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A vida como um bebê não era tão complicada quanto Arlo temia.

Bebês, como Arlo chegou a entender, eram esperados a chorar ou espernear quando quisessem algo. Seus corpos eram um saco de batatas que não aguentavam seu próprio peso e só sabiam virar de um lado ao outro.

Sua movimentação havia sido um dos seus primeiros problemas. Claro, ele poderia fazer algumas coisas limitadas como balançar seus braços. Porém, virar ou levantar sua cabeça estava fora de questão se não quisesse quebrar seu pescoço.

A primeira vez que havia dormido em seu berço, tinha ficado o maior tempo que conseguia acordado, observando os seus arredores. Seu quarto era... confortável? Pelo menos para suas preferências.

Cores pastéis abundantes nas paredes e decorações que o rodeavam, uma grande janela coberta por cortinas esverdeadas, leves como todas as outras cores. Talvez tenham sido postos com um propósito, todas essas cores leves não sendo uma grande dor para seus olhos sensíveis.

De uma forma ou outra, estava passando seus dias dormindo na maior parte do tempo, então, talvez qualquer que tenha decorado seu quarto, fez um ótimo trabalho em o tornar mais tedioso possível.

As servas que foram postas para cuidar de suas necessidades haviam tomado um grande susto quando perceberam que Ambrosius permanecia calado a maior parte do tempo, a preocupação tanta que um médico havia sido chamado para o berçário.

Uma grande perda de tempo, já que estava saudável o suficiente para o médico apenas levantar uma sobrancelha sobre seu silêncio. Arlo definitivamente não havia nascido com algum distúrbio, sua genética tornava isso quase impossível.

Entretanto, mesmo com todas as desavenças, era grato pelas mulheres que cuidavam dele. Com elas, havia descoberto mais sobre o mundo onde iria viver até o dia de sua morte.

Algumas das coisas que falavam eram irrelevantes... Seremos honestos, muitas das coisas eram irrelevantes. Como a mais nova amante de um duque, uma serva que havia sido banida do palácio ou os poemas de um cavaleiro que rodeava os jardins do Palácio de Rubi.

Foi com elas que descobriu o nome da mulher que o havia gerado nesse mundo de fantasia. Isis Sancerre. Uma concubina de cabelos negros e olhos lilases que vivia no Palácio de Rubi junto as outras belezas que o imperador tinha.

Mesmo que seu nascimento tivesse acontecido antes da erradicação e chacina do Palácio de Rubi, antes da loucura de Claude o consumir por completo e o nascimento de Athanasia, a confusão continuava a consumir sua mente do porquê Ambrosius teve permissão para nascer.

Um herdeiro nascido de uma concubina? Rumores sairiam de boca em boca fora do palácio sobre Ambrosius ser um bastardo em meio a realeza. E se tudo desse errado, o povo de Obelia nunca saberiam se a criança havia nascido parecida com a mãe antes de sua morte destinada.

A sua mãe em outro caso... era uma mulher estranha.

Quando a mulher era permitida visitar-lo, era sempre vestida de roupas em um tom carmesim. Uma ou duas servas a acompanhando até às portas do berçário enquanto mãe e filho tinham seu tempo um com o outro sob seus olhares silenciosos.

Claro, isso se ela não convidasse tais servas para o vestir em roupas adoráveis que o 'encaixavam perfeitamente' com seus cachos dourados e olhos azuis. Tal humilhação apenas acabaria quando Isis fosse de volta para o Palácio Rubi no fim da tarde.

Seriamente, era uma maldita sorte que elas esperavam o momento em que Ambrosius estava com sono o suficiente para não fazer birra em seus braços...

Mas, mesmo com tudo isso, a vida de um bebê não era tão difícil assim. Estava sendo alimentado bem, suas necessidades estavam sendo realizadas, e, além das roupas, laços e frufrus desnecessários, não havia mais nada que o incomodasse.

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