Capítulo 8

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                                                                                         Frederick

No cais, de frente ao Silent Mary, Frederick contempla mais uma vez a bela visão. Não há outro nome. Bela. Simplesmente é a mulher mais bonita que ele já tinha visto. O rosto e o corpo são perfeitos e olhos que, sendo sincero, dão até medo em Frederick, de tão estrondosamente magníficos.

— Então, de onde a bela jovem veio? — ele pergunta, ansioso, olhando para ela. Ela não fala uma palavra sequer. Apenas continua andando, seguindo Hunter pelo píer. — Bom, eu mesmo vim daqui de Marcelle, mas meus ancestrais eram das Ilhas de Prata. É o que meu pai diz.

Ainda sem resposta. Ela apenas segue, acompanhando de perto os passos do capitão. Pelo jeito ela não gosta muito de falar.

— É aqui — Hunter anuncia, apontando para o Silent Mary.

— Partimos de imediato? — ela pergunta.

— Sim — o capitão concorda. — Vou acordar os marinheiros.

Frederick caminha com eles e, quando se aproximam da entrada do navio, ele estende a mão para ajudá-la a pular o vão entre o barco e a ponte do cais. No segundo em que ele quase encosta nela, ela o empurra para o lado com força, tocando a mão direita em sua camisa e o fazendo cair no chão, ao mesmo tempo em que pula para trás, como se estivesse assustada.

— O que você quer? — ela grita.

Frederick permanece imóvel, pasmo.

— Está tudo bem — Hunter diz. — Ele só ia te ajudar a entrar. Ele é inofensivo, garanto. — Ela encara Frederick e vira de costas, entrando no navio sozinha. O capitão se aproxima e o ajuda a levantar.

— O que foi isso? — Frederick pergunta.

— Eu não sei, mas quer parar de dar em cima dela? É óbvio que ela não está interessada.

— Óbvio? — Frederick diz, se levantando. — Agora você exagerou. Ela é um mistério total. Nada sobre essa mulher é óbvio.

— Pare com isso. Ela é bem mais nova que você — Hunter afirma enquanto os dois seguem para entrar no navio.

— Quantos anos acha que eu tenho, capitão? — O amigo parece ofendido.

— Não sei. Você nunca falou. Pensei que tinha uns vinte e sete — Hunter responde e, já dentro do navio, ele começa a pegar algumas cordas do chão e procurar pelos outros marinheiros.

— Ultrajante sua confusão — Frederick rebate. — Eu tenho vinte e seis.

Hunter balança a cabeça e ri.

— Bem, provável que ela tenha uns dezesseis. Então meu ponto é: deixa isso para lá — ele afirma.

O capitão bate palmas e então os homens começam a sair das cabines e de debaixo do convés para a ponte. A garota está parada numa extremidade oposta do barco, olhando para o mar.

— Dezesseis? Com aquele corpo? Duvido. Aposto que tem pelo menos dezoito. E aposto que consigo conquistá-la.

— Atenção, homens! — Hunter grita, ignorando sua colocação. Todos os homens presentes prestam atenção. Até mesmo a garota para de olhar para o mar e se volta para ele. — Nós vamos a Veronika entregar a carga do dono do banco, como todos já sabem. Logo depois, iremos às Ilhas de Prata levar essa senhorita, que irá nos recompensar muito bem e que tem muita pressa de chegar lá. — Murmúrios reinam pelo convés quando os homens olham para ela. — Ela é uma hóspede muito importante e não quero ninguém encostando nela. Ela nos pagará muito bem para apenas fazermos nosso trabalho, entenderam?

Canção das ProfundezasOnde histórias criam vida. Descubra agora