Baile da Colômbia

Prólogo

Matarazzo.

Meus olhos fixos ao espelho na minha frente me dão a visão do cano da glock encostado na lateral direita da minha cabeça. Meu indicador faz menção de apertar, sem ter a coragem necessária pra isso. Puxo o ar novamente, deixando a brisa da pequena janela do banheiro bater no meu cabelo que chega até a altura do ombro, as marcas de hematomas por toda a extensão do meu rosto toma totalmente a atenção, que meus olhos cheios de vida um dia tiveram.

Aqueles que um dia minha mãe gostou. Aquela que me abandonou com esse cara pra fugir com a nova família, não estava pronta pra me ter, mas estava para ter outros filhos...

Ódio..
Raiva...

É tudo que eu sinto enquanto, o misto de sentimentos se misturam em uma vontade fudida de morrer, esse frenesi que permanece na minha mente como um demônio suicida pronto para entrar assim que há margem para uma pequena brecha, mínima que seja, ele martela e faz questão de falar que está aqui. Sempre vai estar, que meu lado obscuro está aqui porque eu mereço, que a culpa daquela morte foi minha.

Me sinto afogado no fogo do inferno com o próprio diabo apontando seu dedo do que eu realmente sou, uma praga.. indesejado. Que tudo que eu toco se desfaz. E essa mesma escuridão, tem me acolhido. Como uma mãe.. me abraça toda noite as três da manhã com uma coberta quente e um abraço que sinto que preciso. Poderia acabar com tudo agora, olhando meu reflexo sem vida, cansado de ser um fardo pra esse resto de família que eu tenho, mais algo me impede disso, algo maior que eu.

- INFERNO. - Grito, batendo o cano da arma diretamente na minha cabeça, diversas vezes sem ao menos sentir a dor.

Eu sou o que eles queriam que eu fosse, esse é o começo da minha vida ou o fim dela.