ㅡ E então, para onde você foi designado?
Bebês fofinhos e rechonchudos de olhinhos tão azuis quanto o mar, cabelos loiros encaracolados, brilhantes como um raio de sol, e bochechas arredondadas como pãezinhos macios recém saídos do forno, coradas como uma rosa a desabrochar. Sem contar o pequeno par de asas brancas nas costas e os inseparáveis arco e flechas. Flechas essas de delicadeza e pontaria certeira, capazes de em uma única flechada provocar o mais frio dos humanos a despencar em queda livre do mais alto penhasco sucumbido pela mais bela e pura paixão. Ao menos, era essa a visão dos humanos para com os mensageiros do amor, ou melhor dizendo: cupidos.
Ah! Se eles soubessem...
Desde o início dos tempos, tais mensageiros eram enviados à Terra em missões especiais visando despertar o sentimento mais puro nos seres categorizados como a maior criação da Divindade. Humanos por todos os lados simplesmente caindo e se rendendo ao amor incondicional em questão de segundos. E afortunados eram aqueles que tinham a boa sorte de cair na lista de alvos de um cupido bondoso.
Era belo, era puro, e era sublime.
Encantador...
E aquele era o grande dia da graduação dos mais novos cupidos formados pela Escola Celestial. A cada temporada, mais e mais anjos ingressavam em tal ofício inspirados pelo sentimento do qual apenas os humanos eram capazes de sentir. Ao menos, é o que são ensinados desde a criação, ainda pequenos meigos anjinhos voando desajeitados com suas pequenas asas.
O deslumbrado anjo Beomgyu cresceu ouvindo histórias de amor contadas por sua aia, que era também um cupido, enquanto essa gentilmente lhe penteava os cabelos. E encantava-se por cada uma delas. Apreciava como o sentimento era retratado, e como parecia surgir de maneira tão natural nas mais excêntricas condições. E o trecho do qual mais estimava e fazia seu coração quentinho, narrava primorosamente: "... e viveram felizes para sempre".
Perfeito. Como tudo deve ser.
Certa vez, numa ocasião em que a aia o levou consigo à Terra em uma missão, o pequeno anjo pôde presenciar com seus olhinhos o poder da flecha do cupido. Naquele dia em especial, ele testemunhou como o rapaz alto de madeixas bem cortadas e roupas alinhadas tinha o olhar completamente rendido para a bela dama de vermelho, e sem perder mais tempo, a beijou com devoção. A forma como o rapaz a segurava nos braços e admirava cada mínimo detalhe da face bela da moça, fez com que os olhos do pequeno anjo quase explodissem em êxtase. E mesmo tão novinho, aquela pontada que lhe atingiu o coração, soube qual seria seu ofício assim atingisse a idade adequada. Seria um cupido. Queria ajudar a espalhar o amor em todos os cantos do mundo. E nas temporadas que se seguiram, esforçou-se ao máximo e ingressou na área. E agora estava ali, radiante...
Um cupido recém formado.
ㅡ Hum... um lugar chamado Saiph. – Afirmou conferindo no pergaminho de instruções que tinha em mãos. ㅡ Não acredito que mal me formei e já estou saindo em missão. Estou formado, Bora. – Emendou tomado de energia dando pulinhos, contagiando o outro anjo que pulava consigo tão empolgado quanto.
Beomgyu era um anjo um tanto quanto... peculiar. A alta estatura, sendo considerado na faixa do normal para o padrão dos anjos, e as vestimentas largas demais ironicamente fazendo-o parecer menor, além dos belos e inocentes olhinhos brilhantes como pequenos diamantes capazes de conseguir o que quisesse se piscasse da forma correta, passava uma ideia muito errada sobre sua personalidade. O anjo era, excepcionalmente, desastrado e escandaloso. E nunca perdia uma oportunidade de deixar as aias de cabelos em pé ㅡ não que fosse proposital, era apenas naturalmente azarado. E a bela moça de cabelos muito bem trançados, frequentemente vista junto dele, não era nada diferente. Em vista disso, Beomgyu e Bora formavam uma excelente dupla.
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Cupid is so Dumb
FanficEm um mundo onde os cupidos são responsáveis por garantir o amor entre os humanos, há um novato um tanto curioso e atrapalhado que, numa confusão inesperada, acaba sendo atingido por sua própria flecha, apaixonando-se acidentalmente por seu alvo hum...