Capítulo 05

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Liandra...

- Voltem para as montanhas quando ouvirem meu comando. - Passei as mãos na pele escamosa de Vele e Hydra, meus dragões. - Façam silêncio e não destruam nada.

Estava no meio de um campo de relva baixa e árvores de copas grandes ao redor. Parei ali depois de me revelar para Luke, o líder do conselho, e também depois de visitar minha filha no castelo de Akira Kingsley.

Acabei vendo mais pessoas do que gostaria.

Aquilo só contribuiu para meu sofrimento.

Suspirei.

O campo estava atrás do vilarejo onde ficava a taberna de Lisa.

Quando fui capturada, libertei meus dois dragões e os mandei para as montanhas com a ordem de só voltarem quando eu os chamasse. As montanhas eram o esconderijo que a casa Dragomir usava para proteger alguns de seus dragões nas guerras. Assim, quando tudo acabasse e caso não houvesse uma vitória, os dragões não entrariam em extinção; o sangue Dragomir prevaleceria para sempre. Sempre haveria um recomeço. Essa era a informação sigilosa de minha corte. Meus dragões, na época do ataque à corte, não estavam bem preparados para uma guerra por serem filhotes, por isso não arrisquei perdê-los.

Quando acordei de todo o pesadelo em que vivi e que me deixou estéril, eu os chamei e eles me encontraram. Agora adultos e fortes, eles me ajudarão a destruir o reino das fadas e recuperar minha filha.

- Hydra. - Chamei meu maior dragão que me observava.

Ele se aproximou.

- Fique sempre perto de Kiara, a proteja. Qualquer ameaça à vida dela, queime quem se atrever a tentar, sem hesitar. - falei.

Hydra fechou seus grandes olhos cor de ouro puro em sinal de que havia entendido o que falei.

Vele, meu outro dragão, pegou impulso e sumiu nas nuvens. Hydra foi para o outro lado, em direção ao castelo de Akira, onde minha filha estava.

"E o pai dela?"

"Com a noiva."

...

A chuva começava a ficar intensa quando cheguei na taberna. O inverno havia chegado, e algumas mesas eram ocupadas por pessoas que bebiam, comiam e conversavam alto.

Prostitutas dos arredores estavam ali como objetos no colo dos comerciantes casados e mais ricos do lugar. Elas sorriam de suas piadas sem graça e aceitavam que eles fizessem tudo o que quisessem com seus corpos, para no final daquele evento de bebedeira e infidelidade, receberem duas moedas de prata.

Passei para atrás do balcão, onde uma quantidade excessiva de variados tipos de bebidas estava exposta para os clientes escolherem uma de seu agrado.

Fiquei de costas, o capuz vermelho ainda cobria minha cabeça, tentando escolher o melhor vinho para passar aquela noite.

De repente, as risadas e as conversas das pessoas que estavam ali pararam, enquanto outras apenas diminuíram o tom.

Era como se a presença superior de alguém os tivesse assustado.

Ouvi alguém bater de leve no balcão atrás de mim.

- Me sirva o melhor vinho que você tiver.

Travei de imediato ao ouvir aquela voz grave.

"Adrian."

Meu corpo travou no lugar, meu coração se esfriou e meus olhos marejaram.

A saudade me matava.

Entre Lobos e Dragões| Em Andamento Onde histórias criam vida. Descubra agora