Depois de me arrumar saí de casa, peguei um ônibus e fui ao trauma. Já estando no hospital passei por alguns imprevistos na recepção.
- Senhor Alexander me desculpe mas não é permitida a entrada de nenhum objeto de fora do hospital... - não esperei a recepcionista terminar de falar e a interrompi.
- Mas por quê, tem prisioneiros aqui? Olhe não tem armas dentro do bolo senhora, pode ter certeza disso! - naquele instante uma intolerância havia me dominado.
- ...por que podem transmitir doenças, eu sei senhor...
- Olha é apenas um bolo de maracujá simples! - meu nível de estresse já estava no alto.
- ...entenda, não se pode oferecer nenhum alimento aos pacientes que não seja os fornecidos pelo próprio hospital...
- Não vejo como isso possa causar algum dano a ela, puta que pariu!!! - neste momero tinha perdido o sentido de educação.
- ...é que evitamos que algo possa prejudicar os pacientes.
Nesse momento a mãe de Hypséia toca em meu ombro e fala para a recepcionista:
- Não se preocupe, pode colocar ao menos esse bolo no guarda-volumes, por favor?
- Sim senhora. - responde tranquila.
Mesmo estando estressado com aquela situação em que estava mantive a calma por um instante e conversei com ela:
- Oi Dona Marta, me desculpe por isso é que essa semana não está sendo nada boa pra mim.
- Entendo rapaz, mas no momento de estresse, desespero e até raiva haja o que ouver mantenha a calma, não adianta descontar a sua raiva em outras pessoas ou perder a calma e o controle em situações das quais podem ser tratadas da melhor maneira possível.
Sabe, naquele momento as palavras de D. Marta pareciam agulhas que perfuravam minha consciência me abrindo os olhos e mostrando o erro que havia cometido.
- A senhora tem toda razão, eu me alterei um pouco. - coloquei a mão na cabeça abaixando-a como um gesto de mostrar que realmente havia me arrependido e pedi desculpas a pobre recepcionista.
- Mas venha, acho que ver a Hypséia vai lhe deixar feliz. - Dona Marta sorri para mim gentilmente seguindo ao quarto em que estava sua filha.
Passando pelos corredores do hospital, de relance jurei por um instante ter visto um enorme gato preto correndo e entrando em outro corredor, mas deve ter sido impressão minha, também estava uma pilha de nervos internamente, acho que já afetava a parte do meu sistema nervoso que controla a diferença da realidade com a ficção. (Kkkkkkkk...)
- Oi menininha, vim te aperriar um pouco aqui. - falei para Hypséia já estando no quarto.
- Oi seu chato! - ela mostra um sorrisinho simples e pequeno.
- Eae, já tá melhor?
- Olha... me disseram que não foi nada grave e que já já poderia sair, só bastava descansar mais algumas horas.
- Certo então, saido daqui a gente vai dar umas voltinhas na sua motoca né? - rimos muito juntos (ela jogou o travesseiro em mim) depois desse meu triste comentário irônico passamos um bom e divertido tempo conversando assuntos aleatórios.
Não ligo para o que me ocorreu nessa semana, não me importava nesse momento as milhares de coisas ruins que poderia me ocorrer ainda no decorrer desses dias, mas de uma coisa estava certo, ver uma das únicas pessoas que me entende e me valoriza pelo que eu sou estava alí deitada naquela cama, não saberia explicar o que sentia em cada conversa com Hypséia, só sei que dentre todos os lugares possíveis para estar naquele momento eu não escolheria nenhum outro que não fosse aquele hospital, naquele quarto.
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Caos
Fantasy"O universo conspira contra tudo, e mesmo no fim, ainda resta a esperança."