O mundo dos mortos

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O reverendo - ou pelo menos o corpo dele - puxava Aiden por um corredor escuro, se adentrando nas entranhas do grande complexo da Ordem. O garoto tentava se desvencilhar mas o aperto do homem era firme como algemas:

- Eu preciso de você meu amigo, você é essencial para isso!

- Por favor me solta!

Aiden berrava por ajuda naqueles corredores escuros e estreitos. O aperto de Rustyn causava em Aiden uma sensação horrível, como se seu braço estivesse cravado por grilhões ferventes. A única iluminação que via, era aquela que saía da palma da mão do reverendo, uma luz fraca e pálida que iluminava cinco metros à frente:

- Precisamos pegar o Liam! Ele está armado correndo pelo santuário - disse Aiden:

- Esqueça ele por enquanto, ele sempre soube se virar longe de mim:

- Mas você é o pai dele! Tem que protegê-lo:

- Garanto que o meu filho sabe se virar melhor que eu querido Aiden, não é algo pra se preocupar:

O rapaz não entendia como um pai poderia abandonar o filho para trás em frente ao perigo. Ainda mais depois desse encontro com o sobrenatural. Rustyn interrompe sua fuga em frente a uma parede escura no fim de um corredor. Com um braço esticado, ele aperta os olhos com força e entoa:

- Escuridão profana, eu lhe expurgo do caminho do bem e lhe queimo com a luz sagrada da aurora do conhecimento! Abra-te, ó caminho em direção ao glorioso altar da sabedoria! Guia-nos brilho cósmico das estrelas e rejeita todo murmúrio sombrio que se ergue perante nós!

Sua mão começa a brilhar com mais intensidade, fazendo o entorno inteiro clarear como o dia. A passagem também se ilumina, expulsando a escuridão que a engolfava e abrindo passagem para os dois. Do outro lado, Aiden vê um rosto conhecido. Um rapaz loiro, alto e forte:

- Erik?

O reverendo lança o menino franzino nos braços de Erik e a passagem se fecha novamente.

Com um empurrão, Aiden afasta o amigo para longe e se esgueira para trás, encostando numa parede. Erik levanta os braços em sinal de paz, com os olhos preocupados e pergunta se o amigo está bem. Aiden olha desesperado de um lado para o outro, batendo em suas têmporas e tapando os ouvidos, os dentes rangendo e o suor escorrendo pela sua testa. Erik tenta segurar em um de seus braços, mas leva um arranhão que deixa lascas de sua pele sob as unhas de Aiden:

- Tá tudo bem amigão, sou eu:

- Não chegue perto de mim! Você estava aqui para me receber então sabe o que está acontecendo! Eu não te conheço, estou aqui só há três dias, não somos amigos, o senhor reverendo não é meu amigo, Liam não é nosso amigo nem a professora Virelith:

Ele repete palavras desconexas, alegações e indagações deslocadas da realidade. Em crise, ele chuta a canela do seu amigo, fazendo-o pular para trás. Num avanço feroz como um predador, Aiden pula para arranhar a cara de Erik, quando sua visão desliga, com um golpe de karatê certeiro do veterano da Ordem, direto em seu ombro direito, fazendo-o ser jogado no chão.

Algum tempo depois Aiden acorda, ainda tonto pelo golpe que levara, percebe que está se movendo. Com esforço, abre aos poucos os olhos e observa um caminho turvo e escuro, sendo iluminado por um pequeno brilho. Ele sente fios de cabelo tocando seu rosto e um cheiro suave duma brisa de verão:

- Acordou amigão? Está mais calmo?

Aiden reconhece a voz de Erik e percebe que o amigo o estava carregando:

- Onde nós estamos? - pergunta Aiden com a voz cansada:

- Estamos nos escondendo, tem algo muito estranho acontecendo com a Ordem. A Sra. Virelith e o reverendo Rustyn me contaram algumas coisas ano passado, à respeito do véu entre os dois mundos:

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⏰ Last updated: Aug 31, 2023 ⏰

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