Capítulo 1: Nickolas Keity (P3)

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— Esse enroladinho tá muito bom, hum — respondeu meu pai comendo escondido.

— Hã! Opa, filhão, o que faz aqui?

— Eu que te pergunto

— Ah, hoje você vai aprender a lutar com o pai

— Por que? — comentei com preguiça

— Já está na hora de você começar a fazer algo produtivo

— Se eu pudesse sair ao menos de casa totalmente... — pensei

— Você tem que largar essa revistas japonesas, e treinar um pouquinho, tomar um sol também

— ...

— Vitamina D é bom, sabia?

— ... Eu realmente preciso fazer isso? — suspiro.

Eu levanto um pouco a cabeça, olhando para meu pai enquanto ele coloca a mão em meu ombro.

— Sim. E além disso, as garotas se amarram em garotos que treinam — diz meu pai, fazendo graça.

Às vezes, me arrependo de ser tão chato naquele dia, mas tudo bem...

— Certo, um momento. Você sabe lutar, por acaso?

— Hã? Claro que sim, dá para perceber isso só olhando para mim — diz ele, no auge da velhice, com sua maior "banha."

Fico indignado.

— Você é bem imprevisível — digo, com a mão no rosto.

— O que eu posso dizer, filhão? Estou cheio de surpresas - meu pai diz.

Sem muitas surpresas da minha indignação, começo a olhar ao redor e vejo que meu pai tinha preparado literalmente tudo, desde equipamentos até um boneco de treino.

— Tudo bem, pai, por onde começamos então?

— Tá vendo aquele boneco que eu comprei? — Ele apontou.

— Aham...

— Imagina que ele é um ladrão, então ele diz: "passa a carteira, cuzão". O que você faz?

Fico sem reação ao ver meu pai fazendo aquela cena toda. Me pergunto o que ele tinha na cabeça para fazer aquela vergonha, afinal?

— Eu... eu claramente dou minha carteira para esse ladrão convincente.

Lembro até hoje dele ficando bravo por eu ter dito aquilo.

— Legal, mas aí ele diz: "Eu quero mais do que o seu dinheiro".

— Hã? Isso seria outro assunto...

— E quando você menos percebe, ele não está sozinho, os parceiros dele estão perto dele.

— O que eu faço então? — Digo com os braços cruzados.

— Se ele estiver distraído com a sua beleza, filhão, você pode segurar um dos ombros dele para imobilizá-lo e atacar bem na fuça dele assim - Meu pai dizia, atacando o boneco ao mesmo tempo.

— Eu tenho mesmo que fazer isso?

— Sim, e olha que eles estão ficando impacientes.

Então ele pegou mais alguns bonecos e começou a me bater com eles.

— Rápido, filhão, eles vão te pegar!

Nisso, tento fazer a minha maior vergonha na época, treinar minha autodefesa. Apanho para um boneco e sou jogado contra uma árvore.

Fico enfurecido.

— Beleza, filhão, você foi derrotado, mas eles querem uma segunda rodada, o que você vai fazer!?

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