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Eu me senti estúpida ao acordar, tal qual um grande inseto com a carapaça virada pro tecido e molas do colchão que me abrigava. Ainda estava escuro lá fora então me levantei, não me permiti pensar em qualquer outra coisa naquele instante que não fosse me levantar, comer e treinar.—Nem mesmo um certo loirinho bonitinho.

Eu usava um conjunto feminino da B.S.A.A, calça escura, blusão verde escuto e moletom cinza. Olhei pra jaqueta de Leon, ao invés do moletom usei ela— Em minha defesa, não sabia onde colocar e não queria perdê-la. Calcei minhas fiéis botas e saí em busca de comida.

O acampamento começava a se movimentar, soldados acordando, outros indo dormir ou descansar. Eu ia direto pro refeitório, ainda estava pouco movimentado, peguei o café da manhã pronto deles e nem me importei em saber o que era. Comi sozinha na mesa quando vejo a figura loira que habitou meus pensamentos antes de dormir entrar  pelo tecido esverdeado da grande tenda.

Meu olhar que até então estava nele se desvia pra comida. Ele andava em minha direção, então me levantei deixando a bandeja no local de lavagem, o moço que estava recebendo me agradeceu e eu saí indo procurar Chris quando uma mulher vestida quase igual a mim — Desconta-se o casaco nessa conta— me para e diz

-Oi, Thalia né? -Ela pergunta com um sorriso leve no rosto

-É... Sim, posso ajudar?-Disse receosa

-Eu que vou te ajudar bobinha! Eu sou a Jill, Chris me mandou aqui, vou te ajudar a se camuflar com o pessoal do esquadrão.- Ela diz e põe a mão na cintura- Vem comigo!

Sigo ela até uma tenda vazia, vazia não, inabitada. Tinham alguns alvos e uma bancada com armas, Jill vai pra bancada.

-Vamos começar a montar e desmontar as armas, nas missões a equipe o esquadrão costuma usar rifles mais pesados, mas nessa em específico por ser um local fechado vamos usar M16's.- Ela me apresenta um modelo e explica cada parte desmontando e montando de novo.-Sua vez, desmonta e monta

Ela aponta pra arma e eu cuidadosamente vou tentando desmontar ela. Jill me ajuda no meio disso, ela demonstra de novo e me manda remontar. Ficamos nisso por horas até eu conseguir montar e desmontar a arma, uma pistola não era nada como uma M16— Eu tinha a prova fidedigna disso.

Ela me observa fazer isso mais uma vez e fala

-Ei, de montar e desmontar deu por hoje, tira um descanso de meia hora e a gente volta pra eu te ensinar a atirar- Ela fala e sai da tenda, não tinham relógios lá na tenda nem comigo, então preferi continuar o que estava fazendo.

Montar, desmontar, montar e desmontar mais uma vez.

Isso tinha me ocupado os pensamentos ate ver a figura loira na "porta" da tenda. Olhei pra ele e senti minhas pernas falharem por poucos milésimos, voltei meu olhar pra arma e terminei de montar ela.

-O que quer? Sua missão terminou.- Falei ríspida, seca, meu corpo era completamente rendido, minha mente era tomada por ele ainda assim eu relutava a me entregar.

Ele me olha por alguns instantes antes de chegar mais perto e dizer limpidamente

-Vou na missão também, Chris me colocou nela, vamos juntos.

-Vamos separados, vou procurar informações sobre o uroboros sozinha. - Disse cruzando os braços- O que quer aqui? Ou veio só pra dizer isso? -Seu rosto era indecifrável por mais que eu quisesse entender. Minhas últimas conversas com Leon pareciam um jogo de xadrez, e eu jogava contra o fodendo Viswanathan Anand.

-O casaco- Ele diz e para. Eu entendo o que ele quis dizer e simplesmente tiro o casaco e jogo pra ele. O frio toca minha pele mas não parece causar nenhum efeito— O que mais me importava na hora era a futilidade de semanas atrás ter pensado remotamente que eu poderia sequer competir com qualquer mulher que ja passou pela vida dele. Eu era Thalia, uma garotinha teimosa, assustada e cabeça dura, ênfase no garotinha. Enquanto toda mulher que passou na vida de Leon, mais conhecida como Ada Wong, era simplesmente a mais desenvolta que eu ja vi na vida.

Click, clack, click clack, monta e desmonta monta e desmonta. Fiz isso ignorando sua presença — Tentando na realidade, tentando e falhando. Ele parecia invisível, não dizia nada, não fazia nada, ate sua respiração parecia camuflada e ele ficava apenas observando.

-O que você tem Thalia? Eu não quis implicar que nossa parceria era apenas por uma missão, pra se tornar mais fácil- Ele diz e eu me encho de raiva. Não era dele quem eu estava com raiva, era de mim.

-Nada Leon, eu não tenho nada!- Desmonto a arma- Eu só estou com raiva de mim mesma por ser fútil o bastante em acreditar que eu poderia ter alguma coisa com você Leon! Leon Scott Kennedy eu estou surtadamente apaixonada por você e simplesmente me corroí por dentro saber que eu nunca seria nada, por que eu não passo de uma menininha assustada, uma missão! Você pode não querer que tivesse implicado mas é inevitável. Eu sou só uma missão!

Foi isso o que eu queria ter dito. Ao invés disso, desmontei e montei minha arma de novo. Click Clack Click Clack.

-Só estou concentrada pra missão, tenho pouco tempo pra aprender tudo. -Falo e continuo a desmontar a M16. Leon definitivamente notou minhas expressões mas simplesmente saiu. Me render a ele seria tão mais fácil. Ainda assim, não sou merecedora de sequer pensar em querer isso. Concentre-se Thalia, Click Clack, montar e desmontar.

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Fiquei mais um tempo sozinha ate Jill voltar, e quando ela volta ela trouxe uma caixa consigo.

-Aqui estão alguns pentes de balas, vamos treinar mira.- Ela me entrega pra colocar na M16 e assim o faço. Empunho a arma e ela me ensina antes a postura correta de se atirar.

Eu tento acertar um dos alvos imóveis mas erro. O ricochete da arma foi muito pesado, eu não estava preparada pra receber um impacto tão grande assim. Nota mental, armas não são todas iguais, definitivamente existe uma diferença, além da estética, entre a M16 e o revolver. Dou passos pra trás e Jill percebe.

-Mantenha a base dos seus pés mais firme, ajuda a aguentar o ricochete da arma. -Ela fala e eu faço. É assim que treinamos pelo resto do dia. E é assim que treinamos pela semana seguinte, até o dia da missão de reconhcecimento.

Era difícil não me distrair naquela hora, ao me arrumar na verdade. Primeira missão de campo, eu cumpriria minha promessa de um jeito ou de outro, ou eu morreria tentando cumpri-la.

Atirei mais mais e mais. Passei o dia treinando minha mira. Não jantei depois do treino, fui pro meu dormitórios ou quarto e me joguei na cama. Suspirei pensando na angústia que estava presente na minha situação.

Me senti terrível, tinha gente bem pior que eu. Me virei afastando esses pensamentos e tentando dormir. O objetivo é treinar pra na missão eu não ir parar em Dubuque.

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⏰ Última atualização: Jan 11 ⏰

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New Rescue - Leon Scott KennedyOnde histórias criam vida. Descubra agora