Missing Hearts

Capítulo 48 : Mar Selvagem

Hermione conheceu Lucas em uma quarta-feira sem importância no meio de março. De volta dos mortos, certo? seus amigos o cumprimentaram quando ele se sentou na cadeira ao lado dela, bufando e revirando os olhos. Seu rosto era suave como o de um cervo, com grandes olhos castanhos e uma boca que parecia sempre aberta de admiração. Havia uma curvatura em seus ombros, como se ele não conseguisse se acostumar com seus membros longos, e a fileira inferior de seus dentes estava ligeiramente torta quando ele sorria enquanto apertava a mão dela.

Ele foi o único que não hesitou um segundo antes de tocá-la.

Com todos os homens cruéis, bêbados e musculosos ao seu redor, Lucas era uma brisa de ar fresco. Uma rara fonte de bondade num mundo que mal a permitia.

A única indicação de que ele pertencia a eles eram as tatuagens desconexas que rastejavam sobre sua pele. Hermione via-os de relance de vez em quando – a maioria tinha um design primitivo, percorrendo os braços e o torso, as linhas desenhadas por mãos não profissionais. Ela sabia que a maioria deles era obra do irmão dele. Lucas era o irmão mais novo de uma irmã que todos gostavam e de um irmão que todos temiam. Isobel estava estudando em Edimburgo, em uma universidade trouxa. Hermione só tinha ouvido histórias sobre ela. Cameron, por outro lado, dominou todas as reuniões que teve com os escoceses. A maioria simplesmente o chamava de Carmy, como se o apelido por si só pudesse torná-lo indulgente como seu irmão.

Eles eram nascidos trouxas, assim como ela. Nascido e criado em Glasgow, filho de pais da classe trabalhadora. Apesar da educação mágica dos irmãos, essa vida endureceu Cameron. Isso ficou evidente nos músculos se movendo sob sua pele e no olhar sombrio em seus olhos, e na maneira como ele agarrou Lucas pelo pescoço com unhas rombas deixando marcas porque ele se atreveu a responder.

Autoridade absoluta, era isso que Cameron tinha sobre os duzentos e poucos homens e mulheres que se reuniam uma vez por mês. Principalmente homens. Eles não gostavam de mulheres entre eles. De qualquer forma, não gostei de Hermione e de suas tentativas incansáveis ​​de convidar mais mulheres para a mesa.

“Você não sabe de nada, garotinha”, Cameron rosnou na primeira vez que se falaram.

“Eu sei muito sobre a guerra, você nunca conseguiria entender essa sua cabeça dura”, ela respondeu e observou a vontade de quebrá-la em meia flor no rosto dele.

Nesse ponto, Hermione não sabia da existência de Lucas. Meses depois, ele entrou cambaleando no pub que costumavam se encontrar, a chuva colando seu cabelo ruivo em seu rosto, e pressionando um ombro úmido contra ela quando ele se recostou para aceitar uma cerveja empurrada em sua direção. Na verdade, ele era alguns centímetros mais alto que Cameron, e cada um de seus movimentos seguia uma estranheza que o diferenciava de seu irmão quase imediatamente.

“Então essa é a bruxinha que está causando tantos problemas para você,” ele disse ao ver Hermione. Outros riram de seu sotaque inglês. Eles a olharam criticamente por sua juventude ou por seu rosto encovado ou pela simples falta de um pênis entre suas pernas. Mas Lucas tinha apenas uma curiosidade calorosa em seu olhar.

Hermione não pôde lutar contra o conforto imediato que sentiu na presença dele. Foi automático. Instintivo. A amizade segue igualmente natural. Semanas depois, ela descobriria que foi ele quem garantiu que ela e Cameron se conhecessem, perguntando por seu irmão e se estabelecendo no sul de Londres porque ele era inteligente o suficiente para saber que trabalhar juntos era benéfico para ambos.

Ela abriu um pequeno sorriso ao vê-lo, em outra quarta-feira, desta vez em meados de abril. Ele não hesitou em abraçá-la, seu corpo sólido lhe dando algo em que se agarrar.

"O que aconteceu com você?" ele perguntou depois de notar o hematoma em sua bochecha e o vermelho em seus olhos. Ele gentilmente segurou seu queixo com a palma áspera, inclinando seu rosto para cima e acariciando a pele dolorida com o polegar. O inchaço finalmente diminuiu, deixando uma bagunça roxa e verde em sua pele cinza. “Você nunca entra em brigas.”