strawberries

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Taylor encarou o próprio reflexo no espelho.

Ela olhou para as mechas de cabelo recém cortadas na pia, e voltou a encarar a si mesma. Por que ela fez isso? Agora ela se arrependia. Ótimo.

Entrou no chuveiro e usou seu novo shampoo com cheiro de uva. Quando se olhou no espelho novamente, o cabelo não parecia tão ruim. Talvez ela deveria usar o cabelo molhado para sempre, de agora em diante.

Ela se sentou na cama do hotel e pegou o celular. Tinha poucas notificações, porque ela havia desinstalado as redes sociais. Apenas mensagens de texto de sua mãe, seu pai, Jack, Selena e Karlie. E uma foto de gatinho de seu irmão. Mais nada. 

Ela respondeu quatro deles. Encarou a mensagem de Karlie — "Saudades, Tay" — por uns segundos a mais, sabendo que aquela mensagem não havia mais nada de romântico, como haveria meses atrás. Respondeu com um "Também!" e desligou o celular.

Ela se vestiu e colocou um livro, seu caderninho e uma caneta em sua bolsa. Decidiu que ia chegar ao lago, no meio da cidade, hoje.

— Talvez eu devesse passar no Pâquerette — ela falou consigo mesma e sorriu orgulhosa por ter pronunciado tão bem.

Não é como se ela tivesse ficado acordada a madrugada inteira tentando falar coisas em francês, Claro que não. 

Saiu do hotel e foi andando até a cafeteria. Dá para ir andando a qualquer lugar na cidade e não levaria nem dez minutos.

A porta tilintou quando Taylor abriu, Taylor notou que hoje, tinha música tocando. Hoje, Sophie não era a única pessoa ali. Estava até que cheio, tinha uma menina falando com Sophie e Taylor não gostou disso. 

Sophie ria enquanto conversava com a menina. Ela colocou uma mecha cacheada atrás da orelha e seus olhos azuis como a cor do mar piscaram da forma mais adorável possível. 

Seus olhos desviaram da menina e pousaram em Taylor, que não havia parado de encará-la ainda.

— Taylor! — Ela exclamou sorridente. Falou algo para a garota, que apenas sorriu e saiu carregando uma daquelas caixinhas com margaridas, e chamou Taylor para de aproximar do balcão.

— Você tá cheia de farinha. — Foi a primeira coisa que Taylor falou, e ela se deu um tapa mental por não ter dito algo melhor.

— E você tá com o cabelo molhado — Sophie disse e riu, limpando a farinha da bochecha com as costas da mão.

Taylor apertou a ponta dos dedos contra a palma da mão. Sorriu cheia de nervosismo e decidiu se sentar na mesma cadeira da noite anterior.

— Você esqueceu sua caixinha de muffins, ontem — Sophie disse e retirou a caixinha debaixo do balcão. — Eu os guardei, mas com certeza não estão tão bons.

— Ah — Taylor sabia muito bem que havia esquecido a caixinha de propósito. — Desculpe.

— Tudo bem... eu faço outros para você — Sophie sorriu. — O mesmo café americano?

Taylor riu, puxando seu caderninho e a caneta da bolsa.

— Você sabe — ela falou.

Sophie deu um sorriso e se virou para fazer o café.

Taylor começou a escrever coisas no papel.

Margaridas — pâquerette

Café doce e americano

Cabelo cacheado

Olhos azuis da cor do mais profundo (Nunca vi esse tom de azul)

Sophie

Famosa — riscou essa depois

Morangos

— Aqui, loira, seu café — Sophie disse ao deixar a xícara sobre o balcão. — Posso te perguntar uma coisa?

— Claro, o que quiser — Taylor disse com um sorriso.

— Por que você escreveu meu nome no seu caderno? — Sophie deu um sorriso de canto, erguendo a sobrancelha.

Taylor sentiu seu rosto esquentar com o sangue subindo para suas bochechas. Ela colocou a mão por cima das palavras escritas no caderno.

— Eu não escrevi nada — Taylor falou com o sorriso mais cínico do mundo.

— Imagina — Sophie falou.

Ela ergueu os olhos para o rádio de onde saia a música quando uma voz familiar foi ouvida. Wildest Dreams tinha começado a tocar. 

Taylor odiou. Ela foi lembrada que aquela música existia e, do jeito que as coisas estão, ela nunca mais performaria. Pensou que talvez, todos ouvindo aquela rádio teriam desligado ou trocado de canal. Pensou que estariam rindo de sua voz e a chamando de vadia.  

— É você! — Sophie deu um pulinho animado quando reconheceu a dona da música. — Ah, eu sabia que sua voz era familiar!

Taylor sorriu, sem querer demonstrar a tristeza. Pelo menos, eu ainda toco na rádio, ela pensou. 

— Sou eu — ela disse. — Achei que não tocava mais em rádios.

— Por quê? — Sophie perguntou, estranhando a falta de ânimo de Taylor.

— Longa história, mas em resumo, o mundo não gosta tanto de mim, agora — Taylor sorriu tristemente, voltando a beber seu café.

Sophie mordeu o interior de sua bochecha, pensando em como continuar o assunto sem magoar a garota que claramente não gostava de falar sobre isso.

— Por quê? Você matou alguém? — Sophie disse, e se sentiu orgulhosa por ter feito Taylor rir. — Por isso que você quis fugir para esse fim de mundo?

— Quase isso! — Taylor riu. Terminou de beber o café e encarou o relógio na parede. — Seu turno demora muito para acabar? 

Sophie olhou para o relógio e fez que não.




exílio, taylor swiftOnde histórias criam vida. Descubra agora