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Emilly Nayuri

Encaro uma Rafaela nervosa roendo as unhas que antes tinha um alongamento de gel ali ao meu lado e sei que a garota tá querendo surtar, que está com vontade de levantar da cadeira e sair correndo sem rumo, conheço bem minha cria.

Emilly: Não surta, talvez nem dê positivo, cara.- Minto mesmo já sabendo que vai dar positivo sim e olho pra ela, que está encarando o nada roendo a unha. Junto nossas mãos em um aperto forte e levo até meu colo, fazendo ela olhar pra mim.- E se der também, a gente cuida minha preta, a dinda aqui já ama muito. Se for menina vai se chamar até Emilly em homenagem a mim.-Brinco e ela rir, achando a maior graça.

Rafaela: Boba!- Dá um tapinha na minha cabeça, mas logo a feição preocupada volta e ela respira fundo.- Não sei qual vai ser minha reação quando o exame chegar e eu ver com meus próprios olhos o resultado que já sei muito bem.- Seus olhos se enchem de lágrimas e eu deito a cabeça em seu ombro.- Meus pais vão me matar e me colocar pra fora de casa!

Emilly: A gente vai dar um jeito, prometo.- Aperto forte sua mão sorrindo fraco pra ela, que funga assentindo com a cabeça.- Vou tá do seu lado pra qualquer coisa, nega.

Rafaela: Mas e se...- Interrompo ela antes que termine.

Emilly: Confia em mim, porra! Alguma vez já te deixei na mão?- Ela nega com a cabeça e eu abro um sorriso pra ela.- Então minha preta, relaxa que vai dar tudo certo, confia na tua sobrinha cara.

Hoje faz dois dias desde que a gente contou tudo pra minha mãe lá em casa e ela surtou com a Rafa quando soube que ela tava grávida e quem era o pai do neném. Não um surto ruim, um surto do tipo "Sua safada, porque não me contou uma fofoca quentes dessa? Eu teria ajudado vocês a darem perdido nos nossos pais!" É, minha mãe parece mais uma amiga do que uma irmã mais velha as vezes.

Isso que eu amo nela, porque tipo, ela é minha mãe e amiga ao mesmo tempo. Quando eu preciso de uma amiga conselheira e que não me julgue, ela tá lá, mas quando eu preciso da minha mãe carinhosa, que dá conselhos e briga comigo, ela tá lá também. Tá que ela é mais mãe do que amiga, mas eu gosto disso nela, confio nela pra contar tudo da minha vida, ela é minha melhor e conhece todos os meus segredos. Tá, não todos, o lance com o Nandinho ela não sabe, mas é só porque ele me implorou pra não contar a ninguém. Mas agora que a gente não está mais juntos, vou abrir o jogo com ela, que se foda.

Minha mãe aconselhou que Rafaela fizesse um exame de sangue pra confirmar a gravidez, por mais que ela dissesse que não tem falso positivo, e as chances de dar positivo e não ser verdade é muito pequena. Ela disse que se fosse um negativo até poderia ser, mas falso positivo raramente acontece.

Rayssa: Meninas, me acompanhem.- Minha mãe aparece no nosso campo de visão com um envelope na mão, e então ela anda em direção a sua sala. A gente segue ela, já conhecendo muito bem o caminho.- Bom, o exame ficou pronto.- Minha mãe se senta na cadeira atrás da sua mesa ajeitando o decote da blusa por baixo do seu jaleco.

Minha mãe mãe é uma mulher muito bonita, no auge dos seus 36 anos ela nem aparenta a idade que tem, às vezes quando saímos na rua as pessoas pensam que ela é minha irmã. Seu corte de cabelo ainda é mesmo desde que me lembro por gente, a diferença é só que ele não é mais loiro e sim preto. Ela também tirou o aparelho e o piercing que tinha antes no septo, agora só usa o do nariz por conta do trabalho.

Rafaela: Por favor, me fala que deu negativo.- Tadinha, sinto pena da coitada, tão iludida minha bichinha.

Rayssa: Sinto muito Rafa, mas deu positivo como eu já sabia que daria.- Fala o óbvio e vejo quando Rafaela se acaba no choro levando as mãos ao rosto.

Lance Proibido (pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora