Athos Mazza - Coração de Gelo. Livro 1. ( RETIRADA SEXTA-FEIRA, DIA 27/10/2023)

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Romão

Como descrever o que estou sentindo agora? Me pergunto quando ela se deita na minha cama e aconchega a sua cabeça no meu peitoral, e para piorar a sua mão se apalma no meu abdome enquanto meus dedos fazem carinho nos seus cabelos levemente úmidos. É simplesmente arrebatador, ou deveria dizer avassalador, ou quem sabe incontestável. Talvez tudo isso junto e misturado. É um rebuliço tão grande que fica difícil até de respirar. Então a realidade cai como uma enorme pedra brutal sobre a minha cabeça. Não é apenas uma fascinação, nem mesmo simples admiração. É amor. Deus, eu amo essa mulher com todas as forças do meu corpo desde a primeira vez que a vi bem na minha frente e como explicar isso? Sério, não existe uma explicação lógica para tal sentimento. Ela estava totalmente quebrada e de certo ainda está. Lembrar da maneira como ela chorava nos braços do meu amigo, dos seus soluços desesperado ainda me machuca de alguma maneira. Como é possível que ela tenha penetrado o meu coração quando eu nem percebi isso?

E você achando que era impenetrável. Bufo em pensamentos.

... Vai agora para o apartamento da Barbara!

... Só a mantenha segura, Romão por favor.

... Athos, não havia ninguém naquele apartamento.

... Sim, havia.

... Eu vi nas câmeras.

— Que merda está acontecendo? — sussurro soltando o ar com força e cuidadosamente saio da cama para ir me sentar em uma poltrona, e fico lá apenas a observando dormir tranquilamente por horas a fio. — De quem eu tenho que te proteger e por quê?

A noite passa como um vento e quando percebo o sol já começa a lançar seus primeiros raios nas nuvens semiescuras. Decido ir para a cozinha preparar um café da manhã. É isso ou pirar com essa enxurrada de perguntas sem respostas. E quando o sol já está alto, percebo que tenho um farto café da manhã exposto em cima do meu balcão. Um movimento sutil na entrada da cozinha me chama a atenção e o meu coração quase sai pela boca quando a vejo usando apenas a minha caminha de botões e logo ela caminha descalça na minha direção. Engulo em seco quando uma certa parte do meu corpo começa a ficar em alerta e sinto a porra do meu rosto arder com se eu fosse a droga de adolescente.

Por Deus, se contenha homem! Me repreendo.

— Bom dia! — Ela dia ainda com a voz rouca de sono e eu posso afirmar que esse som rouco só piora a minha situação.

Vamos lá, Romão, você tem o controle, não o perca por nada desse mundo.

— Bom dia! — Me forço a dizer com um tom firme na voz.

— Hum, esse cheiro está maravilhoso! — Ela comenta à medida que fecha os olhos e aspira o aroma dos alimentos.

— Sente-se e coma um pouco. — Pois é, não consegui evitar um certo tom rude na minha voz.

— Ah, eu acho que vou tomar um banho primeiro. — Barbara pensa em se afastar e o meu coração dispara de ansiedade por isso.

— Bobagem, Barbara, eu sei que você não comeu nada na noite passada. Sente-se e coma algo, depois você toma um banho. — Ela força um sorriso, assente e se acomoda em um dos bancos altos.

— Você quem fez tudo isso?

— Eu fiz — digo cheio de mim e em troca recebo um sorriso pequeno e um par de olhos curiosos.

— De que horas acordou?

— Na verdade, eu não consegui dormir. — Então ela engole o sorriso que mal se abriu e na sequência engole em seco.