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O zumbido do vento passando pelas brechas da janela me trouxe de volta ao olhar que repousava sobre o reflexo no espelho

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O zumbido do vento passando pelas brechas da janela me trouxe de volta ao olhar que repousava sobre o reflexo no espelho. Minha mente vagava sem rumo, sem um pensamento claro. Mais uma vez, encarei minha aparência pálida e visivelmente desnutrida, o que acabou com as poucas migalhas de autoestima que me restavam. As roupas largas e encardidas só faziam com que eu parecesse mais velha do que realmente era.

Do lado de fora do quarto, ouvia-se o som apressado dos passos do meu irmão mais novo. Ele abriu a porta de forma violenta e afobada, sem se importar com a força que usava.

— Por Deus, Noah, fale mais devagar! — exclamou meu pai, claramente confuso e impaciente. Ele bufou pelos lábios, franzindo a testa enquanto tentava entender o que Noah havia dito. Seu olhar estava fixo, mas inquieto, como se estivesse lutando para acompanhar o raciocínio.

— Está em todos os jornais, alguém do braçal será transferido de distrito — disse Noah, sua voz quase inaudível pela respiração ofegante.

A casa era pequena, um verdadeiro cubículo, e meu quarto ficava logo ao lado da sala, com as paredes praticamente grudadas. Por isso, era impossível não ouvir a conversa que acontecia ali, e minha atenção foi imediatamente capturada pelas vozes que vinham da sala. Quando saí pelo corredor, avistei meu irmão mais velho saindo do seu quarto, também indo em direção à sala, assim como eu.

— Você tem certeza disso? — perguntou Ethan, com uma expressão de surpresa e incredulidade. Ele se aproximou de Noah, a surpresa evidente em seu rosto, e arrancou o jornal de sua mão com um gesto abrupto.

— Isso é raro — disse Noah, com um tom de voz claramente desacreditado, ainda surpreso.

— Não... é impossível! — exclamou meu pai, com uma mistura de descrença e choque evidente em sua voz.

A Civilização estava organizada em sete distritos, cada um com sua própria importância e nível de riqueza, que aumentavam de forma crescente à medida que se subia na hierarquia. O meu distrito era o penúltimo na lista, o sexto, para ser mais exato. A cada cinco anos, eram sorteados cinco nomes de jovens entre 18 a 24 anos para serem transferidos para distritos superiores, na esperança de uma vida melhor. No entanto, o sorteio raramente, ou talvez nunca, contemplava os distritos 6 e 7, mantendo o ciclo de exclusão e frustração para aqueles que viviam na base da pirâmide social.

O meu distrito, embora não possuísse a riqueza dos demais, ostentava a maior quantidade de habitantes. Somos encarregados dos trabalhos braçais e trocamos nossos serviços por moedas que nos permitem transitar entre os distritos, frequentemente ficando com os encargos mais pesados. Meu pai prestava serviços para o distrito 3, onde se concentrava a população militar, especializando-se em consertos gerais, especialmente encanamento. Seguindo os passos do pai, meu irmão mais velho trabalhava como seu ajudante todos os dias, assumindo uma carga de trabalho que refletia a exigência e a dureza de nossa posição na sociedade.

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⏰ Última atualização: Sep 02 ⏰

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AnaLu | A INSURREIÇÃO (Vol. 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora