Meu corpo parecia pesado. O ar encheu meus pulmões assim como a agonia de sentir como se estivessem queimando.
Me virei para o lado com toda a força, caindo no chão nem notei os meus arredores, apenas o amargo e azedo que subia pela minha garganta e no final se encontrava com o chão.
Não havia comido nada, apenas uma espuma branca que parecia sair sem pausa.
Senti algo quente em minhas costas, depois uma grande mão veio a meu rosto, ajeitando meu cabelo prendendo ele atrás de minha cabeça. Tapinhas suaves acompanhavam a voz rouca e preocupada — Jovem senhorita, está bem?
Engoli o resto, e sem tirar meus olhos do chão acenei com a cabeça. Ainda estava aérea com tudo que tinha acabado de acontecer.
Uma hora eu estava na clareira, agora eu estava...
Levantei os olhos.
Era um quarto grande, como aqueles em séries medievais onde o rei e rainha dormem. As paredes grandes tinham rodapés em detalhes de vinhas, como uma espécie de roseira, havia detalhes sobressalentes que ali ficavam, e quando longe pareciam dentes. O mesmo resalte estava na moldura do teto também, as mesmas rosas dentadas.
As paredes lilás não pareciam ter sido judiadas pelo tempo, e sim cuidadas preciosamente dia após dia. Estavam quase me refletindo. O que me fez pensar sobre do que eram feitas as paredes. A janela era grande, muito grande. Feita de, acredito eu que de madeira, era dividida em várias secções que deixavam o sol passar para dentro e banhar por completo o quarto.
Me virei para a cama, ela também parecia maior que eu.
Uma questão de perspectiva, acabei notando que eu estava menor. Assim como uma criança. — Onde estou? — Puxei forças no meu estado completamente despedaçado pra falar algo. A sensação de enjoo havia diminuído um pouco e estava levemente ganhando a cor no rosto.
— Em casa, jovem mestra. — A voz novamente veio. Agora menos zoneada tomei ciência de que tinha outra pessoa junto a mim. Calmamente coloquei meus olhos sobre a senhorinha que insistia em me chamar de títulos.
Era uma moça bem velha, com cabelos grisalhos e sorriso gentil. Os olhos pequenos o suficiente para parecerem estar fechados o tempo todo, sobrancelhas acentuadas e finas, brancas como o cabelo assim também. O rosto estava levemente enrugado e na ponta dos dedos havia uma espécie de corda, a qual usou para prender meu cabelo e evitar que eu sujasse a mim mesma.
As roupas que estava vestindo não eram algo normal. Um daqueles conjuntos de vestido e acessórios que a faziam se assemelhar como uma das empregadas britânicas que o pessoal adora colocar em desenho.
Mas havia algo que me chamou mais atenção. Algo que me fez realmente focar e perder a noção do espaço.
Em sua testa havia duas lanças de marfim que miravam aos céus. Pretas como a noite eu perdi minha noção encarando os sulcos vermelhos que criavam um padrão deslumbrante.
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Horizonte de Evento
Science FictionEm uma sociedade onde grande magos são vistos como heróis, tecnologia lidera a vida das pessoas, o mundo já se adaptou ao apocalipse. Muitos anos a frente disso já estamos. O mundo não mudou tanto, agora se divide melhor entre os ricos, pobres e mis...