Houve um tempo em que sua indecisão quase a fez desejar nunca ter pisado no Palácio Esmeralda.
A frustração de ser presa a uma bengala para realizar o simples ato de se locomover lhe trazia raiva, a cegando em piores circunstâncias. As primeiras semanas definitivamente definitivamente haviam sido as piores. Não conseguia dar apenas alguns passos até a porta de sua enfermaria, uma dor insuportável que descia de sua coluna até seus dedos.
Mesmo com as palavras de seu general, de que ela havia feito um sacrifício nobre, que seria lembrada por sua coragem, ela conseguia perceber as mentiras que saiam de sua boca perfeitamente. Sabia que havia se tornado inútil para as forças do império. Seria descartada.
Suas batalhas, os confrontos, as discussões que havia presenciado não valeriam de nada em meio às paredes de mármore que a cercavam. Afinal, do que serviria uma lâmina que havia sido quebrada?
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Havia encontrado algo após seu despejo. Uma chance, talvez, para ter os meios necessários de viver uma vida melhor. Claro, Melina havia sido recompensada livremente pelo seu tempo no exército. Porém, sua alma ainda desejava por algo que preenchesse o vazio que a falta da adrenalina lhe trazia. Uma moradia em algum lugar previlegiado não lhe traria descanso.
Um milagre talvez. Uma luz que havia surpreendido todos. Um herdeiro. Um novo sol. Uma esperança nasceria no império. Quando haviam pensado em desistir da esperança que o império teria um herdeiro após Claude, um homem forte, porém sem imperatriz ao seu lado para lhe trazer a diplomacia necessária. Suas concubinas fariam o trabalho pesado, trazendo uma nova vida a esse mundo.
Isis Sancerre. Sabia desse nome, havia sido a filha de um ducado, talvez? Isso explicaria o modo em como sua inclusão no harém imperial trouxe bastante rumores em meio a outros nobres e plebeus. Ela seria apenas um dos outros inúmeros rostos bonitos protegidos no Palácio de Rubi, e sua fama morreria. Já havia acontecido antes, porquê dessa vez seria diferente?
Exceto... Isis havia feito o impossível, pelo menos para aqueles que haviam aceitado a derrota em questionar o imperador sobre imperatrizes, ou pior ainda, herdeiros. Havia sido explícito a forma em que Claude reagia a tais questionamentos. Não foram bons destinos aqueles que tentavam ir contra seu reinado solitário.
Mas finalmente, um herdeiro. Ou herdeira, apenas o tempo diria. O fato era que as esperanças de uma nova geração haviam sido reinstituidas, fortificadas após a notícia que Isis havia engravidado.
Haviam certos rumores que Claude seria estéril, seu fruto não podendo gerar sementes. O que havia chateado muitas damas que desejavam ser incluídas em seu harém, e quase um sonho para muitos do ducado, que estariam fortemente preparados para ceder uma ou mais crianças para suprir tal título. Um sonho besta, se perguntasse diretamente a ela.
Mas mesmo assim, havia acontecido, e Melina tomou a chance que havia se apresentado para ela. Mesmo com sua perna, ela havia feito o suficiente pelo império para alguém como Claude a notar e a chance- ou ordem. Não sabia no momento.
A criança, pela surpresa de nenhum, nasceu sem alguma semelhança com sua mãe. Melina havia observado de perto seu nascimento, seu posto como guarda na porta do berçário lhe trazendo a chance de ver as parteiras, juntamente a Isis, trazer a criança que estaria em seus cuidados para o mundo.
Não havia sido uma boa visão.
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... Melina não conseguia negar. Talvez cuidar do Príncipe Ambrosius tenha lhe trazido algumas mudanças sem que houvesse percebido. Havia pensado que suas bordas eram afiadas demais para serem lixadas e se tornarem gentis com a criança. Sua antiga doutrina lutando contra um lado mais dócil que deveria adotar para cuidar, não apenas proteger.
