Dois filhos, uma tragédia

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Era um cenário devastador... não se tinha mais a grama verde, as abelhas voando, a brisa boa e as incríveis tulipas brancas que cobriam o vasto campo. Tudo realmente estava em ruínas! Campos, corpos e mente, todos arruinados.

Tinham várias pessoas lutando com espadas, machados, escudos e armaduras, protegidos dos pés à cabeça, só não conseguiam se proteger da morte.

O príncipe, que já estava cansado de empunhar aquela pesada espada, se perguntava qual o real motivo de tanta avareza dos reis que tinham uma linda amizade. Ele não queria vencer a guerra, mas temia seu pai e, por isso, obedecia fielmente.

A princesa, no entanto, queria fortemente ganhar essa luta e acabar logo com essa batalha vazia para poder correr para os braços de seu amado. Ela ansiava o dia do casamento que ainda nem tinha sido marcado. Admirava sua linda aliança todas às noites antes de dormir. Acreditava que, se um dos reinos ganhasse logo essa guerra, estaria livre de toda destruição desnecessária causada pelo orgulho desenfreado de ambos os reis.

Com sangue de várias pessoas em seu rosto, o príncipe avistou a princesa empunhando sua espada no peito de um dos seus soldados. Aquela cena que nem em seus piores pesadelos ele conseguia imaginar, estava se realizando e isso o fez perceber sua realidade. Em choque ele largou sua espada e perdeu o foco. "Tudo isso era realmente necessário?" Essa pergunta latejava em sua mente e, sem sua atenção no caótico cenário ao seu redor, o príncipe foi atingido pelas costas por uma espada "inimiga", A dor foi tanta que nem sua voz saia, seus olhos procuravam os da princesa e em sua mente a frase "eu te amo" palpitava. Antes de cair ao chão, em seu último suspiro, chamou o nome da princesa, que olhou na direção da voz que chamava seu nome quase que automático e não quis acreditar em que os seus olhos viam.

Soltando sua espada e gritando repetidamente o nome do príncipe ela correu em direção ao seu amado, que ainda tinha a espada "inimiga" atravessada em seu peito. Não conseguia ver mais nada além do príncipe no chão, o mundo não tinha som, cor ou sentido, parecia realmente uma eternidade esse pequeno percurso.

Quando finalmente alcançou o príncipe, ele já não tinha mais vida, seu sangue escorria para fora do seu peito, a princesa agarrava seu corpo ensanguentado e berrava sua dor. Todos ao redor, que antes atacavam sem ver e gritavam forte, largaram suas espadas e permaneceram em silêncio enquanto se ajoelhavam em respeito ao príncipe e a dor da princesa.

A princesa naquele momento sentia que sua vida não faria mais sentido, que não saberia viver em um mundo que ele não estaria. Ela pensou e sorriu.

- Eu estou com indo com você meu amor - segurou o rosto do seu amado. - Estou me agarrando fielmente à ideia de que, em nossa próxima vida, seremos finalmente felizes, você não vai precisar me esperar muito!

As pessoas a seu redor, com toda certeza, achariam essa ideia realmente exagerada, mas para a princesa aquela parecia ser a única opção de permanecer em paz. Então, com todo o seu amor e coragem, se desfez de sua armadura e abraçou o corpo quente do príncipe que ainda tinha uma espada em seu corpo, fazendo a mesma atravessa seu peito. Ela gritou, não pela dor e sim para se despedir de seu antigo corpo, da família e do que, um dia, foi seu lar.

A Primeira Tulipa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora