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querida alma gêmea/fim da 1° fase!

EDDIE KASPBRAK
três meses depois

Há mais ou menos um ano atrás eu encarava um estranho bonito demais que estava sentado bem ali próximo de mim, me olhou, dentro dos meus olhos castanhos, desviei o olhar rapidamente, eu costumo me apaixonar depois de trocar palavras por alguns meses, dessa vez estava apaixonado depois de trocar meia dúzia de palavras por alguns minutos.

Ele era um estranho bonito demais, lendo Felicidade Clandestina com os olhinhos presos às palavras de Clarice, mas encontrou meus olhos, e quando sorriu eu senti meu coração cair, quando entrei na sala, vi ele acenar para mim enquanto passava pelo corredor.

Me pergunto até hoje, se não tivesse esbarrado em seu corpo no meio do corredor provavelmente não saberia nem seu nome. Talvez tivéssemos trocado algumas palavras, e nenhum romance de livro teria acontecido. E aquele estranho que era bonito demais não permaneceu um estranho para mim.

Não tinha a intenção de nos levar a sério, tinha percebido em seu olhar que de alguma forma seu coração já tinha se quebrado alguma vez, de dois peitos, o seu estava quebrado, o seu jeito é sincero e o meu amargurado, me chamou para perto e disse: "O amor não deu tão certo pra mim até agora." Nossas histórias são muito diferentes, mas espero que os finais sejam parecidos, também não sei falar de nada do que eu sinto.

Beijava sua boca e caía na sua lábia, você tirava minha roupa enquanto eu ria da sua cara, todo fim de noite lendo em seus olhos que o amor não deu certo só até agora. Era assim, no sofá, madrugada, eu pelado e ele também, só imaginando que se tudo der errado a gente já tinha dado certo. E deu certo um pouquinho demais.

Aos catorze anos me perguntava se você morava no Brasil, ou em algum outro país distante, onde quer que estivesse correria só para te ver. Me perguntava se te conheceria em uma festa, ou sentaria ao seu lado em um avião, não importava por que estava determinado em me apaixonar por você um dia.

Querida alma gêmea, você pensava em mim? Por que eu pensava. Você não tem olhos verdes, mas sim castanhos como os meus. Alma gêmea, você também não tem irmãos, assim como eu. Precisamos dirigir juntos até às montanhas e acampar em uma pequena barraca, se os ursos aparecerem, quero saber se você é louco de afasta-los ou irá se esconder junto a mim e a luz branca da lanterna.

Minha alma gêmea felizmente dorme do lado direito, eu prefiro o esquerdo. Me faz torradas amanteigadas e café fraco quando eu acordo triste. Minha alma gêmea também pensava em mim.

Andávamos pelo parque Jardins de l'Europe durante uma tarde tranquila e fresca, era primavera e as árvores não podiam estar mais bonitas e verdinhas. Richie segurava Samantha em um braço e empurrava o carinho com o outro, se recusando a me deixar carregar algo. "Amor, quer comer Éclair?" Desde que me mudei para cá não consigo passar uma semana sem comer a perdição que são essas bombas de açúcar. Ele viu meus olhinhos e pegou minha mão me levando até um pequeno restaurante, então logo pediu: "Une éclair au chocolat et une éclair à la crème s'il vous plaît." Ele sorriu para a senhora, me entregando Sam que chorava esticando seus bracinhos para mim.

Voltamos a caminhar, enchendo nossas bocas de açúcar e rindo pela carinha curiosa de Sam ao nos ver comer. "Você não pode, Estrelinha, é muito pequenininha ainda!" Murmurei, deixando um beijinho em sua bochecha gordinha.

"Casa comigo?"

"Hm?"

"Casa comigo?"

Eu sorri surpreso, sentindo meus olhos encherem d'água, balancei a cabeça positivamente, ele arregalou os olhos. "Sério?" Fiz que sim novamente. "Você vai casar comigo?!" Eu ri, e fiz que sim mais uma vez. Ele me agarrou, ouvindo um resmungo de Sam entre nós, ele afrouxou o abraço e me beijou, me sujando levemente com o creme doce de baunilha. "Me desculpe pelo o que eu vou fazer agora... EU VOU CASAR COM ESSE HOMEM!"

Normalmente eu ficaria com vergonha, mas eu só consegui sorrir e rir do olhar desentendido de Sammy, ele me abraçou e me beijou com vontade. "Eu te amo."

Pensei que nunca conseguiria dizer isso para alguém no sentido romântico da coisa, mas aqui estava eu: "Eu também te amo, Bonitinho."

Não sou o poeta da relação, mas queria coisa bonita nos meus votos, com amor me esforcei.

É como acordar e ver o mar, nadar por entre as ondas e mergulhar em meio aos sonhos, despertar a própria vida. Aquela sensação de estar vivendo como se não vivêssemos sentido e os sentidos já não vivêssemos, nem onde, nem quando, nem agora, nem nunca nem sentido.

Você nunca espera acordar, ou até espera, mas nunca acordado.
Num sobressalto o coração te joga um balde de água fria bem na sua fuça, dá três tapas na sua cara, grita seu nome e abre seus olhos num ataque.

Com a mão no peito e a cabeça rumo ao chão, duas asas te seguram e te levantam aos céus, que se abrem como os poros nervosos da alma apaixonada ao ver da sua boca boa de beijar escapar o "Sim!"

E eu aceito, aceito ir para lugar nenhum, aceito tomar banho de mar na madrugada, aceito namorar na hora errada, e fazer do errado o certo, aceito a distância, o tempo, a falta, aceito o namoro e as brigas por mim começadas, aceito a dor e o prazer do seu amor por mim, que é tão grande que arrumou um jeito de deixar um pedacinho seu em mim.

De mão estendida, aceito o anel, aceito, aceito, aceito o destino que me bateu a porta chamando meu nome, me acordando num salto pra mode deu viver.

É você, Bonitinho, é você.

Por Deus que você veio me encontrar, por Cristo veio me acordar, teu sonho sobre o travesseiro depois de rezar para papai do céu nossa Estrelinha abençoar, sem imaginar que um dia me tornaria alguém que oraria para papai do céu. Por cima do travesseiro, e debaixo do branco mimoso com meus braços enganchados no seu pescoço. E o poema torto caindo ao rosto.

E tu me acordaste finalmente, meu príncipe encantado me fazendo acreditar que sou digno de um amor puro que me mostra ao me acordar com cócegas. Me fazendo acreditar em alma gêmea, e felizes para sempre independente da vida, destino ou realidade, me fazendo acreditar que sonhos que eu nem mesmo tinha são reais, que nosso lugar é aqui, juntos, grudadinhos, agora, presentes um para o outro, por isso eu digo sim.