Ciclo Eterno

A Ordem

Um garoto franzino, cabelos pretos e escorridos, vestindo roupas pomposas e elegantes, caminhava encurvado pelas estradas em direção ao Santuário Dual. Em busca de respostas para suas angústias e também pelo apelo de seu pai, Aiden ingressou na Ordem, apenas um dia antes do seu 19° aniversário e um dia após a morte de sua mãe. Ao avistar o imenso complexo, o rapaz arregala os olhos, se confundindo entre suas ansiedades, suas borboletas no estômago pareciam besouros.

As instalações centrais da Ordem estão abrigadas em um complexo monumental, uma verdadeira fusão de elementos que simbolizam a dualidade entre a vida e a morte. O santuário é uma mistura intrincada de mármore branco e negro, com ângulos retos e linhas precisas que contrastam e se harmonizam ao mesmo tempo.

O exterior do complexo é adornado com esculturas esculpidas, cada uma representando aspectos da vida e da morte em harmonia. Grandes arcos de pedra cinza conectam os edifícios, criando um contraste marcante com as superfícies lisas e angulares. Um pátio central é decorado com um jardim meticulosamente planejado, onde flores brancas e escuras crescem lado a lado.

Os edifícios, com suas paredes de mármore branco e preto, contêm bibliotecas com livros antigos, salões de meditação e câmaras de estudo. Os tetos são abobadados, com vitrais que filtram a luz solar em tons suaves de branco e cinza, criando um ambiente sereno e introspectivo. Corredores espaçosos conduzem aos diferentes setores, com símbolos gravados nas paredes que representam os princípios da Ordem.

Um observatório elevado oferece vistas panorâmicas dos reinos dos vivos e dos mortos, lembrando constantemente os acólitos da interconexão entre ambos. Nas áreas mais profundas do complexo, câmaras de reflexão possuem espelhos polidos que refletem e multiplicam a luz, simbolizando a ideia de múltiplas dimensões da existência.

O santuário dual é um testemunho da busca incessante pela harmonia entre os opostos, capturando a essência da Ordem em sua arquitetura impressionante e imponente.

Do lado de fora da grande entrada do lugar, Aiden, junto de centenas de outros acólitos, é recebido por um homem de meia idade simpático e receptivo. Reverendo Rustyn era um nome muito conhecido e Aiden se lembrou de quando sua mãe lhe disse que seu grande bigode de morsa era inconfundível:

- Meus jovens acólitos, bem-vindos a este lugar sagrado onde os limites entre os reinos dos vivos e dos mortos se unem como as linhas de um destino entrelaçado. Aqui, no limiar deste Santuário Dual, vocês começam uma jornada que transcenderá as fronteiras do entendimento humano. Cada passo que dão em direção a este complexo monumento é um passo em direção à compreensão das profundezas ocultas da vida e da morte.

- Hoje, vocês se unem à Ordem não apenas como aprendizes, mas como portadores da luz que deve iluminar os mistérios que nos cercam. Eu, Reverendo Rustyn, estou aqui para orientá-los nessa jornada de descoberta e reflexão. Sou apenas um condutor de conhecimento, um guardião das verdades antigas que foram transmitidas de geração em geração.

- Ao longo dos séculos, nossa Ordem tem sido guardiã dos segredos que permeiam os reinos. Aqui, vocês aprenderão a arte de ouvir os sussurros do passado, a decifrar os enigmas que a existência nos oferece. Cada livro antigo em nossas bibliotecas, cada momento de meditação nas câmaras silenciosas, é uma oportunidade para se tornarem mais próximos das verdades ocultas.

- Mas, meus jovens, saibam que os caminhos da Ordem não são trilhados sem desafios. Os mistérios que buscamos não se revelam facilmente, e os segredos que carregamos são tanto um fardo quanto um privilégio. A responsabilidade que vocês aceitam hoje é a de proteger o equilíbrio entre os reinos, de manter a chama do conhecimento acesa mesmo nos momentos mais sombrios.

- Aqui, vocês encontrarão camaradas, mentores e amigos. A irmandade que vocês formarão se tornará um pilar de apoio, um refúgio nas horas de dúvida. E quando as sombras da incerteza pairarem sobre vocês, lembrem-se de que a Ordem está sempre aqui, uma luz guia nos becos escuros da mente.