmo afetado o advogado. Como ela poderia dizer que só havia ele. Sempre, assim como ela sabia que a recíproca era verdadeira. Poderiam se enganar o quanto quisessem, ficar com outras pessoas, noivar até, mas jamais deixariam de parar exatamente aqui.

— Cala a boca. — ela rebateu, recebendo um aperto gostoso no pescoço.

— Não finge que não gosta.

Ele voltou a beijar sua boca enquanto Heloísa descia a calça do jeito que dava. Stenio ficou irritado com a demora de sentir a pele nua e levantou do sofá. Tirou a camisa de fez, se livrou da calça e da cueca. Ele sabia que não estava no melhor fisico depois do sequestro, mas o olhar de tesão de Helô o fazia se sentir o homem mais gostoso do mundo.

Só porque era dela.

Heloísa sentou no sofá, sua boca frente a frente com a ereção firme. Olhando em seus olhos, ela o colocou em sua boca, sugando do jeito que sabia que ele gostava. Ele não deixou ela se divertir muito, a empurrou no sofá logo.

— Não me olha assim, eu não vou aguentar muito tempo.

Ela deitou no sofá com os braços para cima. Nua. Se rendendo como uma oferenda, um presente, seu paraíso particular. Tudo que envolvia Heloísa ele diria que era milagroso.

Ele tentava achar um nome melhor do que amor para descrever esse momento, esse sentimento, porque amor simplesmente parecia muito pouco. Se lembrou de todas as promessas que fez para si mesmo sobre nunca mais estar aqui, nunca mais estar com ela. Esqueceria todos os nomes, jamais conseguiria cumprir.

Deitou sobre ela.

Eles eram aventureiros, mas existia uma intimidade nessa posição que eles adoravam. Ele se apoiou no braço bom, segurou o pau com a outra mão, passando a pinceladas pela entrada molhadas, fazendo Heloísa fechar os olhos e jogar a cabeça para trás.

Stenio subiu a boca pelo pescoço até chegar ao pé do ouvido.

— Podem passar mil anos, você vai me amar e eu vou ser pra sempre seu...

— Porra... — ela sussurrou quando sentiu ele entrar de maneira tão lenta, na tortura.

Stenio tremeu sobre ela, suspirou e gemeu.

Era como se hoje fosse o começo de tudo. Ele jamais seria grato pelo sequestro, seria positividade demais, mas ele entendia o resultado de todo o caos.

— Mais rápido, Stenio. — ela falou contra a boca dele.

Gemiam tão baixo, tão íntimo, que o único barulho na sala era o de seus corpos. Ele acelerou os movimentos, mesmo sabendo que seu corpo não aguentaria muito da atividade física. Heloísa pareceu sentir isso, e com a força da delegada, o empurrou para fora dela, fazendo o homem gemer quando o ar gelado bateu contra ele. Stenio sentou e observou como ela veio sobre ele como uma amazona.

Cabelos soltos, selvagens, olhos carregados de desejo, um calor que era só dele.

Heloísa reposicionou a ereção, descendo devagar. Segurava o rosto dele, não deixava seu olhar desviar do dela porque implorava a todos os Santos que ele pudesse enxergar a verdade ali dentro.

— Tão gostosa... você é minha.

— Sua. — ela concordou, delirando, apertando o pescoço dele a medida que acelerava os movimentos.

Ele apertou a bunda gostosa com força antes de dar um tapa forte, deixando a marca que ele queria.

— Então senta gostoso pra mim... até gozar.

A avalanche do orgasmo arrancou dos dois os gemidos que estavam baixos, em voz alta, explosivos. Stenio a apertou contra o corpo dele. Ela podia sentir seu coração acelerado, podia sentir o próprio como batuque de escola de samba em seu ouvido.

Seus corações gritavam.

Ela não conseguia dizer em voz alta, ela ainda não conseguia dizer em voz alta.

Mas ela sabia.

O resto da vida estava a um passo deles.

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