11 - um grande gesto, porra

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JungKook's view.

-Você tá todo caladão... - a voz irritante da Soyeon inundou meus sentidos. 

Era algo perto do fim de expediente, eu organizava o estoque, mesmo que fosse tarefa dela dessa vez. Estava tentando ocupar a mente, tudo para não pensar a bagunça emocional que me assolava. 

Porra de sentimentos do caralho!

Na minha pausa, quando fui lavar o rosto no banheiro, apenas por um milissegundo com os olhos fechados, a imagem de Jimin e seu rostinho magoado surgiram rapidamente. 

-Depois do tal encontro não parava de sorrir pelos cantos, trocando mensagens... - continuava a falar, mesmo eu claramente ignorando-a. -Aquele garoto do band-aid terminou com você, foi?

-Me deixa, Soyeon. - resmunguei. 

-Hm... Então foi isso? Que triste.

-Mas que porra, viu... - bufei. -Ele não terminou comigo, não tinha nada pra terminar. E foi eu quem terminou.

-Achei que não tivesse nada pra terminar. - seu sorrisinho presunçoso me fez grunhir de raiva. -Vai, Jeon, desabafa comigo. - insistiu. -Posso ser boa ouvinte.

-Você, boa ouvinte? Em que planeta? - desdenhei, passando por ela para sair do estoque. 

Era dia dela fechar a loja, mas como eu havia mencionado, peguei todo o trabalho que dava pra pegar. Precisava urgentemente pensar em outra coisa que não seja meu rosto dolorido, ou meu coração dolorido, ou em Jimin magoado comigo. 

Ah, e principalmente, não queria pensar que eu era o culpado da situação estar assim. 

Medo de abandono... É, Tae sempre tem razão, talvez por isso bati nele... 

-Para de ser machão. - reclamou a lésbica. -Fala comigo, seu bobalhão. - insistia, me seguindo. 

-Não tem nada pra falar. - revirei os olhos.

Soyeon segurou meu ombro com força, me fazendo virar pra ela. Com olhos descrentes, ela me encarava, quase alcançando o fundo da minha alma. 

-Desembucha, seu gayzinho ridículo, cansei de olhar essa sua cara emburrada que, a propósito, é muito feia. - era quase uma ameaça.

Respirei fundo, me perguntando a que ponto eu cheguei para ter Soyeon como ombro amigo. Eu devo estar muita na merda. 

-Não sou bom pra ele. - falei simples. -É isso, eu não sou o cara certo pra ele. 

-E como você, gênio, chegou nessa conclusão? - o deboche cítrico na sua voz era irritante.

-Aconteceu uma parada no outro dia na escola... - bufei. -A gente tava ficando escondido e ai fomos pegos por um cuzão que estudo com a gente. E ele presumiu uma coisa super plausível pra qualquer um que me vê que nem um delinquente.

-Você é tudo de ruim, Jeon, mas não é um delinquente. - riu irônica.

-Na escola parece que eu sou. - suspirei tenso. -Aparentemente é um transtorno psicológico sobre ter medo de ser abandonado, sei lá. O ponto é que o Jimin ficou paralisado quando cogitou explicar que a gente estava ficando. E isso virou uma chave em mim que eu tinha esquecido que existia. 

-Por que estavam ficando escondido? 

-Porque eu pedi. Eu não queria que ele ficasse com uma má fama. - suspirei. -Achei que protegeria ele de comentários imbecis dos outros... E agora ele me odeia.

-E quando ele ficou paralisado, você não pensou que ele pode ter evitado falar a verdade porque você não queria que os outros soubessem? - e de repente o óbvio pareceu óbvio pra mim. -Ele queria esconder a relação também?

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