Bubblegum

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Domingo, Japão.



Era considerado um milagres finais de tarde como aqueles: Gojo deitado em sua cama apenas escutando os alunos conversarem no dormitório ou os pássaros se recolhendo com seu bando. Pela janela conseguia perfeitamente notar o sol timidamente escondido atrás da nuvens enquanto emerge no horizonte, dando ao céu tons de laranjas misturados com o azul escuro da noite, era algo lindo e hipnotizante de se ver.


E foi ai que lembrou-se de um antigo hobby que acabou-se se perdendo com a falta de tempo e viagens cada vez mais longas e cheias de trabalhos nada divertidos. Em sua adolescência adorava tirar fotos na câmera Polaroid e guardar em pequenos álbuns cada um com sua categoria: Amigos, cidade, parques, praias e...um em especifico no qual se recusava a lembrar, ou melhor, o coração doía somente de pensar na primeira letra.


Se levantou rapidamente pois não queria perder aquela paisagem linda, deixou de lado o óculos escuro e ficando parado na frente do guarda-roupa, tinha certeza absoluta que ela estava em algum lugar ali junto com cartuchos, sempre deixava dois a mais caso algo acontecesse. E dito e feito, após jogar algumas roupas e outras caixas menos importantes no chão de madeira, pegou uma caixa escura com uma escrita quase que apagada e toda empoeirada na qual minimamente conseguia ler ''NÃO TOQUE'', e só de ler aquela frase clichê de todo adolescente já tirou a conclusão que aquela era a que estava procurando. Sentou-se a beira da cama e deixou a tampa de papelão ao lado enquanto revirava por completo o objeto, havia alguns colares, anéis e tickets de parques de diversões que sempre enchiam as praias do Japão no final de ano. Também havia os álbuns de fotos, mas, nada da maldita câmera, foi ai que no fundo da caixa havia somente um álbum que o fez disparar o coração e sentir um trancão no próprio corpo.


''My one and Only''


Engoliu seco e arregalou os olhos, tinha certeza de que havia-o escondido tão bem que nem mesmo os alunos iriam conseguir achar de tão curiosos que são. Sua consciencia estava no exato momento dividida em duas: Abrir e deixar-se levar pela emoções ou fingir que nada aconteceu e continuar procurando a câmera. E claro que o de cabelos brancos escolheu a primeira opção, e, não que fosse fugir dela, seu corpo automaticamente iria escolher relembrar daquela época.


Assim que abriu os dedos dedilhavam as paginas com fotos coladas e pequenas descrições como horário, dia e lugar. Todas as fotos eram somente de Suguru Geto, sem nenhuma exceção. Havia fotos do mesmo lendo, escrevendo, treinando, brincando com alguns gatinhos de rua e até mesmo se arrumando logo pela manhã. Gojo adorava pega-lo desprevinido e ficava extremamente chocado como o mesmo era fotogênico e não saía ruim em nenhuma. No final do album havia algumas fotos juntos, todas com enormes sorrisos que o mais velho sentia falta...sentia falta de sorrir assim, verdadeiramente.


Na tentativa de espalhar e mandar os pensamentos para longe deu uma pequena chacoalhada na cabeça e se levantou para arrumar as caixas e voltar ao que estava fazendo, mas, se não fosse emoções suficientes para um final de dia, notou que caiu um pequeno envelope do album em suas mãos, e que mesmo afastado conseguiu ler perfeitamente e saber de quem era aquela caligrafia.


''Para você, Satoru.''


Jogou o álbum longe e agarrou o papel, abrindo-o rapidamente enquanto voltava a se sentar na cama de solteiro já desarrumada. Os olhos já marejados começavam a explorar todo conteúdo do que aparentemente seria uma carta de seu melhor amigo, as mãos tremulas tentavam ao máximo deixa-las paradas para conseguir ler.


'' Querido SatoruCreio que você vai demorar para ler esta carta ou ao menos eu desejo isto, muita coisa está para acontecer e eu realmente não faço ídeia do que será do nosso futuro, mas, peço que quando ler ela, você não se sinta arrependido muito menos triste.


Gojo, há muito tempo eu venho me pegando te olhando, mas, não daquela forma que estamos acostumados a encarar um ao outro, mas sim de admiração. Eu poderia passar horas apenas te olhando fazer as coisas desde as mínimas como treinar, ler e até mesmo dormir durante as aulas, ou até as coisas mais intensas como treinos e ver você irritando os novatos.


Te observar se tornou um hobby no qual eu não gostaria de me apegar, mas isso foi inevitável de acontecer. Mas quando eu vi seu álbum de fotos no qual você guarda com tanto cuidado eu notei que você também gosta de fazer isso, mas de uma forma diferente. Até nisso somos parecidos, não é?


Mas tudo isso é...novo pra mim? Não consigo lhe explicar com palavras pois são sentimentos que eu jamais saberia as sensações ou imaginaria que algum dia iria sentir. Ainda mais por você, Satoru.


Lembra naquele dia no qual fomos para o parque e ficamos presos na roda gigante por quase uma hora no topo? De toda a paisagem da cidade eu só conseguia prestar atenção em seus olhos azuis que destacavam-se nos neons do lugar. Você disse que queria parar no tempo e eu compartilhava do mesmo desejo, eu só queria ficar para sempre contigo.


Satoru, em nenhum momento eu imaginei que iria dizer isso...eu amo você mas...sinto que não devo lhe dizer isso, por favor, peço que não se sinta culpado, você não tem culpa alguma. Me desculpa por não ter te beijado, mas era obvio que queriamos isso. Espero que possamos continuar juntos e nos observando cada um da sua forma.


Com amor, Geto Suguru.''


As costas deitaram de imediato no colchão macio e as costas da mão direita foi em direção ao olhos que abandonavam lagrimas de tristeza, desespero e...amor. É, era isso que o coração de Gojo sentia naquele momento, ou melhor, era o que sentia por Geto.


Se amaldiçoava de todas as formas pela humanidade ter construído tantas coisas, menos, a mais importante, uma maquina que o fizesse voltar no tempo.-É...Sinto que lhe devo desculpas também por não ter feito isso, Suguru.

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I wish i could live without you...but you are part of me (satosugu)Onde histórias criam vida. Descubra agora