~ESPINHOS DA REALEZA~

CAPÍTULO XI

ESPINHOS DA REALEZA - 11

– porque deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna – o padre diz e fecha sua bíblia – sentem se irmãos –

Me sento apoiando minhas mãos na cadeira. Já fazia 1 hora que estávamos lá, eu estou morrendo de calor, não tem uma entrada de ar na igreja nem um ventilador pelo meno

– e vamos orar. Senhor eterno pai…–

Estou errada de ser a única a não fechar os olhos? - olho pro meu lado direito vendo Sina olhar para baixo – olho diretamente para onde ela está a olhar. Nossas mãos estavam quase se tocando

Movo meus dedos de leve para entrelaçar os meus nos dela - a mulher faz o mesmo - viro meu rosto com leveza olhando pra ela

– amém! – o padre termina sua reza –

– amém! – me levanto rapidamente como os outros fazem –

– em nome do pai, do filho e do espírito santo, amém. A igreja está liberada –

Olho pra minha mãe distraída indo conversar com o padre enquanto todos saiam, inclusive Sina. De alguma maneira, eu precisava, necessitava dela perto de mim, ela é como se fosse meu alicerce, mau a conhecia e já sentia como se fossemos dependentes

Saio da capela correndo e pego na mão de Sina

– me segue –

Começo a correr e a mesma vem atrás de mim correndo junto. O reino era grande o suficiente para sairmos a hora que pudéssemos sem ninguém nos ver

Perto da capela, tinha um pequeno lago. Eu só fui lá uma vez, depois nunca mais voltei. Era meu lugar favorito com meu irmão antes dele falecer

Paro de correr e me viro pra trás vendo Sina sorrir caminhando até mim. A morena segura minha cintura, e com um passo em falso, Sina toma posse de mim me fazendo cair em cima dela. Seus braços continuavam em minha cintura e nossos rostos, muito perto um do outro. Mechas rebeldes de meu cabelo que estava preso, se soltam

– até que você não é tão grossa e esnobe – diz com um sorriso em seu rosto–

– você ainda não viu nada criada –

Sina revira os olhos rindo. Solto uma risadinha mordendo o lábio inferior. Rodo para o lado saindo de cima da mulher e deitando no chão

Pego uma flor e fico mechendo na mesma enquanto olho cada pétala branca

– se eu te chamar de minha majestosa rainha novamente, você vai sair irritada? –

Abro um sorriso leve

– de acordo com a lei, você nunca poderá me chamar assim –

– leis…– diz revirando os olhos –

Me viro olhando pra ela. Entrego a flor pra mulher que já estava a olhar pra mim

– é uma margarida. Significa amor e bondade –

– gosta de flores? –

– o suficiente para saber cada significado –

– o que as rosas significam? –

– respeito e admiração – Sina sorri de canto – um dia eu te dou uma –

– são as minhas favoritas –

– qual é a do lado? –

– eu vinha aqui com meu irmão, antes dele…–

– falecer…– a mulher respira fundo – eu também perdi alguém muito importante. O nome dela era Brooke –

– irmã? –

– olha, eu não respeito nenhuma das regras do reino, muito menos o toque de recolher – afirmo com a cabeça – era minha namorada…toda noite, depois dos sinos tocarem, saíamos para nos encontrar na fonte do rei segundo. Não era um dos melhores encontros, mas era especial, era especial pra mim, ela era especial pra minha pessoa. Depois de um tempo, se encontrando sempre, os guardas nos viram, e então…ni dia seguinte, estavamos nuas presas em postes enquanto batiam em nós – seus olhos começam a marejar, mais percebo que Sina faz de tudo para não chorar – tenho as marcas das chicotadas até hoje nas minhas costas. Depois do ocorrido, eu não ia desistir dela, eu a amava. Propus de nós fugirmos…mas, ela apenas fez uma carta dizendo que nunca mais queria me ver e disse coisas absurdas sobre mim e no final eu ganhei o apelido de "praga", como se me apaixonar, independente do gênero…era inimaginável –

Eu li alguns artigos passados no computador do castelo, a homosexualidade teve maior percurso no século 21, depois disso nunca mais foi aceita

– eu nunca me apaixonei por alguém, e tenho medo disso estar acontecendo comigo – me sento olhando pra baixo – sentiu as mesmas coisas com ela, igual sentiu comigo? – olho pra menina que continua calada ainda me olhando –

– não. Com você eu tive um imprint, ela foi um amor que sumiu, e pediu pra voltar…ontem…–

– era por isso que você estava tão deprimida ontem a noite? –

– mesmo não sendo tão próxima de você, não posso esconder os sinais de que você é alguém que futuramente, será minha –

Como isso pode ser tão errado aos olhos de outras pessoas?

Ela está mentindo, de alguma firma, eu sabia disso. Mais a pergunta é, sobre o que ela está mentindo?

Encosto numa árvore olhando pros seus frutos, pitaia, eu era apaixonada por essas frutinhas. Olho pra Sirena que vem até mim, lentamente. A mulher deita sua cabeça em meu ombro e eu a abraço

– ficou cicatrizes? –

– sim…prometi a mim mesma que nunca mais passaria por aquilo novamente…-