Capítulo VI: A guilda de aventureiros de Sinphonv

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— Iai? O que acha? Não é incrível?! — Ela sorria, não de um jeito comum e corriqueiro, mas de uma forma em que se sorri quando vemos novamente a pessoa a qual amamos verdadeiramente depois de tanto tempo longe. — Eu adoro vir aqui, aliás, estamos sem tempo! Vamos, precisamos correr antes que não sobre mais nada bom para a gente! — Ela novamente me segurou pelo braço e se pôs a me arrastar como uma criança ao atravessar a rua rapidamente antes que os carros cheguem perto o suficiente para impossibilitar a travessia.

Dessa vez eu apenas deixei que ela me levasse, embora ainda tentasse entender ao o que ela se referia sobre perder alguma coisa, de fato era estranho, mas eu não tinha muitas opções naquele momento, então apenas a deixei me guiar pelas ruas. As ruas eram tão diferentes daquelas que eu costumava ver na Terra e sinceramente isso era muito bom, afinal, ao menos para mim, eu sentia uma grande vontade de sair daquele tédio daquela cidade de concreto e cheia de barulho. Mas ainda assim era possível ouvir uma certa desordem na cidade, mas de um jeito organizado. As pessoas transitavam calmamente, sem aquela correria a qual eu estava acostumado nos meus dias lá; as calçadas pareciam maiores e sempre haviam muito cavaleiros; as carroças não eram muito frequentes, mas obedeciam a uma certa regularidade, geralmente transportando produtos e algumas armas medievais; as lojas pareciam nunca estarem cheias, mas ao mesmo tempo não eram vazias; as casas eram padronizadas, pelo menos na sua estrutura, mas sempre havia um resquício de singular nas faixadas ou em algum lugar mais específico, sempre de forma discreta, como se as pessoas quisessem esconder a sua identidade própria por algum motivo. Ao mesmo tempo que tudo parecia uma maravilha, era possível ver uma certa artificialidade nas feições de alegria das pessoas, quase como se todos fossem obrigados a isso, o que me deixava de certa forma desconfortável e me fazia refletir sobre até que ponto a perfeição é saudável.

Embora tudo fosse estranho, eu ainda seguia sem me importar muito. Eu realmente não me importava. Não com aquelas pessoas. Não com aquele lugar. Eu não sentia raiva alguma deles, nem me revoltava com o fato de ser tudo artificial demais. Apenas não sentia nada. Não queria mudar a vida deles.

Seus pensamentos se fundiam e se conflitavam imensamente em sua mente, Kazuki, não sabia discernir muito bem a realidade na sua frente. Talvez ele quisesse se forçar a ser frio a tudo aquilo ou apenas realmente algo em sua essência havia mudado por completo dentro de si.

Embora não quisesse admitir, Haru, se sentia deslocado, não que ele quisesse se sentir pertencente de alguma forma à alguma coisa ou lugar; pessoas ou funções, ele se sentia deslocado no sentido existencial, porém não depressivo; uma forma que apenas ele conseguia entender, mas não conseguia explicar para ninguém.

Pouco a pouco nós ficamos mais distantes da viela que estávamos de início. As ruas gradualmente pareciam estar mais movimentadas e a passagem de carroças também. Era possível ouvir um barulho de burburinho e alguns gritos de homens, porém não pareciam ser gritos de socorro, mas sim gritos de convocação.

Depois de um tempo, chegamos em uma longa rua que estava repleta de barracas e vendedores, bem como os compradores. Os vendedores gritavam, mas eu não conseguia entender o que eles diziam e muito menos o que os clientes falavam, era como se as vozes deles estivessem distorcidas e isso me deixou nauseado.

— O que eles estão falando? — Perguntei inocentemente para Safira.

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