1

264 20 3
                                    

Eu estava exausta, faziam dias que eu não comia nada e minha água estava acabando. Eu estava completamente cheia de sangue, o cheiro de ferro pútrido me corroía e me enojava, me esforçava constantemente pra não vomitar e acabar atraindo alguma coisa como aquela.

Me escondi debaixo da cama como uma garotinha com medo de um monstro no armário. Estava segurando um facão, agora mal amolado, enquanto controlava minha respiração. Tentei me acalmar ao escutar passos vindos em direção a minha porta e rezar pra o que quer que seja não entrasse.

Chegava até ser cômico, ou terrivelmente trágico a forma a qual eu me encontrava. Antes de tudo começar, eu vivia uma vida comum de estudante de biotecnologia. Eu sempre fiz minhas tarefas, sempre pesquisei e escrevi artigos durante meu tempo no bacharelado. Apenas mais um ano e eu estaria formada, passaria horas a fio no laboratório, me concentraria na minha pesquisa de dados genômicos.

Talvez se eu tivesse tempo, até poderia continuar no ballet! Minha grande paixão por dança nunca foi algo de se espantar de verdade, eu fiz de tudo pra ser a melhor e definitivamente, nos anos que dancei, sempre fui.

Eu escutei batidas fortes na porta, que me tiraram de meus devaneios. Pressionei o facão no meu peito e o segurei forte. Eu sentiria falta de passar horas a fio dançando e ensaiando. Logo quando eu iria apresentar O Lago dos Cisnes isso acontece? Eu seria a rainha dos cisnes...

Nos ensaios eu transbordava paixão no que fazia, até alguns dias atrás era definitivamente algo bom, e eu apresentaria uma ótima performance, mas como sempre, quando algo bom acontece a vida me da mais uma rasteira.

Ao lembrar disso saudosamente, engatinhei mais delicada o possível pra fora da cama. Era difícil me mover quando o sangue de amigos e conhecidos se endurecia e assentava-se na minha pele. Certamente meus movimentos em algumas horas estariam mais prejudicados, nada que levasse a uma morte direta, mas dificultaria muito minha vida.

Me posicionei ao lado da cama mas um pouco a frente para ter espaço pra lutar, coisa que eu definitivamente não era boa a se julgar o meu estado, e onde eu estou agora. Mas era o que eu faria, ou ao menos tentaria fazer.

A porta se desfaz na minha frente entrando dois zumbis na minha frente. Empurro um ao som de tiros e um grito masculino, o outro começo a tentar decapitar ele.

Ao terminar vejo um homem loiro atirando no outro zumbi. Ele era incrivelmente bonito, talvez fosse apenas pelo fato dele ter me salvado agora? Não sei exatamente dizer pela adrenalina do momento, paro pra respirar e começo a tremer ao perceber o que estava acontecendo.

-Senhorita Van Dyne? Eu sou o agente Kennedy, seu pai me mandou pra te tirar daqui- O homem fala se aproximando de mim e me pegando pelo braço. Queria poder dizer algo mas o choque do momento não me permitia.

Eu estava coberta de sangue e com um facão na mão, não necessariamente eu ja teria o usado. Tentei fugir com alguns amigos mas fui covarde o suficiente pra correr assim que as coisas ficaram mais complicadas. Talvez eu não fosse tão amiga assim deles.

Ele foi me guiando até as escadas do dormitório quando um barulho alto me tirou do meu transe. Uma espécie de barricada ,provavelmente feita pelo agente Kennedy , acabou de cair e mais algumas daquelas aberrações seguiam a gente.

Me desvencilhei dele e antes de correr pra copa da cozinha disse pra ele me seguir. O agente assim fez e eu comecei a explicar o que pensava a ele. Isso iria ao menos atrasá-los.

-Coquetel molotov, eu lembro de ainda ter álcool em alguma dessas gavetas, me ajuda a procurar- Falei e comecei a procurar uma garrafa, fósforos e um pano de prato. Este último achei facilmente jogado por cima da pia.

New Rescue - Leon Scott KennedyOnde histórias criam vida. Descubra agora