daisies

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Taylor sentia-se exilada.

Ao ser — metaforicamente — apedrejada pela sociedade que passou a odiá-la, Taylor se viu fugindo da cidade e do país que costumava a chamar de lar. Levou seu coração e o seu resquício de dignidade para o local que passaria a ser o seu exílio. Esse lugar se chama O Lago.

Taylor conheceu esse lugar em mais uma de suas estranhas pesquisas no meio da madrugada. Ela encontrou esse pequeno distrito no interior francês onde quase não existe internet ou interferências exteriores. É como um pequeno mundinho fantasioso de seus sonhos.

Foi de avião apenas até Paris. A partir dali, dirigiu, só ela e suas gatas, até O Lago.

Ela se sentiu desesperadamente cansada depois de três horas de viagem de carro, mas não foi diretamente ao único hotel da cidade. Primeiro, ela passou em uma cafeteria. Ou padaria. Não sei, ela não sabe ler em francês.

A porta tilintou quando se abriu graças a um sino pendurado sobre ela. A única pessoa presente na cafeteria-padaria se virou. Taylor podia jurar que paralisou no mesmo lugar ao ver o rosto da menina.

Taylor sentiu o coração bater mais forte ao ver os olhos azul-escuro da garota. Ela a encarou por um tempo antes de mostrar um sorriso gigante, que fez Taylor derreter exatamente onde estava.

Bonjour! Êtes-vous nouveau ici? — a morena disse.

Taylor estava prestes a entrar em desespero ao lembrar que não falava francês, mas a garota felizmente percebeu a hesitação de Taylor e notou que ela não tinha entendido nada.

— Fala inglês? — ela perguntou em inglês, com o sotaque mais bonito que Taylor já ouviu na vida.

— Falo, obrigada — Taylor sorriu e se aproximou do balcão.

A morena sorriu. É estadunidense, pensou.

— É visitante, americana? — ela perguntou.

— Ouch, ficou tão na cara que sou americana? — Taylor brincou.

— Em sua defesa, você podia ser canadense ou brasileira e ainda seria americana — a morena deu uma risadinha.

Taylor agora estava fissurada. A morena dos olhos azuis e dentes pequenos não parava de sorrir e Taylor só queria que ela nunca parasse. A cantora também estava fissurada no fato de que a morena nem a conhecia, nem a odiava.

— E você é brasileira — Taylor disse, mais para mostrar que também tinha habilidades de dedução do que qualquer outra coisa.

— Agora você me surpreendeu! — A morena disse, ainda sem tirar o sorriso gengival o rosto. Seu rosto não doía? Não importa. — Como sabia?

— Europeus são menos calorosos. — E menos bonitos, Taylor quis acrescentar.

— Tecnicamente, eu sou francesa, pois só meus pais nasceram no Brasil — a balconista falou. — Então você acabou de me ofender.

Taylor riu novamente. Não pararia de rir nunca se a garota também não parasse de sorrir.

— Que pena.

A morena tirou uma xícara debaixo do balcão.

— Você quer olhar o cardápio, loirinha? — A morena falou a última palavra em português, um sorrisinho de canto enfeitando seu rosto bonito.

Taylor reconheceu a palavra, que significava blondie, por causa de seus fãs — ou ex-fãs — do Brasil. Por um momento, ela pensou se eles ainda a amavam e se eles ainda a chamariam de loirinha por aí. Depois balançou a cabeça ao perceber que seus pensamentos insistiam em voltar para cenários depressivos mesmo na frente de uma mulher bonita.

exílio, taylor swiftOnde histórias criam vida. Descubra agora