Baile da Colômbia

Nove.

" O rosto as marcas de uma vida dura que ele levou. - Branda Liberdade | Maneva. "

EVA

O vento de sua passagem por mim faz meus cabelos balançarem, cessando totalmente o sorriso que estava em meu rosto. Passo a mão rapidamente em meu braço em uma tentativa falha de acalmar meu coração, que doí, pontuando algumas pontadas leves. Passo a língua no lábio, vendo sua figura sumir cada vez mais na rua reta do beco, seus passos fundos ecooam bem levemente.

Forço meus pés a se moverem, seguindo a longos passos de distância atrás de sua figura, seus passos estavam cada vez mais longos e longe. Pela distância eu corria vez ou outra mantendo o andar rápido. Matarazzo bate sua mão em uma lixeira próxima, a levando diretamente ao chão, o barulho alto faz minha mão seguir rapidamente para o ouvido.

O medo de ir é grande, mas algo me chama pra você, como se fosse ímã, um ímã forte. Que mesmo se quisesse não se era possível voltar para trás. Indicando que era aqui que eu deveria estar, não em outro lugar, não em um outro encontro com alguém.

O beco escuro reflete calmamente sua sombra, com a claridade da parte de fora guiando cada movimento de seu corpo, semicerro os olhos e busca de conseguir ver melhor, de certa forma, suas ações, mantendo minhas mãos suadas e frias uma nas outras.

- inferno! - brada, me dando a certeza de sua voz áspera e fria, seguido de um barulho alto de algo indo ao chão. A parte mais escura não me deixa ver com clareza, mas assim que se faz presente o barulho de uma arma sendo engatilhada, meus pés se movem rapidamente sem que eu tenha controle do meu corpo.

O vento jogando meus cabelos para trás e meu coração acelerado, batendo tão forte quanto um relógio despertador no momento em que se tem que acordar. Paro em frente ao beco, olhando a arma apontada em sua cabeça, sob a lateral direita, seus olhos fechados fortemente fazendo uma fina marca de expressão. Minha cabeça luta, luta pra mim abaixar e simplesmente tapar os ouvidos, mas minhas ações são totalmente contrárias da vontade de arranhar inteira. Ergo minhas mãos, tocando gentilmente a sua, que mantém a pistola pressionada.

- Tá.. tá tudo bem. - Gaguejo, com minha voz soando quase que inaudível. - Está tudo bem, eu estou aqui pra você..

Seus olhos se mantém fechados, suavizando parte da sua expressão, mas que da margem novamente para a cara fechada em que estava, sussurrando algumas palavras inaudíveis, que nem se eu quisesse conseguiria ouvi-las.

- Vai embora, caralho. - Fecho meus olhos com força, o tom da sua voz sai alto, rude... carregado de ódio. Ele afasta a mão, levando novamente para lateral da sua cabeça, batendo a arma.

Uma...
Duas...
Três... vezes.

- Não precisa de disso. - seus olhos se abrem pra mim, seu olhar totalmente frio, levo a mão esquerda ao meu braço, esfregando ele rapidamente.

" os olhos, já não tem cor. O copo, o fogo que acalenta a dor. "

- O que tu sabe da minha vida Eva? - Abaixa a voz a cada palavra proferida, saindo sôfrega. Extremamente baixa como um pedido de socorro vindo do fundo da alma. - Tu não sabe nada, caralho, nada da minha vida fodida, eu te dei a opção de meter o pé, porque tu se intromete? - gesticula, com a arma.

" Verdades não se desfazem com o tempo. Escolhas podem te fazer detento "

- e..eu me importo com você. - falo mais baixo ainda. - Não sei o que você passou, não sei tanto da sua vida. - passo a mão no rosto, segurando a arma, tocando levemente sua mão, o metal frio arrepia meu corpo. - Mas desistir dela, não é a coisa mais fácil a se fazer. Suas escolhas são somente suas, eu sei. Mas vale a pena viver detento do seu passado ou tentar viver sua vida de uma forma diferente? Você tem pessoas por você, palavras eu sei que o vento leva e que ninguém vive disso, mas... eu quero tentar de alguma forma mostrar pra você que a vida pode ser boa, pode ser diferente, mesmo que por um segundo. Eu não sou a melhor pessoa pra isso. - falo rápido. - Mas me deixa tentar, se não der certo, eu..eu me afasto de você, como você quer! Mas só me deixa tentar, uma vez.

" Da alma, entorpecendo sonhos que um dia almejar ele ousou "

Seu olhar permaneceu no meu, fixamente, como se pudesse ser possível ele ver minha alma. A forma como ele me olha me causa coisas estranhas, desde as outras vezes que nos encontramos. Mas nessa, me passa um pouco de medo. Como se ele fosse um pitbull raivoso e eu algum animalzinho pequeno, como se sua vontade fosse me fazer ir embora e deixá-lo fazer o que estava disposto. Até onde ele estaria disposto a ir? É uma pergunta que não quero saber, que me sinto bem em ver que meu corpo reagiu a tempo, que mesmo estando totalmente incomodada consegui ficar por ele, mas porque? Será que estou tão apegada já assim?

São tantas perguntas, que a atual situação não me deixam falar, apenas quero ouvi-lo dizer, e se possível, o abraçar passando todo sentimento ruim que há dentro dele se esvair rapidamente de seu corpo, abrindo as portas para a felicidade entrar, para que ele consiga viver sua vida sem se martirizar por algo de seu passado.

Sua boca abre e fecha várias vezes, mantendo o silêncio entre nós. Somente abre e fecha os olhos, deixando eles encherem de água, sua mão se abre, deixando a pistola em minha mão, que sem nem precisar pensar duas vezes a jogo longe. Seus joelhos fraquejam, indo de encontro ao chão, com as mãos tampando seu rosto. Deixando exposta toda sua parte sensível, tudo que guarda.

Me ajoelho em sua frente, abraçando seu corpo com força, que não me abraça novamente de imediato, mas após algum tempo, me dá margem para entrar, para tentar trazer conforto de alguma forma.

" Mas um dia encontrará a paz "

Me mexo levemente incomodada, me acostumando com seu corpo bem próximo ao meu, sua cabeça para em meu ombro, com as gotas de suas lágrimas molhando a parte desnuda.

- Tu é luz pequena Eva, um anjo que não devia estar se afogando em mim. - murmura baixo. - Mas quando tu entrar, tu não vai poder sair..

- Eu não vou. - sinto a garganta seca, molhando meus lábios com a língua, passando ela entre eles.

- Minha pequena Eva.

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Oxe, olha quem apareceu!!?!

Não senti que vocês sentiram falta deles não em, a paz reinando entre esses capítulos, o que será que está faltando?