Os Olhos de Belerofonte

108 6 5
                                    

Embora muitos reconheçam o nome do herói mitológico, para os pesquisadores de robótica e roboticistas, Belerofonte foi um robô criado para o reality show: O Julgamento (cujo desfecho foi igualmente trágico aos roboprogramadores) perito em mapeamento e rastreio. Ainda que tenha realizado bem seus papéis, muito pouco sobrou dele a ser contado, apenas um par de olhos criado pela Centurião Sistemas. O resto de Belerofonte é apenas lixo... Deveria ser mesmo.

Os Novos e os Velhos Robôs, pelo Dr. Maomé Hadhrat 


 Douglas Wellington acalmou-se quando os robôs acordaram, a Striker tinham sido dado cinco minutos de vantagem, portanto, se corresse o que era capaz de correr obteria uma posição mais clara dentro da cidade gigantesca onde estava preso. Essa, porém, não era a preocupação do CEO. Se Connor se tornasse invisível e fugisse, o programa acabaria para recomeçar em outro episódio: Se não havia espetáculo, não havia programa, o que transformava a estreia num exercício fútil arriscando a vida de um homem que sequer foi visto. 

─ Esse desgraçado não aparece! ─ disse o corporativo pela quinta vez, a cada minuto repetia a mesma frase. Via os três pontos de vista dos três robôs, os protagonistas do programa ─ Onde ele está? Não aparece no mapa menor!

Seguiram por uma densa camada de floresta, densa e obscura, as brumas sendo sopradas para seu interior enquanto corriam, permeando os circuitos cibernéticos. Os braços aparecendo e sumindo, correndo juntos buscando por aquele ser humano notável. Depois de um minuto ainda não tinha sido alcançado, de fato, deveria ser um excelente corredor. 

A tela começou a se misturar com o ambiente da sala de estar, Wellington estava em transe, vendo a floresta crescendo e a adentrando, ouvindo as seis pernas repetindo o mesmo e o mesmo som. O irritava, passos e mais passos, três por segundo. Barras de informação, pequenas esferas azuis com dados do programa, da vida de Connor e da programação dos robôs, apareciam e sumiam na tela.

O programa remodelou toda uma cidade em ruínas: consertou as casas, refez os prédios e pavimentou as ruas, além de ter limpado a região inteira da Peste do Gelo.

Os robôs alcançaram uma enorme campina, aberta e sem árvores. Ao fundo dela, uma figura acompanhada dos dois cães de Connor, ele com o rifle guardado esperando pela chegada dos autômatos. 

─ O que ele está fazendo? 

Aquiles, Belerofonte e Hércules foram construídos especialmente para o programa. São versões desenvolvidas do programa Triunvirato (Albert, Bruce e Cline) que durou quatro temporadas em 2043.

Quatro passos sendo feitos a cada segundo, Connor porém, não tremia, ele simplesmente esperava lá, no fim da planície. Quase o mundo inteiro já tomava o controle para mudar de canal, ainda que não o fizesse até ver um pouco de sangue, um pouco de dor e um pouco de morte. Depois, poderia voltar a se considerar puro e honesto.

O robô do meio projetou uma lâmina em sua mão, projetada e afiada para matar. Era engraçado o fato da estréia não durar mais do que alguns minutos, engraçado a ponto de não fazer sentido. Connor não parecia do tipo de pessoa desesperada, ele realmente parecia aquele cara que nunca desiste, mesmo diante de todos os problemas... Por que ele está lá parado?

Quatro passos por segundo, significa que as pernas sobem e descem muito rápido... Por que ele está lá parado? Movimento robótico em linha reta perante o alvo... Não faz o menor sentido. Muitos pés em poucos segundos...

Por que ele está sorrindo?

Faltavam dez metros para alcançá-lo, a morte é certa.

Os cães de Connor receberam os nomes do cachorros de Órion, o gigante caçador eternizado nas estrelas: Procyon e SiriusForam cuidados por sua mãe durante sua passagem pela prisão. 

Caçada ReversaWhere stories live. Discover now