A filha rejeitada. A escolhida pelo destino para escrever seu nome na história.
Tudo o que Siggy conhecia era o abandono. O sentimento de ver o amor que tanto necessitava ser arrancado dela pela rejeição tornava a vida da filha de Bjorn Ironside um...
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- Tentei convencer o rei a me mandar no seu lugar, mas ele está convencido que você e Conan são os melhores para o serviço.
Klaus estava encostado na parede em frente a cama de Aylin, os braços estavam cruzados e o rosto retorcido em uma carranca. Se achavam Aylin perigosa quando estava descontente é porque nunca tinham visto Klaus irritado. O assassino sabia ser gentil, mas quando algo o tirava do sério era mais fácil se entregar de uma vez a Agdon, o Deus da morte.
E Klaus estava bravo. Aylin via as veias em seu pescoço quase saltando e os olhos azuis-esverdeados pareciam faiscar.
- Eu vou. - Ela diz, a voz parecia um leve sussurro - Não se preocupe, vou ficar bem.
Klaus deu um sorriso.
- Não é com você que estou preocupado, - O assassino anda até Aylin - eles é quem deveriam se preocupar.
Sentada na cama e abraçando os joelhos, a garota não conseguiu segurar uma risada.
É... eles deveriam se preocupar.
Aos poucos a risada foi morrendo e angústia voltou, a atingindo tão forte quanto um soco.
Ao amanhecer estaria indo de encontro a tudo que passou os últimos dez anos fugindo. Teria que encarar Bjorn Ironside nos olhos e se segurar para não apunhalá-lo no coração, veria rostos que ela tanto se esforçou para esquecer, mas que nunca havia conseguido.
Sua maldição era lembrar de tudo, cada detalhe entalhado em seus ossos e presos em sua mente. Carregaria memórias amaldiçoadas até o túmulo.
Klaus pairava sobre a filha. O cabelo loiro-platinado da garota, agora soltos da trança, caiam como um cortina sobre seus ombros e rosto. Ela tentava esconder do pai a dor em seu peito, mas Klaus a conhecia, talvez melhor do que ela mesma. Sentando em frente a ela, Klaus afastou as mechas de seu rosto e o envolveu com uma mão, um toque delicado em sua bochecha. Aylin teve que olhá-lo nos olhos.
- Se você quiser, podemos pegar nossas coisas e partir de Andarah agora mesmo. - Ele diz baixo, mas firme.
Aylin deu um riso de escárnio.
- Não mesmo. - Ciciou a mercenária - Andarah é meu lar, não vou abrir mão de tudo por causa dele. Não mais uma vez.
A brisa noturna entrando pela janela aberta atraiu o olhar dos dois. Passava da meia-noite, mas a cidade ao pé montanha ainda estava acordada. Conseguiam ouvir o barulho das pessoas, ver as luzes das velas acesas por toda a cidade... O cheiro das plantações de lavanda vindo das colinas a envolveu e Aylin respirou fundo.
Aquela era sua cidade. O parque no coração do cidade, o Rio Hydra e sua água incrivelmente cristalina, as casas de pedra, as tavernas com o chão pegajoso, os mercados de seda, as arenas de luta escondidas no sub mundo do reino... Ela poderia odiar algumas partes de Andarah, mas ainda era o seu lar.