Capítulo 7

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   Ajudei ela a voltar a dormir, como fazíamos no outro mundo quando ela acordava assim. Fiquei ali com ela até o amanhecer, quando ela abriu os olhos mais uma vez. 

—Bom dia. 

(S/N): Você dormiu?

—Não estava com sono. 

(S/N): Me desculpa... 

—Pelo que?

(S/N): Sinto muito pelo jeito que eu venho te tratando, é só que... Eu pensei que a minha vida fosse algo e na verdade era muito, muito diferente do que parecia. Eu pensei que meus melhores amigos me contavam tudo e de repente eu descobri que eles eram os seres que eu mais amo e não podiam me contar isso. Foi muita informação de uma vez só, e eu só queria poder me lembrar logo.

—Tudo bem, foi muita coisa pra assimilar, muitas informações ao mesmo tempo. Acho que devíamos ter te dado um tempo pra pensar em tudo, devíamos ter fingido que isso era algo completamente novo, e ir te contando aos poucos. 

(S/N): Não... Vocês foram sinceros comigo, até onde podem... 

—Sinto muito por isso. Eu queria... Eu quero te contar tudo, mas eu realmente não posso e isso me deixa... Muito, muito irritado. 

(S/N): A culpa não é sua... Eu sei. Eu só queria saber o que fazer pra isso acabar. 

—Acabar?

(S/N): Sem mais lapsos, sem dúvidas, sem essa sensação de que está faltando algo. Que me perdi. 

—Entendi. O que vai fazer quando se lembrar?

(S/N): Como assim?

—Vai querer ficar aqui?

(S/N): Eu posso?

—Não... 

(S/N): Pode me contar por que?

—Humanos não podem viver aqui. Digamos que existem "leis" de muito, muito, muito tempo atrás. E infelizmente, ainda existem feéricos que tem uma forte intolerância por mortais. São idiotas. A lei diz que se um humano é encontrado em Asfhymor, ele deve ser mandado de volta, Asfhymor deve ser apagada de suas memórias, mas se ele voltar, a tolerância é expirada, ele deve ser decapitado. Morto. 

(S/N): Então...

—Precisamos te tirar daqui antes que eles descubram que está aqui. 

(S/N): Eles podem descobrir?

—Sim. 

(S/N): Mas ontem...

—Eu sei, te encantamos. Ninguém naquele baile te viu realmente. 

(S/N): Obrigada. 

—Eu jamais colocaria a sua vida em risco, nem por um segundo. É por isso que não pode sair dessa casa. Eles têm olhos em toda parte, espiões, mesmo que fizéssemos algo sobre isso, seria iniciada uma guerra ainda maior. 

(S/N): Entendi. 

—Você pode sair, mas não sozinha. Se formos com você estará encantada. 

(S/N): Eles não vão sentir que estou encantada?

—O encanto também inclui isso. É como se colocássemos uma capa invisível sobre você, algo que anule seu cheiro, os sons dos seus batimentos, respiração, é como se você realmente não estivesse ali pra eles. 

(S/N): Uau.

—Seria mais legal se não usássemos com tanta urgência. 

(S/N): Mesmo assim, ainda é incrível. 

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