prólogo

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PRÓLOGO

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PRÓLOGO

SÃO PAULO, BRASILSETEMBRO, 2022

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SÃO PAULO, BRASIL
SETEMBRO, 2022


"easy" "very easy" "fácil"

A sensação de contentamento é logo preenchida pelo corpo da garota, que se apressava em digitar as palavras antes mesmo do jogo fechar e voltar ao lobby. Ela logo foi farpada de volta por um influencer do time adversário, que entendeu sua brincadeira, afinal, o mesmo era main Yoru e durante a partida foi uma pedra em seu sapato, usando bangs, tp''s, e ults em milhares de rounds, só faltou tacar a própria mãe.

A parte de jogar no Radiante era boa, o pessoal geralmente jogava sério e você acaba conhecendo todo mundo, devido ao número reduzido de players no elo. Por um tempo a menina até tentou smurfar em rankeds de elos mais baixos e mesmo que amasse ter o deleite de carregar seu time e mostrar que seus treinos particulares realmente estavam dando certo, odiava lidar com alguns homens que jogava contra, e até algumas vezes, fazia parte do seu time.

O assédio e xingamentos eram demais pra ela, mas isso não a impedia de denunciar ou rebater os tipos de violência, pelo contrário, era conhecida por alguns como tóxica, seja por insultar até o tataravô de alguém, ou por cobrar demais do seu time.

Kimberly abriu seu Twitter a fim de ver as novidades, conversar com seus amigos ou até mesmo, com sorte, promover sua carreira, afinal, estava F/A até o momento. Mas não, nenhuma DM, nenhuma proposta, nenhuma mensagem. Tudo igual.

Ela olha pro teto e roda em sua cadeira, o tempo estava passando e ela tinha que conseguir algo mais sólido, os campeonatos que participou não foram o suficiente pra se consolidar em uma organização, e seu combinado com sua família era de que se não conseguisse algo até o próximo ano, teria que ingressar em uma faculdade, seja lá qual fosse.

Batidas em sua porta são ouvidas e com ela, um rosto masculino aparece em apenas metade da porta entreaberta.

­— Vim saber quando o coelho vai finalmente sair da toca — seu irmão mais velho, Pedro Arthur, entra e fecha a porta, segurando um prato de comida na mão e avaliando atentamente o rosto de sua irmã mais nova.

— Tava jogando, maninho — um sorriso sem graça e triste aparece no rosto da garota, hoje era domingo e assim como todos os domingos, sua família se reúne pra almoçarem juntos. Kimberly não era tão presente quanto gostaria, pois na cabeça da garota, só seria reconhecida se treinasse e jogasse ao ponto de ser perfeita, ela carregaria até o Aspas se fosse preciso.

— Nenhuma novidade, só vim me despedir de você, já estamos indo — Pedro coloca o prato em uma mesa e se aproxima, sentando ao lado da garota e olhando em volta pensando o quanto ela deve ficar trancada nesse quarto. — O que foi, Lily? sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, você nem apareceu pra almoçar com a gente.

Kimberly olha para seu irmão, que a encara de volta, ela não pretendia lamentar com seu irmão mais velho sobre sua vida até então, incerta. Na verdade ela se sentia bem patética ali, ao lado dele, Pedro Arthur era o exemplo de filho que deu certo para seus pais, aquele que fez faculdade, que casou cedo e já lhes deu netinhos. Talvez ela devesse seguir os passos dele, não?

— Acho que não tenho chances — a mais nova solta após um longo período de silêncio, Pedro encara sua irmã mais nova, sua expressão rapidamente se contorcendo de tristeza, seu queixo tremendo mostrando que logo derramaria lágrimas.

A abraçou sem pestanejar, sabia o quanto aquilo era importante pra ela, e que treinava mais do que o recomendado para uma pessoa saudável. Ele também costumava jogar, então sabia que se ela fosse um garoto certamente já teria sido contratada por alguma organização grande.

— Você vai conseguir Lily, eu já vi você jogando, e como um proplayer de Pacman, posso dizer que você tem futuro, só precisa esperar. — Pedro a balança como costumava fazer com seu filho quando era recém nascido, durante noites difíceis. Ao escutar uma risada e um beliscão e sua costela, ele a solta.

— Nossa, que ingrata! Estou tentando te ajudar e acabo sendo agredido, bem que vovó diz que esses jogos de tiro só servem pra corromper os jovens. — diz em tom de risada.

— Deixa de ser idiota! — Kimberly ri enquanto tenta dar mais beliscões em seu irmão, que rapidamente tenta desviar. — Estou falando sério, Pedro. O que eu preciso fazer pra me contratarem? será que vou ter que bater na porta da Fúria? montar uma placa escrito "me contratem, por favor! prometo que sou boa!" e só sair de lá se chamarem a polícia? por que se você quiser me dar uma carona podemos ir lá agora!

Pedro Arthur a segura rindo e a impedindo de se levantar, ele realmente não duvidava da capacidade dela.

— Calma, Kimberly. Você vai conseguir, mas primeiro come seu almoço. — disse se levantando e apontando seus dois dedos para os próprios olhos e logo após pra ela. — Estou de olho em você, agora me dê um abraço, já passei muito tempo aqui. — Deu outro abraço, agora de despedida em sua irmã e deixou o quarto.

A garota pega o prato com seu almoço e procura algo pra assistir, o Youtube me indicou um vídeo do Jukes do LOL e eu assisti um jogo dele onde ele tilta completamente. Ela o achava incrível.

Em certo ponto do vídeo a garota começou a pensar em seu futuro, se o que estava fazendo valia a pena o esforço, e que talvez ela nunca passe de campeonatos tier B ou A, seus pensamentos logo correram pro plano B, caso tudo desse errado. Talvez cursar jornalismo não seja de todo ruim, poderia tentar um trabalho futuramente sendo caster de algum e-sport, ou algo parecido.

Se a vida não te deu uma limonada, talvez um suco de laranja seja o que mais chegue perto... à esse ponto ela não sabia nem se essa analogia fazia sentido ou não, mas a ideia de fazer jornalismo não parecia péssima. Quem sabe ela até se forme e vá para a Europa e vire comentarista de times europeus, isso certamente seria legal e não tão difícil, pois já era estudante da língua inglesa, então não haveria tantos problemas quanto à barreira idiomática.

Sua mente correu e percorreu outros possíveis caminhos que a trouxessem minimamente mais perto possível do seu sonho, caso tudo desse errado, e parando pra pensar, talvez ela tenha mais chances como jornalista de e-sport do que como jogadora, afinal, há muito machismo no mundo dos pro-players. Já estava prestes a levantar, caminhar até a sala e anunciar para sua familia que iria ingressar na faculdade, até perceber o barulho de notificação.

Twitter.

A logo verde e preto brilhando em sua tela como um vagalume a impediu momentaneamente de ter alguma reação, primeiro ela achou que era um bot tentando fazer um bait, até clicar no conteúdo da mensagem e ver o verificado azulzinho. Antes mesmo de ler, entrou e saiu do perfil inúmeras vezes com o objetivo de checar a veracidade da conta.

— Meu Deus, Meu Deus, Meu Deus! — a garota exasperou enquanto sentia sua mão soar e tremer um pouco, dificultando visualizar o conteúdo da mensagem por estarem um pouco úmidas.

Eles estavam pedindo, isso mesmo, pedindo pra entrar em contato com ela.

E assim, um grito um tanto quanto histérico foi ouvido por toda a casa da família Sartori.

ASCENSION, loud cauanzinOnde histórias criam vida. Descubra agora