merda de dois tracinhos

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EDDIE KASPBRAK

Aperta meu peito me lembrar da primeira vez em que meus olhos encontraram os gigantes olhinhos de Richie Duarte Tozier. Era meu primeiro dia na universidade Savoy Mont Blanc - Chambery, em Annecy, e como eu, sou eu, estava atrasado pra caralho. Tentando correr pelos corredores daquele lugar com meio quilo de livros nos braços. Fala sério, eu sou estudante de moda, não de engenharia! Pra quê isso tudo?

Se alguém me parasse e me perguntasse qual a palavra que me definia naquele momento, definitivamente responderia: "Nervosismo." Eu não sabia o que faria, ou o que falaria, muito menos como agiria! Porra, aonde eu fui me meter?

Bom, nessa correria toda, (Sim, é agora que o meu "par romântico" entra em cena!) só consigo sentir um corpo esbarrando em mim, me derrubando no chão junto de meus livros, e, para melhorar o cenário clichê, caindo em cima de mim.

"Mas que porra?" Exclamo antes de sequer olhar para a cara do indivíduo que teria um lance comigo num futuro próximo.

"Oh, mec, Je suis désolé!" Disse ele, também antes de me encarar.

E foi aí que eu olhei para a cara dele, e nem consegui ficar irritado, por que puta merda! Aquele era o ser-humano mais bonito que já respirou o mesmo ar que eu.

Seus olhos eram escuros e grandes, muito grandes, talvez por conta dos óculos fundo de garrafa que ele usava, mas não era estranho e horroroso como deveria ser, era bonitinho, engraçadinho, sabe? Seu corpo era magro, mas não magro demais, tinha pintinhas sobre a pele, mas não pintinhas demais, tudo era como tinha que ser, e eu geralmente não fico reparando no corpo dos outros, mas naquele dia, naquela hora, eu admito que reparei.

Seu cabelo era tão escuro quanto seus olhos, e estava uma bagunça, uma bagunça extremamente atraente (admito), seu rosto era cheio de sardas mas você tinha que se esforçar para perceber, o que eu, particularmente, acho um charme, sua boca era vermelhinha com uma barba rala apontando ao redor.

Ele me encarou com a boca levemente aberta por alguns longos segundos, enquanto eu ainda tentava raciocinar o que caralhos ele havia dito. Que merda é "Mec" ? O Duolingo não me falou nada disso!

"Espera, você fala português? É brasileiro?" Perguntou Richie, mas até aí eu ainda não sabia seu nome, sua voz bonita estava animada. Bom, que eu falava português era óbvio, só respondi:

"Sim, sou sim!"

"Eu também sou! Quer dizer, meio brasileiro..."

E agora estávamos sorrindo, o que era idiota. Típico daqueles videoclipes onde o popular finalmente nota a nerd que é extremamente linda mas todos dizem que não e eles se encaram como bobos por minutos levemente constrangedores enquanto o refrão da música toca pela primeira vez.

"Então... você é de onde?" Perguntei, quebrando o silêncio estranho que ele deixou no ar.

"Sou daqui de Annecy mesmo, mas minha família é grande parte mineira, e tu?"

Eu gostei quando ele falou em francês, porque, porra, todo mundo sabe que francês é uma língua sexy pra caralho, e isso não seria diferente com ele né? Mas sua voz em português era tão bonitinha, quase que me acalmava. Depois de um tempo junto dele, percebi que era quase impossível não usar a palavra "Bonitinho" ou "Bonitinha" com Richie Tozier.

"São Paulo."

Outro silêncio extremamente constrangedor.

Tanto, que eu, surpreendentemente, me lembrei de que estava atrasado. "Ai merda! Eu tenho que ir..." Sim, eu sei, isso foi bem Cinderela, minha fala foi totalmente calculada naquele momento.

kisses in the kitchen · ⋆ : . ' ʚϊɞ . · : ⋆ au mpreg reddie!Onde histórias criam vida. Descubra agora