CAPÍTULO III

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CAPÍTULO III

Lara estava presa dentro do ônibus da linha cento e seis às cinco da manhã em pé segurando no balaústre vertical próximo da saída desejando que chegasse logo em Nova Iguaçu. A expressões ansiosas estavam escondidas entre os fios loiros e o olhar amargurado.

Seus olhos azuis profundos por alguns instantes se prenderam no garotinho de seis anos do seu lado segurando um jornal, apreciando como as mãozinhas seguravam tão apertado as folhas ásperas do jornal.

-"Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas.".- o garotinho disse mostrando a notícia sobre as manchas solares aparentes - Será que o sexto selo já foi aberto?

Questionava balançando a folha amarronzada na frente de Lara, surpreendendo-na evidentemente pelos olhos arregalados, sobrancelhas arqueadas e lábios entreabertos.

- Pivete?- a loira temendo o fanatismo, a qual o garoto estava se proporcionando - Pula essa parte e preenche a cruzada atrás dessa budega.

Amenizava afagando os fios castanhos caramelo que escondiam o rosto redondo do garotinho preso nas palavras daquela coluna. Como aquela criancinha adorável de pele oliva - de acordo consigo mesmo era aperreado por sardas- e olhos castanhos avelã, poderia ser filho de monstros? E pior, vindo de um passado cruel e enlouquecedor.

- A nossa parada está perto, não é?

No entanto, sua perguntas eram protótipos de punição feitas pelos demônios. Algo havia abalado Lara através daquela frase. Era como um gatilho.

- É essa, pivete.

Lara informou dando passagem para o garoto sair do banco, deixando a mulher de cabelos castanhos e sotaque estranho sozinha.

- Seu filhinho parece ser uma criança bem esperta.- comentou a mulher cujos olhos pareciam perdidos - Cuide bem dele...

Resmungou entortando seu pescoço em direção da loira, criando um receio inexplicável dentro de seu estômago. O longo sorriso de dentes amarelados quando o ônibus diminuía a velocidade.

- Fica longe do pivete, vagabunda.-Lara respondeu se afastando na intenção de procurar o garotinho. Onde ele estava em meio ao aglomerado de pessoas em pé naquele ônibus lotado- Cadê você, pivete?

A sensação de claustrofobia se instalou quando os olhos atordoados não encontraram a criança naquele acúmulo de pessoas mais parecido com um rei-dos-ratos humano.

Desesperada, ela se embrenhou entre os trabalhadores cansados e estudantes conturbados:

- Você viu um garotinho por aqui?

- Minha senhora, não sei o que tu tá usando, mas quero um pouco.

Respondeu o estudante com expressões de um defunto ambulante, observando a mulher que a alguns minutos estava de costas para ele falando sozinha.

Lara parecia perdida em meio ao maçante caos que sua vida estava se tornando enquanto observava ao redor e reparava os olhos cruéis sobre ela. Uma viciada, paranóica e desempregada.

Cultive a discórdia em meio à terra seca.

Seus olhos perdidos então transbordaram em lágrimas e soluços. Seus dedos cheios de calos massagearam entre os fios da própria cabeça. O desespero para se prender a algo tornou-se mais necessário.

- O meu menininho? Onde ele está?

As deploráveis lembranças do dia anterior afogavam-na antes que o carimbo vermelho se estampasse nas folhas em sua frente pela mulher de olhos castanhos e expressões ardilosas.

- Você, Lara Coelho, definitivamente não se encaixa no padrão exigido.- revelou jogando o currículo em cima de outro, onde Lara pôde ler "Zacarias" antes do impacto dos papéis apesar da visão turva- Por isso, esteja aqui amanhã de manhã.

Afirmou passando as mãos oliva no pescoço, laçando-a com o olhar:

- E não se esqueça...- levantou-se encarando a loira e abrindo a porta permitindo o odor amadeirado de seu perfume escapar- Sorte não existe nesse emprego. A porta da rua é a serventia da casa, caso pense que deve permanecer após seu primeiro caso.

Lara parecia submersa em expectativas, e a mulher presente ali reparou o traiçoeiro pavor acompanhando a jovem loira. Ela havia investigado bem a loira antes de permiti-la entrar naquela sala, desde os evidentes laudos de esquizofrenia até denúncias de impulsos violentos.

- Ninguém a julgaria se desistisse.- continuou a mulher observando os passos de Lara, a qual parecia apática naquele momento com os olhos vazios e bolsas inchadas abaixo deles- Apenas me ligue se mudar de idéia.

Quebrando o possível voto de silêncio, Lara se manifestou sobre o assunto desde a entrada na sala de estilo irritantemente clean com janelas maxim-ar nas laterais.

- Qual teu nome, chefia?

Para a mulher aquilo havia soado grosseiro, no entanto, ignorou completamente.

- Sarah.- ela revelava, transmitindo certa soberania sobre a loira- Me chamo Sarah.

Lara soltou uma pequena risada ao perceber o quão arrogante a mulher parecia em primeira impressão, logo saindo dali:

- Que nomezinho da porra, viu.

📍) O capítulo pereceu um pouco confuso ainda sim, no entanto, espero que combine com nossa querida Lara.

📍) Espero que estejam gostando da leitura e do caminho que está tomando😉

📍) Alguma crítica ou teoria a ser dita?

📍) Por favor, ajudem com a divulgação da história, se puderem.

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⏰ Última atualização: Aug 27, 2023 ⏰

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