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Isis estava atrasada.

   Arlo tinha poucas chances de saber as horas dentro de seu berçário. Porém, por observar a rotina quase constante das servas que viam e iam de seu quarto, juntamente com o sol, conseguia no mínimo ter consciência do dia passando sem ter visto a mulher.

Melina havia escolhido um novo assento que estava próximo de seu berço naquele dia, seus lábios movendo em palavras que entravam por um ouvido e saiam por outro. Mesmo que sua voz o deixasse calmo, a atenção de Arlo não conseguia sair do fato de que Isis não estava lá.

Já havia lido algo parecido. Que concubinas, após notarem a ausência de atenção de seu amante para com o filho que haviam gerado, os tratariam como bastardos, sem uma mãe ou pai. Apenas com o vento das janelas para balançarem seus berços, abandonados pelo tempo.

Mas, não deveria ser tão pessimista.

Afinal, Arlo não estava completamente sozinho. Tinha as servas ao seu lado! De uma hora ou outra, algumas das mulheres viam em direção ao seu quarto para brincarem com ele, mostrando brinquedos brilhantes e felpudos, muitas vezes com um ou dois livros para fisgar a atenção da criança.

Então não conseguia dizer que havia sido abandonado, ainda tinha Melina!

Mas isso não mudava o fato de que Arlo sentia-se levemente traído em momentos como esse. Momentos em que sua mente tentava encontrar o porquê.

Claude não tinha a coragem de ser homem o suficiente para aparecer pelo Palácio Esmeralda na luz do sol e quem pagaria a consequência seria Ambrosius? Achava que pelo menos sua mãe o amaria. Afinal, ele havia sido gerado dentro dela por 9 meses seguidos, sem descanso!

...

Mas... então porquê estava sendo abandonado repentinamente?

Seus pensamentos cessaram ao notar os familiares olhos castanhos de Melina focados em si na borda de seu berço, o livro em seu colo abandonado. Ah... Ela estava contando algo para ele, não foi?

"..."

Porque ela está me encarando tanto?

Melina havia decorado seu cabelo em uma trança longa que havia descansado sobre seu ombro, percebeu. A visão a fazia ter uma face mais... convidativa? Não sabia se essa era a palavra certa. Antes, quando todo seu cabelo era penteado para trás, deixava sua expressão mais assertiva?

Sem dizer uma palavra ou frase, Melina o pegou cuidadosamente de seu berço, colocando uma mão atrás da cabeça do ainda pequeno corpo em seus braços, equilibrando sua cabeça pesada. Ah... talvez ela pense que eu esteja com sono? Arlo pensava curiosamente.

Sua curiosidade apenas aumentava enquanto Melina o sentava contra algumas almofadas em um dos sofás esverdeados do quarto, seus passos a levando para um guarda roupa feito com madeiras brancas, decorado elegantemente em seu redor o que provavelmente era ouro moldado em curvas e desenhos.

Os olhos azuis de Ambrosius brilharam intensamente ao perceber o que ela estava planejando. Seu corpo não contendo a excitação que crescia dentro de si e tentando expelir sua animação em pequenos pulos e abanos com suas mãos. Finalmente, depois de apenas um glance fora do palácio, iriam sair novamente!

Algo que Arlo notou, era que após ter sido reencarnado como um bebê, parecia que uma parte de seu cérebro estava crescendo juntamente ao seu corpo.

Seus movimentos e reações incontroláveis quando sentia alguma emoção forte. Algo que havia colaborado para sua expressão frustrada nas primeiras semanas. Porém, havia sido algo bom já que ajudava a tirar a atenção de algumas das servas que achavam a calmaria de uma criança de apenas alguns meses estranha.

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