𝚂𝙲𝚁𝙴𝙰𝙼 𝚀𝚄𝙴𝙴𝙽

ℂ𝔸ℙ𝕀𝕋𝕌𝕃𝕆 ℚ𝕌𝕀ℕℤ𝔼

"Não tão rápido."

Parecia que o mundo parou de girar. Por uma fração de segundo, você se convenceu de que realmente tinha acontecido enquanto observava duas figuras altas, uma delas empunhando uma pistola preta fosca, subindo no palco.

O sorriso perturbado de Mickey diminuiu e ele virou a cabeça para encarar quem o interrompeu no auge de seu monólogo monótono sobre as raízes de sua psicose e tendências obsessivas. Com o seu agressor distraído, você afastou a cabeça do corte da faca e se atreveu a recuar para uma distância segura.

As sombras desapareceram dos rostos dos recém-chegados e você jurou que se ainda não estivesse sem fôlego de tanto correr, teria engasgado audivelmente.

O dedo de Billy se contraiu contra o gatilho, não com força suficiente para lançar uma bala pelos ares, mas apenas para que você pudesse ouvir o clique do mecanismo no lugar. “Nenhuma boa sequência supera o original” ele falou lentamente, a cabeça inclinada para baixo para lançar uma sombra escura sobre os olhos. "Você não aprendeu nada naquela sua aula de cinema, Mickey?"

A maneira como ele disse seu nome como se houvesse veneno em sua língua fez você estremecer. Apesar de ele estar bem na sua frente, sua presença parecia tão irreal. Como se ele fosse apenas um truque de luz ou algum tipo de alucinação induzida por estresse. Parecia que ele havia saído de suas memórias do massacre quando deixou você no balcão da cozinha com nada além de um tornozelo quebrado e um rápido beijo de despedida.

Você só decidiu acreditar que Billy era, de fato, real quando seus olhos se voltaram para cima e viram o garoto mais alto parado a menos de trinta centímetros atrás dele. Os lábios de Stu estavam curvados para cima em um rosnado perigoso apontado diretamente para Mickey. Ele não estava armado (isso você poderia dizer), mas o assassinato em seus olhos era tão ameaçador quanto uma arma apontada para o rosto.

Não querendo desperdiçar a oportunidade de ir embora com vida, você usou o que lhe restava de energia para se abaixar sob o braço de Mickey e correr pelo palco de madeira. Você podia sentir os dedos dele deslizando pelas costas da sua camisa, mas qualquer terror que você sentisse foi imediatamente substituído pela sensação quente e segura dos braços de Billy envolvendo sua figura.

Você queria ficar lá para sempre, guardando na memória a sensação de estar protegido em seu calor enquanto a segurança tomava conta de você, quase fazendo com que lágrimas de alívio se acumulassem em seus olhos. Você estava seguro. Você finalmente estava seguro.

Mas não exatamente.

Sem tirar os olhos do agressor, Billy mexeu no gatilho, gesticulando com o cano da arma para ele largar a faca e ao mesmo tempo abaixando o rosto para registrar um beijo rápido e de confirmação no topo de sua cabeça.

Recusando-se a aceitar a derrota, Mickey sacudiu melodramaticamente o pulso, deixando a faca voar atrás de sua cabeça antes de trazer os braços até a altura dos olhos, flexionando os dedos neuroticamente como se ainda estivesse ansioso para colocar as mãos de volta em você. "Bem" ele riu, "obviamente estou fazendo algo certo se minha pequena apresentação chamou a atenção do maldito Billy Loomis."

Algo semelhante a um rosnado profundo trovejou no fundo da garganta de Billy e ele apertou sua mão livre em volta de sua cintura uma última vez antes de empurrá-la para trás dele, fora de perigo, efetivamente passando você para Stu, que foi rápido em capturá-la no que foi talvez o abraço mais apertado que você já teve o prazer de experimentar.

As lágrimas vieram livremente agora, formando rios nos rebites do seu rosto e se acumulando no tecido da camisa de Stu. Ele cheirava exatamente como o seu ursinho de pelúcia, mas mais forte, confirmando todos os pensamentos que você teve sobre a presença deles na escola este ano.