bubbling cherry.

80 palavras por minuto.

a insanidade correndo em minhas veias inaugura a doce tontura da paixão e tenho a imensa vontade de engolir todas as flores que você plantou no meu coração. não é a primeira vez e já sou bem grandinha pra diferenciar o que é o amor, mas isso não anula o fato de que quando te abraço, paracem que todos meus meus neurônios se fundem e o caos elétrico explode na ponta dos meus dedos da mesma maneira sua boca expande palavras loucas.

eu não sei onde começou e também não sei onde acaba, talvez não exista um começo, meio e fim nisso, mas sinto margaridas florescendo na minha garganta e eu arranco uma por uma com cuidado, para contar todos os bem-me-quer ou mal-me-quer possíveis, até que meu coração apodreça as flores com a decepção amorosa e eu vomite todas na porta do meu mundo, que nunca se parte; que não tem um começo ou um fim; que sempre se transforma.

a cereja-borbulhante do bolo implodiu no baile sinfônico iluminado por vagalumes, o leão liderava a banda sinfônica de pássaros e o líquido bolhoso de cereja derrete nos meus lábios enquanto adoça minha língua, o disparo de 80 palavras por minuto me fascina e toda vez que você cria uma frase desconexa eu tenho vontade de calar sua boca com a minha. sereias se juntam à melodia dos pássaros criando um coral e sinto meus pés flutuarem, fecho meus olhos, a embriaguez da cereja consome minha mente, a doce tontura faz meus olhos enxergarem um enxoval de cores. quando percebo, estou em queda, sinto o mar de estrelas levar o resto da minha consciência embora e é muito difícil aceitar a intensidade que sua boca me corresponde, porque o sentimento é como uma faísca de fogo que explode da forma mais visceral já existente. então meu corpo relaxa, meus lábios formigam, tento relaxar a respiração, o diafragma dói, minhas costelas estão cobertas de estrelas e bebo o chá-da-lua para voltar ao mundo real.

com a mente em ordem, noto que as margaridas não estão mais na minha garganta, uma petala da flor pousa sobre a ponta do meu nariz. percebo que estou nua, imersa em um jardim imenso de margaridas, cobertas por um líquido vermelho um pouco transparente, sinto o cheiro de chocolate.

então me desperto de um sonho lindo, não deixo de soltar um sorriso enquanto escondo a face do meu rosto sob os travesseiros e cobertas. sorrio ainda mais quando eu lembro que talvez a realidade não seja tão diferente do mundo das bolhas. me levanto da cama, tentando não esquecer os últimos acontecimentos.

🫧