01

391 54 2
                                    

Estava preso em algum lugar.

      Foi o que Arlo descobriu após ganhar consciência em um lugar escuro, paredes quentes o cercando por todos os lados.

Sentia como se estivesse nadando em um lago pequeno, ou talvez, uma banheira pequena pelo espaço. Seus ouvidos pareciam ter sido tampados por algodões, qualquer som formado afora sendo abafado e quase os tornando irreconhecíveis.

Seu corpo não lhe respondia completamente. Claro, tinha vezes que sentia seus braços ou pernas, mas seus olhos continuavam insuportavelmente fechados. Seu corpo sentia pesado, mais pesado do que antes, o que já dizia alguma coisa.

Pelo menos as paredes macias  continuavam a o abraçar confortavelmente, quase o deixando em um eterno modo de sono que desejava nunca escapar. Se isso fosse um coma, gostaria de permanecer um tempinho a mais...


Talvez seja apenas sonhos, ou paranóia de sua cabeça após ficar tanto tempo sozinho, apenas com sua própria mente de companhia. Porém, sentia algo mexer CONTRA as paredes que o trancavam. Um leve aperto, ou um acariciar quase contínuo.

A primeira vez que conseguiu estar consciente o suficiente para sentir a intrusão em suas barreiras, sua perna havia se mexido em um movimento reflexivo, chutando contra a parede. Após, parecia que um terremoto havia tomado conta de sua jaula confortável, um som abafado a acompanhando enquanto seu corpo se remexia.

...

Arlo teve cuidado suficiente para deixar os movimentos reflexivos quase nulos após aquilo.


Um dos outros pensamentos que Arlo teve era, porque caralhos ele não conseguia enxergar?

Talvez algo aconteceu após aquela tentativa de assassinato em seu quarto.. aliás. O que CARALHOS foi aquilo? Pelo que ele sabia, não teve a proeza de conseguir um inimigo em todos os seus 17 anos de vivência. Claro, não que ele tenha tido a oportunidade para ser sincero.

Talvez tenha caído pólvora ou outra merda em seus olhos e isso o tenha deixado cego. O que era uma opção bastante fodida. Teria que aprender braille se quisesse continuar lendo...

Mas, isso não explicaria todo esse apertado contra ele. Claro, antes tinha até algum espaço sobrando para que ele pudesse se sentir confortável. Se pensasse bem, o sentimento era quase idêntico aos enrolados que ele fazia com os lençóis em dias de frio. Mas agora? Parecia que ele continuaria na mesma posição pelo resto do tempo que continuaria ali.

Claro.

Se não tivessem aberto a porra do tampão da onde ele estava.

De uma forma ou de outra, seu corpo estava sendo mais e mais espremido pelas paredes macias. Um desespero tomava conta de seu corpo enquanto parecia que uma força imaginária o puxava para BAIXO.

Terá que ter uma pequena conversa com o hospital após tudo isso.

Todos seus pensamentos se tornaram nulos após o sentimento familiar de asfixia tomava conta de seu corpo que parecia ter sido enxaguado em águas frias, tão diferentes da antiga quentura que o abraçava por todos os lados.

Mãos estavam presentes em seu corpo, sentia uma palma pelo seu peito antes de ser revirado. Com uma mão que cobria tanto seu tórax quanto barriga, a outra mão lhe deu alguns tapas em suas costas, forçando que tosses saíssem de sua boca, finalmente tomando um enorme gole de ar.

Arlo, agora salvo pelo ar que preenchia seus pulmões, fez a única coisa que poderia fazer naquele momento de fraqueza.

Gritou.

𝚄𝙿𝙾𝙽 𝙿𝙸𝙻𝙻𝙰𝚁𝚂 𝙾𝙵 𝚂𝙰𝙻𝚃 | WMMAP Onde histórias criam vida. Descubra agora