CAPÍTULO 42

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NARRAÇÃO

Giovanna paralisou ao olhar para ele e Gloria sorria com a sintonia dos dois que era natural. A escritora continuava conversando com Alexandre Nero sobre a vida profissional e o tal projeto que ela o convidou para participar. 

- Então, vamos deixar de fofocar. - Gloria interrompeu a conversa com o ator. - A Gio precisa ver alguns detalhes de agenda e contrato antes de confirmar, e você Alexandre?

- Eu topo. - Alexandre não hesitou. - E espero que me paguem o meu extra se a Giovanna topar, ela sempre me maltrata demais. 

Todos gargalharam, mas Giovanna se resumiu em um sorriso. Um sorriso que fez Alexandre se arrumar na cadeira e conferir seus fones de ouvido. 

- Então é isso. - Gloria finalizou. - Gio, aguardo sua resposta. A Luci também já aceitou, conversa com sua equipe e me retorne tá?

- Certo, beijo Glorinha. - Giovanna se despediu. - Tchau pessoal!

Enquanto todos desligavam a chamada de vídeo, Giovanna e Alexandre continuavam tentando desconectar. Ela ia ficando cada vez mais nervosa com o próprio celular sem conseguir sair da chamada. 

- Parece que continuamos ruins nisso né? - Alexandre sorria sem parar. 

- É demais pra mim. - Giovanna sorriu desistindo de desligar. - Só a gente não conseguiu sair?

- Não to enxergando, mas acho que sim. - O ator apertou os olhos. - O preço de envelhecer não é barato.

- Eu que o diga. - Ela sorriu tocando a tela ao ver o rosto dele.  - Mais uma parceria?

- Nossos fãs vão pirar né? - Alexandre a olhou. - Espera, tá me confirmando?

- Eu sempre quis ressurgir meus personagens mortos. - Giovanna sorriu pra ele. - Mas a verdade é que preciso ver como tudo isso se encaixa na minha rotina.

- Tu vai dar um jeito... - Nero sorriu de volta. 

- Não sei não Nero, tem em casa também. - Ela ficou mais nervosa.

- Eu sei, tô apreensivo com isso, mas eu sei que... - Alexandre desviou o olhar da tela. 

- O que? - Giovanna buscou o olhar e a resposta dele. 

- Vale a pena. - Nero a olhou antes de suspirar. 

Giovanna não sabia como responder a ele e muito menos como continuar aquela conversa. Por mais que lutasse e reprimisse, qualquer olhar de Alexandre já a inundava de todos os sentimentos e momentos compartilhados, ela o amava mais do que conseguia admitir. 

- Bem, espero que... - Giovanna tentou continuar. - Dê certo. Tchau Nero.

- Beijo Gio. - Ele conseguiu desligar.

Ele se sentia paralisado, deveria ter dito aquilo? Daquela forma? Não importava, ela continuava encantadora como ele sempre tinha em suas memórias. Não evitou acompanhar o trabalho de Giovanna desde o fim de A Regra do Jogo, mas era como uma grande história de amor do século passado, ficava lá. No passado. Até agora.

Alexandre pegou seu telefone e seguiu para a academia, as horas de seus treinos precisavam surtir algum efeito e ele sempre se preparava o quanto fosse possível para seus trabalhos na TV e para ter disposição e energia para seus meninos. 

- Giovanna, Giovanna... - Ele suspirou ao olhar no espelho e lembrar dos olhos dela na reunião. 

GIOVANNA ANTONELLI

Gloria conseguia ser muito persuasiva quando queria realizar uma história. Eu tinha uma eterna gratidão a ela como a muitos autores por terem me escolhido para dar vida a tantos personagens importantes. Mas aquela reunião despertou algo ainda maior dentro de mim. Estaria pronta para voltar para a rotina de gravação? Estaria pronta para ressuscitar minha querida delegada? E ainda, estaria pronta para voltar a gravar com ele?

Alexandre estava de volta. Como ele conseguiu ficar ainda mais gostoso? O tempo fez mais do que ajudar, o tempo transformou este homem. Da água para o vinho, e dos bons. Aquele trabalho era um privilégio que não poderia recusar. Por mais que minha boca negasse e eu lutasse com todas as forças, sempre soube que aqui no fundo, trabalhar com ele era tudo que eu mais queria.

- Oi, podemos jantar juntos hoje? - Giovanna ligou para seu marido. - Preciso conversar.

NARRAÇÃO

Alexandre chegou em casa cedo e foi recebido por seus filhos correndo mais uma vez. Eles tinham tanta energia que ele mal conseguiu tomar banho e já estavam brincando no quintal de casa. Karen estava arrumando as malas para mais uma viagem à São Paulo enquanto eles gargalhavam do lado de fora. Ela puxou a cortina de seu quarto e lá de cima conseguiu ver a cena mais linda que Alexandre poderia lhe entregar: ser o melhor pai do mundo. 

- Amor, me ajuda aqui! - Karen gritou quando tentava colocar a mala dentro do carro. 

Nero correu até ela e colocou o peso para dentro com muita facilidade. Depois de se despedir da esposa, ele voltou para os filhos que assistiam mais um de seus filmes preferidos. Noá estava com sua bola de futebol e Inã já com sua mamadeira. Os dois estavam jogados no sofá e era um dos melhores convites para um pai apaixonado.

- Alô? - Alexandre atendeu o telefone meio sonolento.

- Amor, preciso que preste atenção. - Karen falava mais devagar. - O Inã tem que tomar remédio às oito e o Noá tem natação às nove. Depois vai levar o Inã na escola e buscar o Noá da natação. 

- Sim, sim. - Nero ainda estava com os olhos fechados. 

- Tá me entendendo Nero? - A mulher ficou preocupada. - Eu vou ligar amanhã também e te mandar por escrito, tá bom?

- Tá bom Gio... - Ele respondeu sem perceber. 

- Do que você me chamou? - Karen mudou o tom de voz. 

Ele levantou rápido após ter noção do que havia feito e tentou não parecer nervoso para não receber a devida raiva de sua esposa. 

- Eu falei que entendi amor. - Nero pigarreou antes e depois de responder.

- Tá. Até amanhã. - Karen bufou já confirmando o que tinha ouvido.

Ela desligou o telefone antes que ele conseguisse se despedir e explicar. Mas não tinha exatamente o que dizer, havia chamado sua esposa pelo apelido da sua... Não sabia nem nomear.

GIOVANNA ANTONELLI

Me arrumei rápido para o jantar. Leonardo já estava me esperando na sala todo emburrado porque eu me atrasei. Mas desci mesmo assim, precisavámos conversar sobre o tal projeto da Gloria e ele teria que entender meus motivos. Desde nosso primeiro encontro, a opinião dele era muito importante pra mim, ele tinha uma espécie de magia quando eu era mais nova, talvez por ser mais velho e me dar a certeza da experiencia... Agora, nos tornamos o que eu mais temia: um casal conveniente.

- Vamos, já ligaram do restaurante. - Leonardo sequer me olhou.

Chegamos em um dos nossos lugares preferidos, ou costumava ser. Ele abria a porta do carro, não me deixava encostar em qualquer maçaneta porque sempre era tão cavalheiro... Puxava a cadeira para que eu me sentasse e escolhia meu prato preferido porque sempre sabia. Ele era um verdadeiro principe, mas já virou sapo.

- Eu preciso te contar sobre uma proposta de trabalho. - Comecei falar.

- E viemos jantar pra isso? - Ele me interrompeu nervoso. - Porra Giovanna, podemos conversar na nossa cama sobre isso.

- Não é um trabalho qualquer, preciso que tenha paciência e compreensão. - Tentei manter a calma.

- Tá legal... - Leonardo bufou. - Conta.







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