drought

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* pequeno aviso para uma cena com uma crise de pânico. pule para depois desse símbolo ★ se você se sentir desconfortável.

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Taylor não conseguia dormir.

Ela acordou no meio da noite, andou para lá e para cá feito um fantasma.

Taylor talvez nunca tenha se sentido tão sozinha na vida. Para ela, isso era quase cômico. A Taylor Swift se sentindo sozinha. Pensar nisso lhe trouxe um gosto amargo para a sua boca.

Começou a se sentir ingrata, não é como se ela não tivesse ninguém.  Ainda tinha alguns amigos — os verdadeiros, pelo menos. Ainda tinha seus fãs — ela acha.

Mas não é deprimente

Ela estava no meio do nada na França, na beira de um ataque e não tinha ninguém para ligar. 

Sentia seu coração bater tão alto que era só isso que ela podia ouvir. Não conseguia respirar, como se algo apertasse seus pulmões. Ela tremia e lágrimas molhavam o seu rosto que estava frio como um corpo sem vida. Tinha um nó na garganta que não estava deixando ela falar, mas ela estava gritando, de certa forma. 

Inspire.

Ela de repente não conseguia evitar os pensamentos ruins que faziam ela sentir-se afogada. Sua mente traiçoeira insistia em voltar para os cenários mais dolorosos que ela podia imaginar. Os cenários dilaceravam seu coração.

Respire.

O ar escapava, escorregava por entre seus dedos como se respirar fosse a coisa mais difícil do mundo.

Respire fundo.

Ela não conseguia focar em um só pensamento. Tudo parecia um borrão e ela não conseguia distinguir o que era real do que ela tinha inventado.

Expire.

Ela deitou no chão. Abriu os olhos e encarou o teto. Tentou focar em todos os seus sentidos, trazendo-a de volta a realidade.

Inspire de novo.

Taylor apenas conseguiu se sentir aliviada depois de exatos sete minutos. Sete minutos agonizantes, onde ela sentia que estava presa em uma espiral de desgraças, tudo passando como um filme de terror na sua mente.

Ela percebeu que estava chovendo. O barulho da chuva era reconfortante. Conseguiu respirar depois de se sentir totalmente afogada.

Ela sentiu as patinhas de uma de suas gatas subindo em sua barriga. Olhou para baixo e viu Olivia subindo nela. Soltou uma risada ao ver Olivia se deitando, como se Taylor fosse um travesseiro.

Taylor limpou as lágrimas de seu rosto, pegando a gata no colo.

— Oi — ela falou para a gata, que soltou um miado.

Ela se sentou no chão, colocando a gata no colo, que se aninhou como se fosse o colchão mais macio do mundo. Esticou para pegar o celular para que pudesse ver a hora, mas estranhou ao ver uma única notificação brilhando na tela.

"Oi, blondie. Acordada?"

O contato estava salvo como Margarida. Por que Sophie a enviaria uma mensagem às três e meia da manhã?

"Por que você está acordada, Sophie?"

"Nada demais. Quer sair?"

"Está chovendo. :'("

"E você é feita de açúcar? >:)"

Taylor riu com a mensagem. Passou a mão pelo rosto para secá-lo novamente e se levantou, erguendo Olivia — que reclamou ao ter seu sono atrapalhado — em seu braço.

"Você quer ir para onde?"

"Não importa. Já estou do lado de fora do seu hotel."

Que menina estranha, Taylor pensou. Adorável.

Taylor deixou Olivia na cama e abriu a janela. Olhou para baixo e viu Sophie andando de um lado para o outro na chuva, dando pequenos rodopios como se estivesse dançando.

Não pode deixar de rir com aquela imagem. 

— Realmente estranha.

Taylor saiu do hotel, levando a chave do quarto consigo. Sophie olhou para a porta do prédio quando ela se abriu, sorrindo de orelha à orelha quando Taylor apareceu.

Loirinha! — Sophie exclamou, correndo para abraçar a cantora.

Taylor tremeu e se arrepiou quando o corpo molhado e frio de Sophie encostou no seu, mas não hesitou muito em retribuir o abraço.

— Você pode ficar resfriada, sabia? — Taylor falou quando elas se separaram do abraço.

— Sério? — Sophie perguntou, um sorriso irônico estampado no rosto.

Sophie foi andando para trás segurando a mão de Taylor, tirando elas da cobertura. Taylor sentiu uma onda de animação correndo pelo seu corpo quando sentiu as gotas de chuva caindo em si.

— Eu ouvi algumas de suas músicas! — Sophie exclamou, tentando fazer com que Taylor a ouvisse mesmo com o som da chuva.

Taylor não sabia se gostava ou não daquela ideia. Sentiu um medo repentino das músicas não serem a única coisa sobre Taylor que Sophie encontrou. Respirou fundo e sorriu, fingindo que aquilo a agradava.

— Sério? O que achou? — Taylor perguntou.

— Você é incrível! — Sophie gritou, dessa vez. — Tem uma sobre dançar na chuva, isso me inspirou.

Taylor se sentiu aliviada. Ela suspirou e soltou uma risada, reconhecendo que música seria aquela.

Fearless? — Taylor perguntou.

Sophie não tinha soltado a mão de Taylor até agora. Ela pegou a outra e passou a rodar lentamente, no meio da chuva.

— Essa! Muito boa! — Sophie disse, dando pulinhos animados. — Eu ouvi o álbum inteiro. Fearless competiu com Jump Then Fall para o primeiro lugar no meu ranking. Não que meu ranking valha de muita coisa...

Sophie disse e riu, rodando mais rápido. Taylor já estava ficando tonta, mas ela não se importava. Seu coração batia forte e ela não conseguia desviar o olhar de Sophie nem por um minuto.

— Eu gosto dessas — Taylor sorriu. — Mas minha voz era estranha.

— Não era, era fofa — Sophie sorriu gentilmente.

Ela puxou as mãos de Taylor, fazendo com que elas ficassem muito mais próximas. Taylor sentiu o coração errar uma batida quando elas quase se encostaram um pouco demais.

Sophie e Taylor começaram a pular e rodopiar pela chuva como se ouvissem música. Taylor ria de cada piada que Sophie falava. Era como se aquele seu momento no quarto do hotel tivesse desaparecido.

In a storm with my best dress... — Sophie cantarolou do nada, segurando a mão de Taylor por cima da cabeça dela, fazendo-a girar.

Fearless... — Taylor completou.

Seu sorriso cobria seu rosto inteiro e ela sentia o coração cheio. Sua mente rodava em círculos, seu peito ia para cima e para baixo enquanto sua respiração aumentava.

Se tinha uma coisa que Taylor amava sobre ser compositora, era que muitos momentos de sua vida vinham acompanhados de trilhas sonoras no fundo de sua mente. E nesse momento, onde Taylor se sentiu feliz novamente, uma música surgia.

‘Cause I know that it's delicate.

exílio, taylor swiftOnde histórias criam vida. Descubra agora