chocolate quente & café ruim

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EDDIE KASPBRAK
três meses depois/sétimo mês

Eu estou exausto, minha barriga está enorme, e pesada, o que é normal pra quem está com sete meses de gravidez. Não imaginava que fosse tão difícil carregar um bebê na barriga, meu corpo dói, minhas costas doem, não consigo comer nada nem fazer nada.

Isso me deixa frustrado pra caralho.

Tenho ido a minha psicóloga duas vezes por semana agora, ela achou melhor aumentar a quantidade de sessões, já que esses últimos meses estão sendo difíceis, fui diagnosticado com TOC recentemente, transtorno obsessivo-compulsivo, bem, não sei se alguma coisa mudou ao saber que tenho isso.

Me mata o jeito que as coisas ficam presas na minha cabeça, grudadas como chiclete velho no asfalto quente, ou o forma que sou supersticioso demais quando não sou divertido, como me sinto a pior pessoa do mundo toda sexta, como baseio tudo em algo que ouvi quando era mais novo. As mãos tremendo diariamente, percebi isso quando dedilhei as linhas da janela. Mas sempre sorrio como se estivesse bem. Secretamente traçando linhas que não são minhas, secretamente afastando todas as pessoas da minha vida. Isso me mata.

Richie sempre me ajuda, com massagens nas costas, abraços quentinhos, ou quando ele percebe que estou mal e segura minha mão dizendo que está tudo bem, ele está ali pra mim, as vezes me sinto mal por não conseguir retribuir tudo que ele faz por mim de uma forma carinhosa, sempre safada, com transas gostosas no meio da madrugada e boquetes bem feitos.

Safado e Deprimido.

Minha psicóloga disse que estou bastante deprimido nesses últimos meses, provavelmente é a ansiedade e o mal estar pelo peso da barriga, a tristeza filha da puta que bate na minha porta toda a hora que tem vontade de me atormentar.

Acabo abrindo.

"Abelhinha? O que foi?" Eram por volta das duas ou três da manhã de uma Sexta-Feira, quando Richie percebeu meus choramingos, eu me odiei por fazer tanto barulho ao ponto dele ouvir, então as lágrimas rolaram com mais intensidade. "Meu amor... Tá tudo bem, eu tô aqui pra você..." Ele me abraçou com cuidado, passando as mãos pelas minhas costas enquanto meus soluços ficavam mais altos.

"Eu vou estragar tudo!" Me vi dizendo ao meio do meu choro desesperado, meu coração palpitava rápido demais, minhas mãos tremiam e eu me sentia péssimo. Estava com tanto medo de não conseguir cuidar da Sammy, de não conseguir ser bom o suficiente pra ela e pro Richie, me sentia tão estupidamente fraco.

"Ei, ei, não fala isso mon amour... " Ele me encarava nos olhos, era nítido o carinho que ele tinha por mim naquele momento.

"V-Você é sempre tão bom pra mim... Sempre faz tudo pra me deixar bem... E eu, nunca faço nada!" Comecei a falar de forma compulsiva, sem me importar muito com o que ele pensaria. "Eu nunca retribuo tudo o que você faz por mim, e sempre que eu retribuo é de forma safada, não queria que fosse assim..." Eu tentei, juro que tentei dizer que o amo naquela madrugada, naquela hora, fracassei.

"Amor, você não precisa sentir que têm que retribuir..." Tenho sim seu idiota! Eu não pensei, acabei dizendo, ele riu da minha irritação. "Tá bom, já que você precisa, não pense que eu não gosto das suas demonstrações safadinhas." Ele falou com carinho, deixando selinhos pelo meu rosto.

Claro que eu voltei a tagarelar compulsivamente de novo, mal tendo tempo de respirar. "Eu não consigo fazer nada Richie, meu trabalho foi um desastre, eu tenho matéria nova pra aprender e ainda não consegui a gente tem que terminar de pintar o quarto da Samantha, eu não gosto nem de sair da cama, não tô prestando atenção nas aulas e o resto da minha vida vai ser uma merda, um fracasso completo e você vai se cansar de mim uma hora ou outra... E..." Minha respiração começou a falhar, eu tentava puxar o ar mas ele não vinha, só conseguia pensar: "Que Merda."

kisses in the kitchen · ⋆ : . ' ʚϊɞ . · : ⋆ au mpreg reddie!Onde histórias criam vida. Descubra agora