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❛ NOAH URREA ❜

Ela não me cumprimentou de volta, apenas franziu os lábios numa expressão de desgosto e desviou o olhar quando mais lágrimas inundaram seus olhos. Puxei a cadeira do outro lado da mesa e sentei diante dela, colocando a documentação da imunidade entre nós.

— Eu preciso que você assine isso. — ofereci a caneta.

Ela olhou para a caneta e depois para o meu rosto. Any estava irreconhecível, nunca a vi com aquele semblante e estava odiando cada segundo dessa tortura, mesmo entendendo que eu precisava enfrentar.

— É imunidade total. — continuei. — Você não será processada ou investigada por nada. Além disso, não precisa testemunhar em qualquer caso que envolva o Frederic.

Any esfregou os olhos e sem olhar para mim perguntou:

— Por que?

— Fizemos um acordo com alguém que nos ajudou. A nossa parte nisso era te oferecer imunidade. Não estávamos atrás de você, então tudo bem. O Frederic te usou, você não...

— Como pode dizer isso? — perguntou ao me interromper.

— Dizer o que?

— Que ele me usou... Você me usou! — novamente ela demonstrou nojo. — No final, é só isso o que as pessoas fazem comigo.

— Não fala isso, por favor. — pedi.

— E você não me usou? Não foi por isso que se aproximou de mim? Para arrancar segredos da esposa jovem e idiota!? — seu tom de voz começou a subir.

— Deixa eu explicar! — começaria a implorar se fosse necessário.

— Não precisa. Aquele seu amigo... Josh... ele me disse. Você até nomeou essa operação por minha causa, porque era de mim que vocês tinham que arrancar coisas. E eu te disse tudo o que você quis saber... — soluçou. — Você me enganou... Você mentiu para mim...

— Não sobre tudo... — minha voz embargou.

— Então comece a falar a verdade! Você realmente sofreu abusos na infância?

Olhei para baixo e, envergonhado, neguei com a cabeça.

— Ai, meu Deus! — choramingou. — Eu te contei tudo! Você já sabia! Todo mundo aqui sabe! E você usou isso pra me manipular! — ela começou a esfregar os braços e o pescoço como se estivesse suja enquanto soluçava em seu pranto.

— Any... — fiquei de pé fazendo menção de consolá-la, mas me mantive parado quando ela se levantou e se afastou da mesa.

— Não chegue perto de mim nunca mais! — berrou. — Eu confiei em você! Eu me entreguei de corpo e alma! Eu queria você mais do que quis qualquer coisa na minha vida! Eu amava você! — proferiu enquanto apontava para mim de maneira acusatória.

— Eu amo você! Isso é verdade! — à essa altura, eu já estava chorando também. — O jeito que eu te olhava, as coisas que eu achava de você... Tudo isso era verdade! Eu realmente te amo!

— Isso não importa. Suas palavras bonitas não valem mais nada para mim.

— Não, Any... — meu desespero era evidente.

— Eu te odeio profundamente, Noah!

— Vamos começar do zero, eu imploro! — uni as minhas mãos.

— Sai daqui! — gritou apontando para a porta.

Arrisquei e dei a volta na mesa para chegar mais perto dela e tentar acalmá-la.

First Lady ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora