Através..

Cap IV - A nossa despedida começa aqui.

Depois de muito pensar, cogitar, repensar e analisar, cheguei a uma breve conclusão.

Eu quero ir para Hollywood.

Eu quero sair daqui.
Quero mesmo.

Uma vez, em algum lugar, eu ouvi a frase:
"Se algo, um lugar ou alguém, não te faz bem, tire-o da sua vida ou se retire desse lugar."

Isso é completamente verdade.
Essa cidade, essas pessoas, essa escola, essa casa..
Nada aqui me faz bem.

Tudo aqui me consome.
Me mata.

Cada pedaço da mansão Carrington tem alguma lembrança oculta.
Lembranças de risos e felicidade, que eu recordo em meio as lágrimas e com uma dor no peito.

Penso que seria bom apenas ir..
Deixar tudo aqui.

Começar do zero. Reiniciar.

Criar uma nova versão..
Alguém que eu queira ser..

Uma versão mais forte, resistênte.

Apenas esquecer, por agora e um tempo..
Tentar viver sem o peso de ter o meu sobrenome.

Então, decidi fazer o seguinte..

Eu vou fazer a audição pra entrar na Hollywood Arts..
Se me aceitarem, eu fico lá.
Se não, eu volto pra casa.

Eu prefiro me arrepender de fazer, do que passar o resto da vida pensando no que poderia ter acontecido se eu tivesse feito.

Mas, não depende só de mim.
Eu preciso conversar com duas pessoas ainda.
Blake e Suzan.

Estou deitada em minha cama, assistindo uma série de televisão, mas pauso ao ver Steven entrar no quarto, após bater na porta.

— Oi.. – ele diz, e com um gesto, peço que ele entre. – Eai.. como você tá!?

— Ah, tô.. bem. Eu acho. – A segunda parte, digo em um tom mais baixo.

Ele para, e cruza os braços.
Seu olhar está repleto de expectativa.
Eu sei exatamente o que ele quer saber.

— O que é? –

— Como assim o quê? Eu vim saber o que você decidiu. Como foi a conversa com a Suzan?

— Ah, foi.. – pauso, ao perceber. – Espera aí, como você sabe que liguei?

— An? Quê? – ele se faz de desentendido, e eu viro meu olhar ameaçador para ele.

— Ela te falou, né!? Vem cá, como isso aconteceu?

— Isso o que? – ele se senta na cama.

— Você e ela. Esse complô. – ele ri.

— Ah, você sabe.. minha irmã se rebelou, aí eu tive que arranjar um plano B.

Reviro os olhos.

— E qual era o plano A?

— Era.. fazer um plano B. – quase me engasgo com a água que eu estava bebendo, rindo sutilmente. – Você tá fugindo da minha pergunta! O que você decidiu? Você vai?

— Quando você vai? Pra onde você vai? Com quem? Porque? Você que está me devendo mais respostas. – retruco. E ele está certo, eu estou fugindo da pergunta.

— Se eu responder, você responde?

— Talvez.. fala logo.

— Eu vou daqui algumas semanas; Vou pra Paraguai; Vou sozinho, mas vou encontrar um amigo lá; Vou porque quero experimentar coisas novas e sair da mesmice de Atlanta.